Após Venezuela e Moçambique deixarem de pagar R$ 1,5 bilhão por obras e serviços, o governo brasileiro tenta mobilizar sua base aliada no Legislativo para que o Congresso aprove a inclusão no Orçamento de cerca de R$ 1,3 bilhão necessário ao fundo garantidor de exportações para pagar financiamentos do BNDES e do Credit Suisse.
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"No momento da exportação, existe o fundo garantidor que garante que os bancos podem operar essas exportações e, em caso de não pagamento, o fundo garantidor paga. O não pagamento teria consequências completamente indesejadas. O Brasil se tornaria inadimplente. Temos necessidade de fazer este pagamento para que continuemos gozando da real condição de bons pagadores", disse nesta quinta-feira (26) o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo).
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB-RR), disse que o fundo garantidor não tem recursos para esse pagamento.
"Portanto, nós vamos ter que, pelo governo brasileiro, por uma questão de Estado, fazer o pagamento ao Credit Suisse e ao BNDES", disse Jucá em nota.
O presidente Michel Temer reuniu líderes de parte de sua base aliada nesta manhã para pedir que eles mobilizem suas bancadas para que apareçam em Brasília na quarta-feira (2), quando está marcada sessão do Congresso para votar o projeto que, se aprovado, garantirá os recursos para evitar que o Brasil se torne devedor.
Com o feriado do Dia do Trabalhador na terça-feira (1º), no entanto, havia a expectativa de que Câmara e Senado ficassem esvaziados durante toda a semana, já que não é comum haver atividades nas quintas e sextas-feiras.
Apos a reunião, Marun convocou a imprensa para explicar a situação do governo, que tem que efetuar o pagamento de ao menos R$ 1 bilhão até o dia 8 de maio.
"Há recursos, mas não previsão orçamentária", disse Marun, sem detalhar de onde virá o dinheiro para pagar o calote nem quais foram as obras e serviços.
"Esses recursos são do fundo garantidor que é uma operação do governo com recursos para garantir as exportações. É muito importante que haja a dotação para que o Brasil não fique inadimplente, para que tenhamos a condição de cumprimento de Estado. Caso não honre, o Brasil fica inadimplente perante o sistema financeiro internacional, o que é uma sinalização muito ruim", afirmou Jucá.
O projeto que será encaminhado ao Congresso deve ser apresentado até esta sexta-feira (27).
Segundo Marun, a maior parte da dívida é da Venezuela, US$ 270 milhões (cerca de R$ 950 milhões).
Em janeiro, a Venezuela havia pagado parcela de US$ 262,5 milhões da dívida vencida em setembro com o Brasil evitando assim formalização de calote.
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