Trabalho remoto no exterior: saiba como analisar o mercado fora do Brasil

Publicado em 19/06/2023, às 07h10
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Por Jornal Contábil

Trabalhar remoto no exterior consiste em prestar os serviços de onde você está, por exemplo, no Brasil, para uma companhia localizada em outro país. Mas antes de aceitar uma proposta desse tipo, ou de buscar uma vaga nesse formato, é bem importante que você pondere sobre alguns pontos. Um deles é lembrar que não será regido pela CLT, Consolidação das Leis do Trabalho. 

Isso acontece porque essa lei trabalhista é brasileira, ou seja, se for trabalhar para uma empresa estrangeira, as regras a serem seguidas tendem a ser estipuladas com base nas regulamentações de trabalho do país de origem da companhia.

Obviamente, muitos critérios do relacionamento entre quem contrata e quem é contratado são definidos em contrato, o qual deve constar o que foi acordado quanto ao salário que será pago pelo exercício da função, carga horária a ser cumprida, horários, benefícios etc.

Mas, além desse, há vários outros pontos que você precisa saber sobre trabalho no exterior remoto antes de tomar a sua decisão sobre atuar, ou não, dessa forma, tais como forma de pagamento, câmbio e impostos que são cobrados sobre o valor recebido.

Como trabalhar home office para empresas estrangeiras?

Para conseguir um trabalho no exterior remoto, um dos critérios primordiais é saber falar outro idioma, preferencialmente o inglês.

As empresas contratantes esperam que os profissionais tenham domínio dessa língua em nível suficiente para conseguirem interagir de maneira natural com chefias, líderes, colegas de trabalho e clientes, caso o cargo exija essa interação.

Dependendo do país onde está a empresa, o inglês não é o idioma oficial. Por isso, é bastante interessante que o candidato à vaga também saiba o básico da língua do país, e se empenhe em estudá-la para melhorar a sua conversão e escrita e, com isso, conseguir se comunicar mais facilmente.

Com relação às vagas de trabalho no exterior remoto, essas podem ser encontradas em sites especializados nesse tipo de serviço, ou nos anúncios feitos pelas próprias companhias em suas redes sociais, sendo a mais comum no LinkedIn.

É claro que um bom networking também é bastante válido e pode contribuir para que diversas portas sejam abertas. 

O que considerar em uma proposta de trabalho remoto no exterior?

Segundo a mesma reportagem que citamos logo no início deste artigo, um cargo com salário de R$ 8 mil aqui no Brasil, pode chegar a R$ 20 mil quando o profissional é contratado por uma empresa estrangeira.

Porém, antes de considerar apenas o salário como base para aceitar, ou não, um trabalho no exterior remoto, é preciso analisar outros pontos. Um deles se refere ao horário de trabalho. 

Quanto a isso, é essencial lembrar-se do fuso horário, visto que essa diferença pode impactar diretamente na sua rotina e na hora que precisa estar disponível para a empresa.

Ao trabalhar para uma companhia que está em Nova Iorque, por exemplo, a diferença é de duas horas a menos do horário de Brasília. Dessa forma, se tiver que iniciar a sua jornada às 8 horas da manhã de lá, serão 10 horas aqui no Brasil.

Outra questão diz respeito aos benefícios e direitos. Como dissemos, o trabalho remoto no exterior não segue as mesmas regras da nossa CLT. Com isso, regras quanto ao salário mínimo, pagamento de horas extras, férias, feriados, afastamento por doença, entre outros, tendem a ser bem diferentes das vistas por aqui.

Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos não existe 13º salário. O valor mais parecido com esse é um bônus que algumas empresas pagam no final do ano aos seus colaboradores — o qual não é lei, e costuma ser um valor bastante inferior ao do salário que costuma ser pago.

As companhias de lá também não são obrigadas a remunerar os dias que o funcionário ficou afastado por problemas de saúde. Ou seja, caso entre em afastamento médico, pode ser que você não receba pelos dias que não trabalhar.

No entanto, costumes como esses não querem dizer que o trabalho no exterior não seja uma boa opção. Confira, a seguir, todas as vantagens dessa forma de trabalhar remotamente.

Quais são as vantagens do trabalho no exterior remoto?

