A conservação correta dos alimentos durante o verão é fundamental para garantir a segurança alimentar e a saúde. As altas temperaturas típicas dessa estação favorecem a proliferação de microrganismos, como bactérias, que podem causar intoxicações alimentares.
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“No mercado, dar preferência por levar logo para casa e guardar primeiro o que é refrigerado. Na hora de manipular um alimento, ter sempre as mãos muito bem higienizadas. E também evitar comer alimentos crus nessa época”, explica Vitória Alves Ribeiro, professora de Nutrição da UniSociesc. Os microrganismos se desenvolvem em temperaturas entre 5 °C e 60 °C, ou seja, o risco reduz a zero quando o alimento é cozido e atinge uma temperatura maior que essa.
Vitória Alves Ribeiro ressalta também os cuidados necessários ao se alimentar fora de casa, naquelas barraquinhas de ambulantes ou locais montados esporadicamente no verão, especialmente na praia. Por vezes, o profissional não tem o conhecimento técnico e a estrutura adequada para cozinhar, podendo colocar em risco a saúde dos clientes.
“É importante observar o local. A pessoa que está trabalhando usa uniforme? Você consegue identificar cuidados com a higiene? Como é o local por dentro? Tem geladeiras para armazenamento dos alimentos? Como é feita a manipulação dos itens? Para sucos e drinques, verificar se o preparo é com água mineral. Mesmo que seja uma barraquinha, por exemplo, precisa seguir regras e ter alvará”, orienta.
O verão é marcado por praias lotadas e, neste período, muitos banhistas optam por se alimentar na própria areia. Conforme Vitória Alves Ribeiro, o ideal é levar opções de não perecíveis, que não precisam de temperatura adequada para serem armazenados e têm menor chance de contaminação por bactérias. Entre as opções estão barras de cereais, biscoito integral, frutas e, claro, garrafas de água. De qualquer forma, os produtos devem ser colocados em uma caixa térmica para se manterem higienizados e conservados.
Marina Koffke, também professora de Nutrição na UniSociesc, segue na mesma linha de pensamento para alimentação na praia. Ela expõe que os riscos de contrair doenças transmitidas por alimentos e água no verão são elevados. A educadora ressalta a importância do básico, mas também saber fazer escolhas corretas.
“Se optar por pedir bebidas, alimentos ou petiscos em barraquinhas de praia, é preciso estar preparado para evitar possíveis riscos. Olhe a limpeza de panelas, eletrodomésticos, pia, balcão e o próprio piso. Evite consumir molhos, patês, maionese e frituras pré-preparadas, pois estes oferecem um risco maior de contaminação. Ver se as garrafas ou latinha de bebidas estão com o lacre intacto e dentro do prazo de validade”, sugere.
Já em relação aos ambulantes, Marina Koffke ainda pontua a necessidade de verificar se eles apresentam identificação, e a priorização deve ser optar por alimentos embalados e transportados em bolsas térmicas. “O ideal é evitar consumir em locais suspeitos e a melhor forma é levar o próprio lanche, que você sabe como foi preparado e embalado. Podendo, inclusive, fazer escolhas alimentares melhores”, salienta. Se as crianças quiserem consumir um picolé, por exemplo, o recomendado é optar por opções de frutas bem embaladas. Se for comer milho-verde, melhor a espiga.
Ao sair para fazer compras no supermercado é preciso também ter atenção e criar consciência sobre os melhores caminhos nos corredores. Por exemplo, é recomendado que os alimentos refrigerados, como carnes e frios, sejam colocados por último no carrinho de compras. Ao chegar em casa, o cenário se inverte, sendo que eles devem ser os primeiros a ir para a geladeira.
O armazenamento dos itens também deve ter padrões corretos. As sobras de alimentos já preparados, por exemplo, devem ser guardados em potes de vidro ou plástico em vez de mantê-los dentro de panelas na geladeira, sendo colocados sempre na parte superior do aparelho, que é onde a temperatura está mais alta.
Ao preparar a comida, as professoras Vitória Alves Ribeiro e Marina Koffke recomendam evitar tábuas de madeira ou plástico, já proibidas em restaurantes e que tendem a ficar mais contaminadas. Além disso, é fundamental lavar os produtos, principalmente frutas e vegetais. A opção mais interessante é deixá-los de molho com uma solução de hipoclorito.
“É possível utilizar a solução de hipoclorito de sódio e água filtrada. Deve-se usar uma colher de sopa de hipoclorito para um litro de água, deixar de molho por 15 minutos e enxaguar bem depois. Carnes e peixes precisam estar bem gelados e acondicionados em recipientes próprios”, sinaliza Marina Koffke.
A aparência é o principal sinal de alerta para quando você deve evitar comer algum item. As carnes, por exemplo, tendem a ficar mais escuras. Já as frutas e verduras ficam visualmente indesejadas. O odor ruim também é uma ferramenta básica para entender a qualidade do alimento.
“Muita gente gosta de consumir peixes quando está próximo da praia. Neste caso, na hora da compra, atenção para os olhos do peixe. Eles devem estar sempre mais brilhantes. Se estiverem opacos é sinal de que o peixe não está legal. Outra opção é apertar com os dedos para ver a rigidez, e o cheiro não pode estar muito mais forte que o normal”, destaca Vitória Alves Ribeiro.
Teoricamente, a água que recebemos em casa é para estar limpa e potável. Afinal, ela recebe tratamento nas estações e deve chegar à nossa torneira pronta para o consumo. Na prática, porém, isso nem sempre acontece. Isso porque, durante o trajeto até o copo, o líquido passa por centenas de tubulações e fica armazenada na caixa d’água das casas e prédios, que devem ser higienizadas ao menos uma vez por semestre. Caso contrário, pode haver contaminação.
“O ideal é que a gente consuma a água filtrada, a que compramos em galões ou por meio de instalações de filtros, por exemplo. São as melhores opções, inclusive, para higienizar os alimentos, cozinhar e beber. Mas, se não for possível, é fundamental fazer a higienização da caixa d’água que está na sua casa. A água que chega até nós tem qualidade, mas precisamos manter os recipientes limpos”, ressalta a professora Marina Koffke.
Outra alternativa ainda é ferver a água antes de utilizá-la ou consumi-la. “É possível ferver a água por cinco minutos, colocar ela para refrigerar e depois fazer a ingestão. O mesmo serve para o gelo. Não adianta beber água de filtro e usar gelo com água da torneira. Temos que ter cuidados com todas as questões envolvendo água”, aponta.
Por Genara Rigotti
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