A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL) está acompanhando mais uma denúncia de violência policial no Estado. O caso teria ocorrido no último mês de fevereiro, porém a vítima só teve coragem de denunciar as agressões recentemente, em meio à repercussão de ocorrências similares de abordagens violentas em Alagoas.
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A vítima, um comerciante que estava em seu bar, localizado na parte alta de Maceió, informou que um de seus funcionários estaria sendo abordado de forma truculenta por policiais da Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam) da Polícia Militar (PM). O empresário teria se deslocado até um posto, onde teria acontecido a abordagem. Ao chegar ao local, ele tentou argumentar com os policiais que o rapaz trabalhava em seu estabelecimento. O comerciante relatou que desde o início das conversas os policiais o trataram de forma intimidadora.
O comerciante revela ainda que resolveu tirar uma foto da viatura e que, então, um dos policiais começou a questionar se ele estaria filmando a situação, mandando a vítima desbloquear o celular. Quando isso foi negado, um dos policiais teria agredido o rapaz, jogando o aparelho no rosto da vítima, que ficou ferida. Os familiares do empresário, que foram ao local, reagiram à situação. Todos denunciam terem sido recebidos de forma truculenta e abusiva. O pai da vítima relata que foi agredido com chutes e saiu ferido do local. Tanto o empresário como seu pai foram algemados e detidos.
Durante o trajeto até a Central de Flagrantes, segundo eles, os militares continuavam a intimidação. Segundo a vítima, o motorista do carro acelerava e fazia manobras com o intuito de machucar quem estava na parte traseira da viatura. As vítimas conseguiram recuperar imagens das agressões, através do circuito de câmeras de segurança do posto em que a confusão aconteceu.
Veja os vídeos:
A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos encaminhou a denúncia ao Ministério Público, à Corregedoria da Polícia Militar e à Delegacia Geral da Polícia Civil para que sejam feitas as medidas cabíveis. A OAB Alagoas segue apurando e acompanhando o andamento da situação.
Mayara Heloise, vice-presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, destacou a importância do acompanhamento e da cobrança das medidas cabíveis nesse caso e nos demais que já foram relatadas em 2022 “Nós estamos acompanhando o BGO que foi aberto na Corregedoria, e estaremos ao lado do denunciante nas oitivas. A comissão vem realizando um serviço de assistência e acolhimento às vítimas que sofreram violência. Nós disponibilizamos atendimento psicológico gratuito, quando existe o interesse das vítimas. Estaremos acompanhando os procedimentos seguintes e cobrando as providências dos órgãos cabíveis”, afirmou ela.
Em maio deste ano, a OAB passou a disponibilizar atendimento psicológico para as vítimas de violência no estado. Estão sendo atendidas diversas vítimas de violência que relataram ocorrências para as comissões da OAB. No local é feita uma triagem com as vítimas e seus familiares e, com base na avaliação prévia, as vítimas têm os atendimentos agendados. A OAB Alagoas já registrou 27 denúncias de violência policial em 2022.
Militares seriam os mesmos denunciados em suposta violência policial a um casal no Benedito Bentes
De acordo com o presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da OAB-AL, Dr. Roberto Moura, alguns policiais que foram denunciados pelo comerciante seriam os mesmos que foram denunciados por um casal após suposta agressão policial, no dia 05 de agosto, no bairro do Benedito Bentes, em Maceió.
"Ao menos dois policiais, que apareceram nas imagens e participaram dessa ação truculenta contra o comerciante, seriam os mesmos que estiveram em um ação que resultou com outra denúncia de violência doméstica no começo de agosto, no bairro do Benedito Bentes, em Maceió. Também é o mesmo grupo policial, no caso, a Rotam. Além disso, tivemos outras denúncias de ações do grupo que aconteceram de forma truculenta e que foram repassadas para a corregedoria da PM, porém, não identificamos quaisquer punições nesses tipos de casos", explicou
A reportagem do TNH1 entrou em contato com a assessoria de comunicação da Polícia Militar de Alagoas, mas até o fechamento dessa matéria não houve resposta.
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