O suposto integrante de uma organização criminosa especializada no tráfico de drogas interestadual e lavagem de dinheiro foi preso no bairro de Jatiúca, em Maceió, na manhã desta terça-feira (10), durante a operação nacional denominada "Dog Head". O grupo atua no Distrito Federal e possui ramificações em vários estados.
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A Polícia Civil de Alagoas destacou que a prisão do suspeito aconteceu durante cumprimento de mandado judicial. A Diretoria de Inteligência Policial (Dinpol) destacou que a operação "Dog Head" visa desarticular o grupo criminoso.
O delegado Thales Araújo, responsável pela Dinpol, vai conceder entrevista para a imprensa nesta terça-feira (10), a partir das 11h40, na Delegacia Geral, em Jacarecica, para detalhar a operação. Ele deve fornecer informações adicionais sobre as ações em andamento e os impactos da operação para a Segurança Pública.
Entenda a operação
A Operação Dog Head foi desencadeada para cumprir 127 medidas judiciais, sendo 25 mandados de prisão temporária, 51 mandados de busca e apreensão, 27 ordens de sequestros de bens móveis e imóveis e 25 ordens bloqueios de contas bancárias, em desfavor de integrantes de uma organização criminosa responsável por tráfico de drogas interestadual, lavagem de dinheiro, associação para o tráfico e integração em organização criminosa, com atuação no Distrito Federal e ramificações em outras unidades da Federação.
O objetivo central da operação é desarticular uma organização criminosa de alcance nacional, por meio do cumprimento de mandados de prisão temporária contra investigados que operam tanto na venda de drogas no varejo, quanto na comercialização e transporte no atacado, inclusive fornecendo entorpecentes para uma facção criminosa originária do Distrito Federal. Foram também executados mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e em pessoas jurídicas associadas aos membros da organização criminosa, buscando a arrecadação de provas e apreensão de drogas, armas e outros objetos vinculados aos crimes.
No Distrito Federal, as diligências foram realizadas em Brasília e em outras diversas regiões administrativas como Águas Claras, Ceilândia, Taguatinga Sul, Samambaia, Grande Colorado (Sobradinho), Gama, Setor de Mansões Park Way, Asa Norte, Riacho Fundo, Guará, Riacho Fundo II, Lago Norte, Vicente Pires, Setor Sudoeste, Cruzeiro Velho, Recanto das Emas, Núcleo Bandeirante e Ponte Alta Norte. Em outros estados foram cumpridas ordens judiciais em Goiânia/GO, Senador Canedo/GO, Trindade/GO, Valparaíso/GO, Maceió/AL, Timbau do Sul (Pipa)/RN, Manaus/AM, Tabatinga/AM e Boa Vista/RR.
Em consequência da investigação, voltada principalmente para a apuração do crime de lavagem de dinheiro praticado pelo grupo, foi decretado o sequestro judicial de um imóvel, veículos e valores em inúmeras contas bancárias vinculadas aos investigados, laranjas e empresas fictícias utilizadas no esquema, visando estancar o fluxo financeiro e enfraquecer a estrutura econômica da organização criminosa. Isso porque a investigação revelou um esquema sofisticado de lavagem de capitais, através de empresas de fachada, com a movimentação de R$ 200 milhões destinados à aquisição de drogas e manutenção das operações criminosas.
Na operação, foram empenhados 196 policiais civis do Distrito Federal incluindo agentes de diversas unidades especializadas e 117 policiais das Polícias Civis de Goiás (PCGO), Rio Grande do Norte (PCRN), Amazonas (PCAM), Roraima (PCRR) e Alagoas (PCAL). A ação também contou com a participação de outras entidades operacionais da PCDF, como o Departamento de Polícia Especializada, a Divisão de Operações Especiais e a Divisão de Operações Aéreas, assim como do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
A investigação que culminou na Operação Dog Head destaca-se pela sua relevância estratégica na repressão ao crime organizado, com investigações que revelaram a participação de ex-integrantes de uma extinta facção criminosa atuante nos estados da região norte do Brasil em atividades ilícitas complexas, como a movimentação de grandes cargas de drogas e o uso de empresas de fachada para movimentação de recursos financeiros destinados à expansão e fortalecimento da facção.
Esse esforço contínuo da Polícia Civil, que dá seguimento a operações anteriores como a Operação Ambrosia, deflagrada pela Draco em 2023, é essencial para conter o avanço e o estabelecimento do crime organizado na capital federal e em outras regiões. As ações investigativas visam desmantelar as atividades ilícitas com a asfixia financeira da organização e neutralizar membros que desempenham funções-chave, com o propósito de desarticular completamente suas estruturas e operações. Após a conclusão da apuração, as informações serão compartilhadas com as polícias civis das demais unidades da Federação envolvidas.
Denominação
A operação recebeu o nome Dog Head em referência à região conhecida como Cabeça do Cachorro, localizada no extremo noroeste do Brasil, nas divisas com a Colômbia, Peru e Venezuela, no estado do Amazonas. Essa área é estratégica para o tráfico de drogas, atuando como ponto de passagem e distribuição de entorpecentes adquiridos pelas organizações criminosas.
As investigações apontam que a organização criminosa utilizava empresas fictícias na região da Cabeça do Cachorro para movimentar grandes somas de dinheiro, direcionadas à compra de drogas e ao fortalecimento das atividades ilícitas do grupo.
Os investigados poderão responder pelos crimes de tráfico de drogas interestadual, associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e integração em organização criminosa, com penas que, somadas, podem ultrapassar 41 anos de reclusão.
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