Em junho de 2010, algumas cidades de Alagoas foram devastadas por uma enchente. À beira do Rio Paraíba, a cidade de Quebrangulo, no agreste alagoano, foi uma delas. Além dos danos materiais sofridos por seus moradores, a comarca teve cerca de 70% dos processos, que eram físicos, danificados pela cheia do rio.
LEIA TAMBÉM
O servidor Quéops de Barros Lima se lembra bem desse acontecimento. Segundo ele, a água invadiu todo o prédio, danificando mais de 800 processos, que levaram meses para serem recuperados. “A gente teve que levar esses processos para Maceió, para enxugar e digitalizar. Então, a gente aproveitou e já digitalizou todos os processos da comarca”, contou.
Na época, o juiz João Paulo Martins, hoje titular de Porto Calvo, atuava pela unidade. “Eu saí do Fórum na sexta-feira daquele dia com um número X de processos e no sábado a cheia ocorreu. Na segunda, eu não tinha nem metade, tinha 30% dos processos porque eram físicos”, relembrou.
O juiz contou ainda que após o acontecimento permaneceu mais um ano na Comarca e, quando saiu, ainda estavam recuperando alguns processos. “E muita coisa não conseguimos recuperar, os processos tiveram que ser reiniciados. Processos que tramitavam há um tempo razoável e isso demonstra, mais uma vez, que isso não pode acontecer com o digital”, destacou.
Virtualização e seus benefícios
Além de evitar os danos físicos, a virtualização dos processos traz outras vantagens, como explica o juiz Ewerton Carminati, responsável pela Comarca de Quebrangulo, que hoje tem 100% de seu acervo virtualizado.
“Sem dúvida nenhuma traz muitos benefícios, não só para a atuação do magistrado, mas para a vara, enquanto unidade judiciária, e para as partes também. Em relação às partes, ele é mais vantajoso que o processo físico, porque permite a intimação simultânea de todos aqueles que estão envolvidos. Em relação à gestão da vara em si, também é muito benéfico, porque permite o maior controle, tanto do magistrado, quanto do escrivão, no andamento dos processos”, explicou Carminati.
O juiz lembrou ainda da facilidade de poder acessar qualquer processo, de onde estiver, desde que haja internet. “Às vezes, surge uma urgência, alguma situação que foi protocolada fora do expediente forense e que, justamente por conta da urgência, a gente tem que decidir no mesmo dia, às vezes até de noite, se for o caso. Com a internet, você pode acessar esse processo em qualquer lugar em que você esteja”, destacou.
“A gente está aqui na beira do rio Paraíba, Deus queira que não aconteça outra enchente, mas se chegar a acontecer, não vai ter mais o problema de molhar os processos”, finalizou o servidor Quéops Lima.
Outros casos: virtualização evita danos durante incêndio, em Murici
No dia 15 de abril de 2017, a Comarca de Murici foi atingida por um pequeno incêndio.Na época, a unidade já possuía 98% dos processos virtualizados, mostrando, mais uma vez, que, além de promover celeridade, o procedimento evita danos físicos e prejuízo para o Judiciário e jurisdicionados.
Atua na unidade a juíza Emanuela Porangaba, que destacou, já naquele período, a importância da digitalização dos processos.
LEIA MAIS
+Lidas