Grávida de sete meses, a fisioterapeuta maceioense Larissa Pereira sonhava em fazer fotos exibindo o barrigão em Fernando de Noronha, arquipélago de Pernambuco que, há décadas, se consolidou como um dos principais e mais lindos destinos turísticos do Brasil. O álbum não deu certo porque ela acabou dando à luz antes do tempo, e em território noronhense, o que é considerado praticamente uma transgressão, isso porque existe uma espécie de proibição de partos na ilha há mais de 15 anos. No geral, as mulheres grávidas residentes no arquipélago são levadas à Recife, capital de Pernambuco, a partir do sétimo mês de gestação e só retornam às suas moradias após o nascimento das crianças que são todas registradas como cidadãs recifenses.
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Larissa trouxe ao mundo a pequena Lavígnia Dominique, que nasceu prematura no Centro Hospitalar São Lucas, em Noronha, e já está devidamente registrada como cidadã noronhense. O TNH1 conversou com o pai da bebê, o policial militar Douglas Heleodoro que contou sobre o nascimento da criança menos de 24 horas após o casal chegar para o que seria um passeio de seis dias na ilha.
Bebê nasceu no Centro Hospitalar São Lucas, em Noronha. Foto: Cortesia / Arquivo pessoal |
"Chegamos no final da tarde e só fizemos pagar as taxas para aproveitar os passeios que tínhamos programado. O sonho dela era fazer um book grávida em Noronha, mas a gente não esperava que ela fosse ter a bebê. Estava tudo nos conformes com a gravidez e conseguimos a liberação com a nossa obstetra para fazer a viagem, mas de madrugada a bolsa rompeu e fomos ao hospital, quando o médico relatou que ela ia entrar em trabalho de parto e que não teria como esperar fretar voo porque seria perigoso", detalhou.
Douglas e a filha Lavígnia, nascida em Fernando de Noronha. Foto: Cortesia / Arquivo pessoal |
A criança e mãe foram levadas em um jatinho particular para um hospital em Recife. "Minha bebê estava com 32 semanas e só nasceria em dois meses. Fizemos todo o acompanhamento médico, mas os planos de Deus foram outros. Ela agora está em Recife, numa incubadora e em observação até que ganhe peso e pulmão evolua para que voltemos para nossa casa, em Maceió", disse o policial, acrescentando que a mulher e criança passam bem. "A Larissa terá alta ainda esta manhã, mas a Lavígnia ainda não temos previsão, vai depender da evolução e do ganho de peso".
A dona da pousada onde o casal estava hospedado, identificada apenas como Juliana, comemorou o parto e disse esperar que o feito abra caminhos para que outras mulheres consigam dar à luz na ilha. "As mulheres daqui têm que deixar suas casas e famílias aos sete meses de gravidez para ter seus bebês no continente. São quase três meses longe de casa, não temos esse privilegio de termos nossas crianças aqui", comentou a empresária.
O pai da bebê ainda segue em Fernando de Noronha aguardando meio de embarcar e seguir ao encontro da família, em Recife. "Não pude ir com elas no jatinho particular, agora estou resolvendo umas coisas aqui para vijar, encontrá-las em Recife e depois voltarmos para casa", complementou.