Polícia

Veja a versão da defesa de motorista que foi preso após ser flagrado transportando fuzil

Theo Chaves | 12/07/24 - 18h23
Foto: Divulgação/BOPE

O motorista preso durante uma abordagem do Batalhão de Operações Especiais (Bope), que terminou com um fuzil apreendido dentro de um máquina de lavar, em Maceió, teria sido contratado por uma mulher, que pagou a quantia de R$ 140 pelo transporte do eletrodoméstico. A informação foi confirmada ao TNH1 pela defesa do motorista, de 41 anos. Ele está preso em uma cela do Sistema Prisional de Maceió. 

A arma, um T4 da Marca Taurus, que pode custar cerca de R$ 50 mil no mercado ilegal, foi localizada no momento em que estava sendo transportada do Clima Bom para o o bairro da Levada/Brejal, nessa última terça-feira (9). De acordo com as investigações, a arma teria sido enviada pelo traficante "Nem Catenga", da cidade do Rio de Janeiro para a capital alagoana.

Em entrevista ao TNH1, o advogado de defesa do motorista, Juan Gomes, disse que ele trabalha como freteiro autônomo e estava na porta de uma loja de materiais de construção quando foi abordado pela mulher.

"Ele trabalha com frete, tem um carro pequeno. Ele fica parado na porta dessa loja de materiais de construção oferecendo o seu trabalho. Isso é uma prática comum. Essa mulher apareceu no local querendo alguém para transportar uma geladeira e a máquina de lavar. Não era a vez dele, pois outras pessoas também trabalham com ele no local. Porém, como o carro dele era pequeno e era pouca coisa, os outros motoristas cederam a vez para ele", começou.

Segundo o advogado, a mulher que contratou o serviço de transporte passou o contato do motorista para um outro homem, que teria se apresentado como marido dela. Esse homem combinou o serviço com o motorista e mandou as coordenadas de onde ele buscaria os eletrodomésticos.

"Após a mulher se apresentar e contratar o serviço, ela pegou o contato do freteiro e disse que o marido entraria em contato para combinar o transporte. Esse homem passou o endereço onde o motorista buscaria os eletrodomésticos e o destino final da entrega. Quando o motorista chegou no local para pegar os itens , três jovens apareceram na casa e ajudaram ele a colocar a geladeira e a máquina de lavar em cima do carro de frete", continuou.

Durante o percurso, o motorista teria percebido a presença da equipe do Bope, e encostou o carro durante a abordagem. A arma foi encontrada em um fundo falso da máquina de lavar.

"Logo após ele sair da casa, no caminho para a entrega, percebeu a presença dos policiais e notou que seria abordado. Nesse momento, ele encostou o carro. Os policiais revistaram ele e não encontraram nada. A arma foi encontrada numa espécie de fundo falso da máquina de lavar, junto ao motor. Além da arma, havia alguns carregadores", completou.

"Sentimento de injustiça e sofrimento"

Juan Gomes ainda conta que conhece o freteiro e que foi contratado pela família dele para tentar tirá-lo da prisão. O advogado relata que o motorista é trabalhador,  pai de duas filhas menores e leva uma vida simples.

"Esse motorista tem duas filhas menores, que estão desesperadas. Ele é do interior, assim como eu também sou. Eu conheço ele há um bom tempo, e sei de sua índole, sei que é trabalhador e nunca se envolveu com nada errado, não tem passagens na polícia. É uma injustiça muito grande o que está acontecendo, pois esse homem estava trabalhando. Eu fui visitá-lo no presídio, e ele está com a cabeça raspada e sofrendo", conta Gomes.

A defesa do motorista entrou com um pedido de revogação da prisão, e aguarda um parecer da Justiça.

"Durante a abordagem, ele não foi algemado e ainda ajudou a polícia, fornecendo o telefone e as localizações passadas por quem o contratou para fazer o frete. Porém, durante a audiência de custódia, o juiz alegou que não tinha como saber se ele iria receber mais alguma quantia durante a entrega dos eletrodomésticos e, por isso, não concedeu liberdade. Acreditamos na inocência dele e pedimos a revogação da prisão ", finalizou.