O primeiro hambúrguer feito por Carlos Dias, de 29 anos, era de lentilha. E não era muito bom. Mas a experiência deu gosto e cada vez mais certo, o que resultou no lançamento da lanchonete Animal Chef em janeiro deste ano. Ao contrário do nome, nenhum ingrediente do cardápio é de origem animal.
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“O veganismo é muito ligado a algo sem graça, sem sabor, saudável, com soja. A gente quer fugir de todos os estereótipos possíveis”, afirma Dias.
Segundo pesquisa Ibope Inteligência inédita, 49% dos brasileiros com mais de 16 anos acham que produtos veganos podem ter a mesma qualidade dos que contêm ingredientes de origem animal e 60% comprariam produtos do tipo se custassem o mesmo que os demais. Atualmente, 551 produtos de 60 empresas têm o Selo Vegano, da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), que encomendou a pesquisa do Ibope.
Porta de entrada
Há dois anos, quando abriu a venda de marmitas veganas e vegetarianas Olivato Cozinha, Maria Eugênia Olivato, de 31 anos, estranhava que a maioria dos clientes era onívora. “O preconceito está acabando, e isso já é um grande passo. Acho legal que pelo menos no almoço da semana ficam sem carne”, conta.
Dentre seus compradores, uma das mais antigas recentemente procurou Maria Eugênia para contar a novidade: tinha virado vegetariana. “Ela disse que a Olivato teve papel fundamental no processo, porque descobriu que poder se alimentar bem, de forma gostosa e saudável, sem ter carne no prato.”
Já Danuza Pazzini, de 36 anos, criou o Vegana Bacana em 2017 por perceber um nicho de mercado: de festas infantis com comida vegana e vegetariana. “Descobri que não tinha nada do tipo por aqui”, lembra ela, que consome alimentos de origem animal. “Recebia e-mail de clientes agradecendo.”
Comunidades
Ao se tornar vegetariano há oito anos, o programador Rodrigo Alornoz, de 27 anos, se afastou de parte dos amigos que não compreenderam sua opção. Quatro anos depois veio a ideia: criar um site de relacionamentos para aumentar o ciclo de amizades. Nasceu aí o Loveg. “Vi muitos casais se formando, até gente que se casou”, diz o jovem, que pretende futuramente monetizar a ideia.
Em João Pessoa, a Nativa Escola foi lançada este ano como a “primeira escola vegana de ensino regular do País”. “Temos uma metodologia democrática, com influência montessoriana”, diz a coordenadora Raíssa Batista, de 26 anos. Além da alimentação, as crianças, de 1 a 4 anos, são estimuladas a ter um bom convívio com animais.
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