Imagine você se submeter a um tratamento para ajudar nos sintomas de Parkinson e, de repente, começar a notar alterações na sua personalidade. Foi isso que percebeu a paciente Natasha Clark, de 51 anos, que convive com a doença há 17 anos.
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Após receber o implante de estimulação cerebral, em 2016, a australiana observou uma melhora inicial nos sintomas da doença. Porém, apesar dos benefícios, Natasha começou a sentir uma perda de identidade e mudanças de personalidade, sintomas que acompanham outros pacientes submetidos ao mesmo procedimento, segundo a Folha de S. Paulo.
Se você tem pressa
Efeitos colaterais são relatados há pelo menos 10 anos
Frederic Gilbert, professor associado da Escola de Humanidades da Universidade da Tasmânia, na Austrália, é um dos especialistas que estuda relatos de mudança de personalidade e despersonalização em pacientes que passaram por implantes de estimulação cerebral profunda.
Gilbert publicou seu primeiro artigo sobre o tema em 2012. Cinco anos depois, documentou 17 casos de pacientes que tiveram esse efeito colateral preocupante. Segundo o cientista, entre os benefícios do tratamento está uma melhora imediata nos sintomas e o aumento da expectativa de vida.
Paralelamente, em 2023, outro grupo de pesquisadores relatou que muitos especialistas estão cientes dessa consequência, apesar de reconhecerem a eficácia do tratamento em controlar doenças neurológicas.
Implante pode não ser o problema
Gilbert e sua equipe também estão investigando a origem desses efeitos adversos. Uma hipótese é que os próprios transtornos neurodegenerativos, como o Parkinson, podem estar por trás das mudanças de personalidade – que ficam mascaradas pelos sintomas físicos da doença, como tremores constantes.
Outra possibilidade considerada é o “fardo da normalidade”. Após conviverem anos com a doença, os pacientes que se submetem à estimulação cerebral profunda melhoram. No entanto, enfrentam dificuldades ao retornar à “normalidade”.
No entanto, essas são apenas hipóteses para explicar por que isso acontece após a colocação do implante. Por enquanto, o ponto principal é entender se a estimulação cerebral realmente causa essas desordens comportamentais ou se são uma manifestação da progressão da doença.
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