"Os seguranças montaram uma barreira na entrada dos sanitários, e disseram que o dono do estabelecimento não permitia que mulheres transexuais usassem o banheiro feminino", O relato é de Rebecca, de 23 anos, mulher trans que foi impedida de usar o banheiro feminino, durante o evento Miss e Mister Alagoas 2022, que aconteceu nesse último domingo, 28, em Arapiraca. O atitude dos seguranças que se caracteriza como transfobia foi registrada e publicada por Rebecca em suas redes sociais. Ela ainda relata que, na tentativa de denunciar a agressão à sua dignidade, teria ligado mais de 25 vezes para a Polícia Militar de Alagoas, porém não foi atendida.
Rebecca é moradora do município de Dois Riachos, no interior de Alagoas. Emocionada durante entrevista ao TNH1, na tarde desta terça-feira, 30, ela disse que foi ao evento após ser convidada por uma amiga, e que nunca havia passado por algo semelhante.
" Eu estava no evento com uma amiga, sendo convidada por ela. Em um determinado momento do evento, resolvemos ir ao banheiro feminino, quando na saída do banheiro, um segurança nos abordou e disse que eu não poderia usar aquele banheiro em específico. Nesse momento, eu ponderei o segurança, e voltei para o evento. Porém, na segunda vez que eu quis ir ao banheiro feminino, me deparei com mais de cinco seguranças na porta do local, que ficaram me olhando quando eu fui em direção aos sanitários. Quando eu saí de dentro do banheiro, eles me abordaram novamente e disseram que o dono do local não permitia que pessoas transexuais entrassem no banheiro feminino".
Rebecca conta que pensou em pegar o microfone usado na divulgação do evento para expor o caso, mas que o medo de acontecer algo pior a intimidou. "Eu e minha amiga fomos tirar satisfação com os seguranças e procuramos o dono do local, porém não conseguimos localizá-lo. Em seguida, ligamos para a Polícia Militar mais de 25 vezes, e também não fui atendida".
Veja o vídeo do momento em que Rebecca é abordada pelos seguranças durante ida ao banheiro feminino do evento.
Rebecca finaliza a entrevista falando da imensa tristeza após o acontecido. Segundo ela, a Justiça alagoana já foi acionada pelo seu advogado para apurar o caso e punir os responsáveis.
"Qual o meu sentimento? O meu sentimento é de tristeza profunda... sabe (Rebecca se emociona). Eu nunca imaginaria que isso aconteceria comigo. Ainda tenho medo por tudo o que aconteceu. Por isso fiz o desabafo nas minhas redes sociais.
Rebecca, em foto publicada nas redes sociais
Em nota publicada nas redes sociais, a organização da casa de evento disse que jamais orientou os seguranças do local para praticar qualquer tipo de ato discriminatório. Veja a nota, abaixo.
Também em nota publicada nas redes sociais, a coordenação do Miss e Mister Alagoas 2022 repudiou o caso e disse os profissionais não receberam nenhuma orientação para atos de tamanha intolerância. Veja:
A reportagem do TNH1 entrou em contato com a assessoria de comunicação da Polícia Militar de Alagoas, e foi informada que desde a última semana a linha 190, responsável por atender os chamados de ocorrência, está apresentando problemas. Veja a nota.
A Polícia Militar de Alagoas informa que possui equipes disponíveis 24 horas para atender demandas da população.
Além do número 190, a Central de Arapiraca recebe ocorrências pelos telefones 3521-3051 e 3521-3084. A Corporação esclarece que desde a semana passada, a linha 190 vem apresentando problemas já relatados à Operadora responsável.
Desde a manhã de hoje, equipes da operadora Oi estão trabalhando para solucionar o problema.
Transfobia é crime - Transfobia é uma ato de preconceito, discriminação, intolerância ou violência contra pessoas transgênero. Em 2019, o STF (Supremo Tribunal Federal) enquadrou transfobia na lei dos crimes de racismo. A pena prevista é de um a três anos, podendo chegar a cinco anos em casos mais graves.
