A Ucrânia assumiu que o ataque a drone contra o aeroporto russo de Pskov, a mais de 800 quilômetros de Kiev, foi lançado nesta sexta-feira, 1º, de dentro da Rússia, encerrando as especulações de fontes do próprio governo de que a ação teria partido do território ucraniano, e revelando uma capacidade ainda maior de operar atrás das linhas inimigas.
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"Os drones usados para atacar a base aérea em Pskov foram lançados da Rússia", declarou Kirilo Budanov, chefe da inteligência militar ucraniana, em publicação no Telegram. "Quatro aviões russos de transporte militar Ilyushin IL-76 foram atingidos durante o ataque. Dois foram destruídos e outros dois foram severamente danificados."
Essa foi a primeira vez que um alto oficial militar da Ucrânia reconhece estar operando de dentro do território russo, que vem sendo constantemente bombardeado com drones e sofrendo atos de sabotagem e de incursões armadas, muitas reivindicadas por grupos russos que lutam pela Ucrânia.
Mudança
Em um primeiro momento, a Ucrânia não reivindicou o ataque a drone em Pskov, mantendo o hábito de não reconhecer publicamente suas operações dentro da Rússia. Desta vez, porém, uma autoridade do Ministério da Defesa ucraniano confirmou que a destruição do aeroporto russo havia sido executada por forças ucranianas.
Budanov, no entanto, não especificou se o ataque em Pskov foi executado por seus homens ou por russos aliados. Na quinta-feira, o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, afirmou que uma "arma ucraniana" atingiu um alvo a 700 quilômetros de distância, mas não mencionou o tipo de armamento ou o alvo. A ofensiva descrita pelo presidente, porém, foi associada ao ataque ao aeroporto.
Além do aeroporto de Pskov, um depósito de combustível em Kaluga e uma fábrica de microeletrônica em Bryansk, onde são fabricados componentes para sistemas de armas russos, foram atingidos nesses ataques.
Surpresa
Durante a semana, o Kremlin disse que especialistas trabalhavam para identificar as rotas utilizadas por drones ucranianos para evitar outros ataques no futuro. Após a afirmação da que a operação teria partido de território russo, no entanto, não houve uma manifestação oficial do governo ou dos militares.
A região de Pskov, que também foi alvo de drones no fim de maio, faz fronteira com a Estônia e a Letônia, membros da Otan. O local serve de base para uma divisão de paraquedistas russos que estariam envolvidos no massacre a civis na cidade ucraniana de Bucha.
Linha de frente
Preocupada com o avanço da guerra para dentro da Rússia, a Casa Branca afirmou ontem que a Ucrânia fez "progressos notáveis" contra as tropas russas em sua ofensiva no sul do país nos últimos dias. O porta-voz de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, admitiu que o avanço era mais lento do que o esperado, mas apontou algum progresso.
"Notamos, nas últimas 72 horas, progressos notáveis por parte das Forças Armadas ucranianas na linha sul", afirmou Kirby. Analistas ocidentais garantem que os ucranianos conseguiram penetrar nas linhas russas ao longo de vários quilômetros, entre Robotyne e Verbove, na região estratégica de Zaporizhzia. O objetivo é avançar em direção ao Mar de Azov, cortando o acesso terrestre e os suprimentos de Moscou à Crimeia ocupada pela Rússia desde 2014. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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