A história se repetiu tantas vezes que já é quase lugar-comum. Jovem jogador argentino, de habilidade com a bola nos pés, surge na cantera de algum tradicional clube de Buenos Aires.
De cara, começam as comparações. No caso de Marcelo Cañete, a sombra que pairou sobre si foi a de um tal de Juán Román. Em suas primeiras partidas pelo Boca Juniors, deu à imprensa, ávida por manchetes, exatamente o que ela queria: um novo Riquelme.
Anos e passagens sem brilho pelo futebol paulista – por São Paulo, Portuguesa e São Bernardo – deram a Cañete a experiência necessária para lidar com adversidades. Agora, trilha, no CRB, sua segunda passagem pelo futebol nordestino, depois de deixar o Náutico. E parece, enfim, estar no caminho de despontar.
O meia argentino conta sobre o momento de sua carreira. Confira:
BLOG O NORDESTE MERECE: Como está a vida em Maceió? Já está adaptado à cidade?
CAÑETE: Já estou bem aqui. Maceió é uma cidade linda, tem muitas praias, muitas belezas.
BLOG: Melhor ou pior que morar em São Paulo?
CAÑETE: (Risos) São Paulo também tem suas coisas. Morei quatro anos lá e já estava adaptado. Claro que é uma adaptação diferente.
BLOG: Quando chegou ao Brasil, você veio de cara pra um clube nacional como o São Paulo. O CRB é muito forte no âmbito regional, mas não tem tanta projeção. O que te atraiu aí?
Cañete tem conseguido boas sequências de jogos no CRB. Foto: TNH1
CAÑETE: Na verdade, eu não conhecia o CRB antes de vir pra cá. Eu estava sem jogar, sem desenvolver uma sequência, e meu pensamento era jogar. Eu tinha um amigo lá, o Diego (Jussani, zagueiro) que havia jogado comigo no São Bernardo. Aí ele falou: ‘pai, vem pra cá que você vai jogar’. Entrei em contato com meu empresário e acabei vindo pra cá. Estou feliz e realizei meu objetivo, que era jogar.
BLOG: O CRB começou a temporada bastante irregular. De uns tempos pra cá, começou a ganhar jogos e já tem uma boa sequência sem perder. O discurso interno já é de G-4?
CAÑETE: Eu não estava aqui no começo do ano, ainda não havia chegado. Mas o pessoal fala que, se o time fizesse no primeiro turno o que vem fazendo agora, estaríamos no G-4. Estamos há sete jogos sem perder e com três vitórias consecutivas.
BLOG: Depois de tantos anos de futebol brasileiro, você se arrepende de alguma coisa? Guarda alguma mágoa dos clubes em que passou?
CAÑETE: Na Portuguesa eu também estava jogando bem. Mas, como já falei em outras entrevistas, os caras fizeram uma trairagem comigo e acabei brigando lá. Aí pedi para sair. Aqui, estou conseguindo meu objetivo, que é jogar. No Náutico, cheguei fora de forma, no fim do campeonato, e não consegui ter uma sequência.
BLOG: No começo da carreira, você foi bastante comparado ao Riquelme. Acha que essa pressão te atrapalhou de alguma forma?
CAÑETE: Não atrapalha, não. Até porque na base do Boca Juniors a gente aprende a lidar com pressão, então isso não é um problema. Eu fico até feliz de ser comparado a grandes jogadores.
BLOG: Tantos anos depois, você ainda pensa em seleção argentina?
CAÑETE: Sonhar a gente sempre sonha, mas, na verdade, sabe que é quase impossível. Existem muitos jogadores bons e é difícil. Mas eu tenho o exemplo do Barcos, que ninguém conhecia e, por se destacar aqui no Brasil, acabou convocado.
Diego Jussani incentivou Cañete a vir para o CRB. Foto: Assessoria CRB