Um entregador de delivery de refeições denunciou ter sido maltratado por duas clientes que reclamaram do pedido enviado pelo restaurante onde o homem trabalha. Aos gritos, as mulheres que moram no bairro de Jatiúca, em Maceió, xingaram o motoboy e sujaram a bolsa térmica dele após jogarem o alimento nela.
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À TV Pajuçara, Jackson Adelino, que trabalha como entregador há quase três anos, contou que precisou "esticar" o horário no último domingo, 10, para conseguir entregar o pedido das clientes, mãe e filha. Porém houve atraso na saída do pedido e ele contou que já foi recebido com hostilidade.
"Já eram 15h15 e a gente encerra às 15h. Deu um atraso na produção. O pedido saiu com mais três [pedidos] e foi o último da rota, infelizmente, porque a gente faz uma rota para não ficar indo e voltando. Eu cheguei lá eram 15h40 ou 15h50", começou Jackson.
"A mulher colocou a cabeça na janela, no 3º andar, e jogou a chave, avisando que [a trava do portão] estava quebrado, pedindo para eu abrir e subir. Aí eu subi os três andares, e quando entreguei, ela perguntou de um produto que não tinha na nota dela. Ela disse que ia um refrigerante na comanda, mas eu vi que não ia. Eu mostrei, só que ela questionou, disse que ligou para o estabelecimento e que a atendente avisou que vinha o refrigerante", continuou.
O entregador afirmou que, nesse momento, entrou em contato com a atendente do estabelecimento e foi orientado a comprar a bebida para as clientes. Porém, mãe e filha já estariam alteradas e deram início aos xingamentos contra o trabalhador. A funcionária do restaurante ouviu a confusão pelo telefone.
"Ela [atendente] pediu para eu comprar em algum lugar. Eu disse que estava disposto a comprar. Só que a mãe dessa cliente questionava e disse que ia mandar voltar porque tinha muito erro e atraso. Eu disse: 'olha, eu vou comprar se a senhora quiser, mas se não for querer o produto, eu não vou ter o trabalho de descer escada, comprar o refrigerante, subir a escada, para você me mandar voltar'. Foi quando ela começou a se alterar e a partir daí eu gravo o vídeo. Percebi que ela ia perder a razão e comecei a gravar o vídeo", disse o entregador.
As imagens registradas por Jackson mostram que as clientes saem do apartamento e jogam a refeição em cima da "bag", nome dado para a bolsa usada por entregadores de delivery. Na sequência, elas chamam o entregador de vagabundo e batem a porta com força. Assista abaixo:
A atendente do estabelecimento, Dhayanne Lima, estava na linha e confirmou ter ouvido os ataques contra o trabalhador. "Ela o mandou para o inferno. Eu pedi para falar com ela, só que ela também me mandou para o inferno. Eu pedi para explicar, e ela desligou na minha cara. Liguei para o motoqueiro para saber se ele estava bem e só consegui falar quando chegou. Ele me mostrou o vídeo e vi que a bag ficou toda suja. Os motoqueiros ficaram revoltados porque eles são bem unidos", contou a atendente.
"Ela achou que estava por cima por ter uma condição, um status melhor, e quis humilhar a gente. E mostrou mais sobre ela. Estou tranquila. Deu uma revolta na hora, porque não é fácil ser chamada de ladra. Você sai de manhã, deixa filho para ir trabalhar e a pessoa diz que você está roubando. Assim como para ele, que ela jogou as coisas nele, ninguém quer, né?", acrescentou Dhayanne.
Após as agressões verbais sofridas, Jackson afirmou que não vai se abater e segue firme na profissão. Ele disse que comprou todos os objetos que utiliza no transporte, além da moto, com dinheiro do próprio bolso, e continua a desejar mais conquistas. "Eu consegui comprar minha máquina, meu guarda-roupa... A gente vai conquistando nossos sonhos aos poucos. Mudei meu capacete também, que é caro. Os planos são a longo prazo, mas eles vão se mantendo", contou o trabalhador que mora no Vergel do Lago.
"Os chineses têm um ditado que quando o jogo de xadrez acaba, o peão e o rei vão para a mesma caixa. Então, elas não entenderam isso. Elas podem ter status melhor que eu, morar em condomínio, ter isso ou aquilo. Mas no fim de tudo, quando morrer, vai para o mesmo chão que eu", finalizou.
O TNH1 não conseguiu contato com as mulheres que aparecem no vídeo, mas deixa o espaço aberto para manifestação delas.
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