Universitária faz campanha para ajudar mãe catadora de recicláveis e viraliza na internet

Foi no recolhimento de papelão destinado à reciclagem que o casal Mauro e Luciene encontrou uma maneira de conseguir pagar as contas de casa e, dessa forma, se tornou exemplos para a filha de Luciene, Aline Costa, de 29 anos, estudante do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). A família vive em Arapiraca, no Agreste do estado, e conta com o recolhimento de papelão como principal fonte de renda.

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Aline, além de frequentar o curso que pede tempo integral nos estudos, ainda trabalha como técnica de enfermagem no Hospital Regional de Arapiraca no tempo que resta. Mesmo assim, o que ganha não pode custear o descanso da mãe e do companheiro dela, o que a motivou a iniciar uma campanha no Instagram, pedindo que empresários locais doassem o papelão que seria descartado em troca de postagens, na tentativa de diminuir a dura e longa rotina de trabalho da família.

“Antes, eles vendiam bananas, mas como as coisas ficaram mais difíceis, decidiram também recolher material reciclado cerca de dois anos atrás”, contou Aline por telefone, em entrevista ao TNH1, durante o intervalo entre as aulas no campus Arapiraca. “O que eu ganho ajuda. A gente tem conseguido colocar o básico dentro de casa, graças a Deus”, acrescentou.

A futura enfermeira contou ainda que tanto Mauro como dona Lucia sofrem com fortes dores na coluna e nas pernas, por conta das varizes. “Eu ajudava no recolhimento, mas no início deste ano passamos horas recolhendo papelão e no fim da jornada sofremos uma tentativa de assalto. Com o trauma, minha mãe me pediu para não ir mais e me dedicar apenas aos estudos”, relembrou Aline.

Pelo Instagram, a estudante contou parte de sua história e fez um apelo, o que causou comoção não só entre seus seguidores, mas viralizou e alcançou internautas em todo o Brasil. Hoje, a jovem tem quase 13 mil seguidores. Confira:

Legenda? Puro agradecimento a Deus pelos resultados colhidos com o projeto. Eu e a minha família agradecemos muito a todos que estão participando e acompanhando nossos momentos.????????????????❤️

Uma publicação compartilhada por Aline Costa (@alinecosta.al) em 22 de Ago, 2018 às 5:51 PDT

E os resultados estão aparecendo. ???? Obrigada a todos que estão participando. ????????????????

Uma publicação compartilhada por Aline Costa (@alinecosta.al) em 19 de Ago, 2018 às 9:12 PDT

Gente deixa eu explicar pra vcs o que está acontecendo, LEIAM TUDO POR FAVOR!???????????? Tudo começou quando eu estava pensando no que fazer pra ajudar mais a minha mãe, já que infelizmente o que eu ganho não é suficiente pra pedir pra ela parar de trabalhar. Ela coleta papelão na rua e é muito cansativo pra ela e o companheiro dela. Os dois tem problema de coluna e as vezes ficam até tarde carregando peso e se arriscando. Aí como eu tenho alguns seguidores no insta, tive a ideia de procurar fazer parcerias com estabelecimentos que descartem o papelão, pode ser mercadinhos, lojas, qualquer estabelecimento que queira trocar o papelão por conteúdo de publicidade aqui no insta. Quero agradecer a todos que já participaram e avisar que continuo procurando quem queira participar. E tbm avisar que a minha mãe e o esposo dela estão trabalhando como qualquer outra pessoa, e a única coisa que estou fazendo é tentando arrumar uma forma de diminuir a jornada de trabalho deles, que atualmente é muito alta. Muito obrigada a todos e que Deus os abençoe!????❤️????????

Uma publicação compartilhada por Aline Costa (@alinecosta.al) em 14 de Ago, 2018 às 5:49 PDT

Ainda segundo Aline, seu Mauro recentemente machucou uma das mãos em grampos durante a coleta e o ferimento terminou infeccionando. “Mesmo doente, ele não parou de ajudar minha mãe. Eles moram juntos há quatro anos e são muito parceiros um do outro”, comenta, com afeto.

Com apenas uma postagem, a futura enfermeira já conseguiu arrecadar papelão de um mercadinho local e comemorou. “Infelizmente não temos como ir buscar fora de Arapiraca, mas gostaria de incentivar outras empresas a doarem seu material seco para os recicladores de sua região”, explicou. “São pessoas que merecem e precisam daquilo que muitas vezes vai parar no lixo comum, em vez de servir de ganho para muitas famílias”, concluiu Aline.