Há três vantagens que se destacam quando o assunto é trabalho no exterior remoto, são elas:

  • receber o pagamento em uma moeda mais valorizada;
  • ter a chance de viajar a serviço;
  • agregar um diferencial competitivo importante ao seu currículo.

1. Receber o pagamento em uma moeda mais valorizada

Trabalhar remotamente para uma empresa estrangeira dará a você a chance de receber o seu pagamento em uma moeda mais valorizada que o real, tal como o dólar ou a libra.

Porém, para receber dinheiro do exterior, o primeiro passo é emitir o invoice — explicarmos mais sobre esse documento logo adiante. Em seguida, deve escolher por qual plataforma, banco ou fintech receberá o seu pagamento, considerando taxa de câmbio e tarifas cobradas.

2. Ter a chance de viajar a serviço

O trabalho no exterior remoto quer dizer que você trabalhará do país em que está para uma empresa localizada em outro.

Isso pode gerar uma chance de, em algum momento, viajar para a sede da empresa, ou mesmo de ir para outros países se essa tiver internacionais ou for uma multinacional.

Isso não quer dizer que seja uma regra, em outras palavras, que obrigatoriamente você terá que viajar para fora. Lembre-se que todas as regras entre quem contrata e quem é contratado devem ser definidas antes.

3. Agregar um diferencial competitivo importante ao seu currículo

E claro, ter a experiência de trabalhar para uma empresa estrangeira é um importante diferencial para o seu currículo, o qual agrega mais valor e qualificação à sua carreira profissional e pode gerar oportunidades de trabalho ainda mais interessantes.

Quais passos seguir da proposta até o primeiro dia de trabalho?

De modo geral, os passos que devem ser seguidos da proposta de trabalho no exterior remoto, até o primeiro dia de exercício da função são:

  • se aprimorar no idioma;
  • pesquisar mais sobre a empresa;
  • providenciar a infraestrutura necessária, tais como computador, notebook, internet de qualidade etc;
  • alinhar o horário de trabalho da companhia com o horário do Brasil;
  • providenciar o que é necessário para receber o seu pagamento.

O que é necessário saber para trabalhar remoto no exterior?

Para trabalhar remotamente para uma empresa que está no exterior, será necessário:

  • ter uma conta PJ (pessoa jurídica);
  • aprender a gerar o invoice;
  • realizar a operação de câmbio;
  • emitir nota fiscal no Brasil;
  • providenciar o pagamento dos impostos.

1. Ter uma conta PJ (pessoa jurídica)

É perfeitamente possível prestar trabalho no exterior remoto como pessoa física. Porém, a quantidade e o valor dos impostos que precisam ser pagos dessa forma costumam ser elevados.

Assim, uma maneira de pagar menos tributação é prestar serviço como pessoa jurídica (PJ), o que leva a ter o seu próprio CNPJ, ou seja, abrir empresa.

Na sequência, o ideal é ter uma conta digital PJ integrada à sua contabilidade, que facilita o recebimento dos valores e colabora para separar as contas pessoais das despesas da sua empresa.

2. Aprender a gerar o invoice

O invoice é um documento similar à nota fiscal, obrigatório para todas as transações comerciais internacionais com valores acima de US$ 3 mil, ou quantia equivalente em outra moeda.

Esse documento é emitido por quem presta o serviço ou vende o produto, e ele deve ser gerado no idioma do cliente e/ou da empresa para a qual está trabalhando.

Seu pagamento é feito por transação internacional, por intermédio de plataformas especializadas nesse serviço, bancos ou fintechs.

3. Realizar a operação de câmbio

A operação de câmbio consiste em converter a moeda recebida em moeda nacional, por exemplo, de dólar para real.

Esse processo também pode ser feito com auxílio de bancos, fintechs e/ou de plataformas que oferecem esse tipo de solução.

4. Emitir nota fiscal no Brasil

Ainda que seja gerado o invoice, se você trabalha como pessoa jurídica deve, obrigatoriamente, emitir nota fiscal. 

A diferença das notas geradas para transações nacionais das internacionais é que, na segunda opção, esse documento é usado para fins de tributação e não de faturamento.

5. Providenciar o pagamento dos impostos

Dos impostos que tendem a ser cobrados por um trabalho no exterior remoto, os mais recorrentes são o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e o Imposto de Renda.

Para se manter em dia com os seus tributos, o ideal é obter orientações de um bom contador.

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