Após o episódio do estudante alagoano Luís Felipe, portador de hidrocefalia que tirou zero na redação do Enem, ganhar destaque na imprensa, a discussão sobre a situação do ensino inclusivo passou a ser debatida e levantou várias questões relacionadas às reais condições enfrentadas por pessoas com necessidades especiais que decidem estudar.
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O desabafo da mãe de Luis, onde ela dizia que a nota zero tirada na prova de redação do último ENEM pelo jovem tinha sido "desumana", tocou a muitos e expôs as dificuldades em se obter o direito e acesso ao mínimo de condições para que essas pessoas frequentem a escola.
Há pouco mais de 10 anos, o sistema educacional brasileiro abrigava dois tipos de serviços: a escola regular e a escola especial - ou o aluno frequentava uma, ou a outra. Na última década, no entanto, o sistema escolar modificou-se com a proposta inclusiva e um único tipo de escola foi adotado: a regular, que acolhe todos os alunos, apresenta meios e recursos adequados e oferece apoio àqueles que encontram barreiras para a aprendizagem.
A inclusão, no entanto, parece acontecer de maneira lenta. "Ainda estamos longe de ter uma educação inclusiva que funcione de verdade em Alagoas", afirma a pedagoga Maria Dieldja Venâncio de Oliveira Omena. "A dificuldade começa com o despreparo dos professores e vai até a falta de estrutura, principalmente do Ensino Público", explicou.
A Educação inclusivacompreende a Educação especial dentro da escola "normal", transformando o ambiente em um espaço acessível a todos. Ela favorece a diversidade na medida em que considera que todos os alunos podem ter necessidades especiais em algum momento de sua vida.
"Pessoas com necessidades especiais ligadas a limitação mental carecem de acompanhamento e avaliação especializadas, além da presença constante de um auxiliar de disciplina, que ajudará no aprendizado", observou Maria Diedja.
O Governo Federal, por sua vez, promove cursos de especialização e agrega um incentivo financeiro aos professores que decidem se aprimorar na área. "Mesmo assim, muitos se recusam a oportunidade com a justificativa de que não vale a pena financeiramente", observou a pedagoga.
Em contato com uma professora que leciona na rede estadual, que teve sua identidade preservada pelo TNH1, a docente explicou que sua profissão já é cansativa, por natureza. "Isso só iria nos sobrecarregar ainda mais, e sinceramente, não vale a pena", opinou a docente.
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