Contextualizando

Uma afirmação que vale para a atividade econômica e para a política: “A arrogância é exterminadora do sucesso”

Em 23 de Julho de 2024 às 18:00

A empáfia, a soberba e a arrogância são males que afetam o ser humano.

Mas afetam também a atividade empresarial, como avalia o consultor empresarial e escritor Yuri Trafane.

Aproveitando o momento eleitoral em que o país vive, pode-se dizer que esse conceito é perfeitamente aplicável à atividade política, onde são inúmeros os exemplos do fracasso de quem se considera superior e acaba rejeitado pelo eleitor:

“Jim Collins, em seu livro ‘Como as Gigantes Caem’, estudou várias empresas que um dia foram potências em seus setores, mas que em algum momento mergulharam rumo ao desaparecimento ou à irrelevância.

Ele descobriu que todas as grandes derrocadas passaram por cinco fases: excesso de confiança, a busca indisciplinada por mais, a negação de riscos, a luta desesperada pela salvação e a irrelevância, que pode culminar com a morte do negócio.

Apresento essa pesquisa para destacar que o começo de um ‘tombo empresarial’ é a arrogância que nasce do sucesso. Essa autoconfiança exagerada está firmemente enraizada na percepção de que, ‘se eu sou bom o suficiente para ter dominado o mercado, serei bom também para mantê-lo sob controle’.

Esse raciocínio cega a cultura organizacional e a atira numa espiral viciosa, que pode terminar no cemitério corporativo. A empáfia é como uma praga, que quando se alastra pela cultura corporativa, tem o poder de feri-la de morte. O que não faltam são histórias de tropeções no universo organizacional e, frequentemente, o preço pago é o desaparecimento.

Dentre os exemplos de como a arrogância pode consumir empresas, temos: a Kodak, que preferiu focar na fotografia analógica e perdeu espaço no mercado digital, a Blackberry, que não conseguiu acompanhar a rápida evolução dos smartphones, o Yahoo, pioneiro dos mecanismos de busca superado pela concorrente Google, a Blockbuster, que não soube usar a vantagem que tinha frente à popularização do streaming, e muitos outros.

Um dos remédios para que as lideranças empresariais não caiam na tentação da arrogância é vestir o chapéu de empreendedor intracorporativo. Intraempreender significa promover uma mentalidade empreendedora na própria organização, incentivando os colaboradores a desenvolverem novas ideias e soluções.

Essa abordagem é crucial para evitar a complacência e a estagnação, que podem surgir quando uma empresa acredita que é boa demais para mudar. Sem inovação contínua, as empresas se arriscam a serem superadas por concorrentes mais ágeis e inovadores.

Por mais que um negócio tenha alcançado o sucesso, é vital não se deixar levar pela ideia de que esse sucesso é perene e está garantido. O mercado está em constante evolução e sempre pode surgir um competidor ainda mais forte e inovador. Por isso, manter a humildade e a disposição para mudar é essencial para sustentar a prosperidade a longo prazo.”

Yuri Trafane é consultor empresarial, CEO da Ynner Treinamentos e autor

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