As vendas do varejo subiram em agosto e registraram seu melhor resultado para o mês em quatro anos. O desemprenho, porém, não indica uma retomada do setor, e a perspectiva para 2018 ainda é incerta.
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No mês, as vendas aumentaram 1,3% na comparação com o mês anterior e interromperam uma sequência de três meses de perdas, segundo dados informados nesta quinta-feira (11) pelo IBGE.
O resultado, que ficou acima da expectativa de analistas, foi o melhor para o mês de agosto desde 2014 (quando as vendas subiram 1,7%), além de ser a taxa mais positiva deste ano.
Na comparação com agosto do ano passado, as vendas subiram 4,1%.
Ainda assim, a atividade econômica no Brasil continua encontrando dificuldades para imprimir um ritmo mais forte, em um ambiente de incertezas com as eleições presidenciais que vem mantendo o desemprego alto e contendo o ímpeto de compras.
"O resultado não é reversão de tendência ou virada. O que houve em agosto foi uma recuperação de perdas para o comércio depois de desempenhos afetados pela greve dos caminheiros", diz a gerente da pesquisa, Isabella Nunes.
"Foi um resultado importante, mas não quer dizer que o comércio vai deslanchar", completou.
O Natal, data comemorativa mais importante para o comércio, deixará a desejar e terá vendas fracas em 2018.
A CNC (Confederação Nacional do Comércio) prevê que as vendas tenham uma alta de 2,3% em relação a 2017. A taxa de crescimento é menor do que a registrada no ano passado, de 3,9%.
"É um resultado frustrante. O crescimento vai ser mais lento que há um ano. No início de 2018, esperava-se que o varejo deslanchasse, e não foi o que ocorreu", afirma Fabio Bentes, chefe da divisão econômica da entidade.
Os resultados decepcionantes vêm se repetindo desde a paralisação dos caminhoneiros, no fim de maio.
Para Bentes, o evento antecipou o clima de insegurança no país, que era previsto para iniciar em julho, com a aproximação das eleições.
"Houve um aumento da incerteza e, com ele, o dólar mudou de patamar. Isso vai fazer com que o varejo tenha mais dificuldade de reter o aumento de custos, o que deve se refletir no preço final", diz ele.
Mesmo com a recente valorização do real perante a moeda americana, o preço do dólar acumula uma alta de cerca de 18% nos últimos 12 meses.
Entre os setores mais afetados pelo câmbio estão os de eletroeletrônicos e o de móveis, segundo a CNC.
Em agosto, esses segmentos tiveram uma alta de 2%, assim como a maior parte dos setores: das oito atividades analisadas pelo IBGE, sete tiveram desempenho positivo no mês, na comparação com julho – com destaque para as vendas de tecidos, vestuário e calçados, que cresceram 5,6%.
A única atividade que sofreu uma retração em agosto foi a de livros, jornais, revistas e papelaria, que teve uma queda mensal de 2,5%.
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