Um estudo preliminar conduzido por psicólogos da Universidade Deakin (Austrália) apontou que aprender a surfar pode ser benéfico para a saúde mental. A pesquisa contou com a participação de 36 crianças e adolescentes com idades entre oito e dezoito anos, e que apresentavam condições como ansiedade, déficit de atenção ou autismo.
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Segundo o levantamento, o surfe pode melhorar a autoestima e reduzir o isolamento social, auxiliando no tratamento da depressão e de outros transtornos mentais. O objetivo da pesquisa foi verificar os efeitos do programa de terapia de surfe Ocean Mind, que promove o esporte aliado a um espaço emocionalmente seguro.
Os participantes foram divididos em dois grupos: o primeiro participou de sessões de terapia de surfe enquanto o segundo ficou numa lista de espera. Durante o estudo, os jovens de ambos os grupos continuaram com seus cuidados habituais, que incluíam acompanhamento de um profissional de saúde mental.
O programa aconteceu por duas horas aos finais de semana, durante seis semanas. Cada sessão contou com instrução de surfe e suporte de saúde mental em grupo, todos conduzidos na praia. Ao final, aqueles que receberam terapia de surfe apresentaram reduções nos sintomas de depressão, ansiedade, hiperatividade e déficit de atenção. Já os que ficaram na lista de espera, tiveram um aumento desses sintomas.
Os pesquisadores observaram que, ao realizarem a atividade em ambiente natural, especialmente em "espaços azuis" (na água ou perto dela), os participantes apresentaram maior senso de conexão social, sentimento de realização e alívio dos fatores estressantes do dia a dia. Isso aconteceu por conta do foco necessário para surfar e da resposta fisiológica que inclui a redução dos hormônios do estresse e a liberação de neurotransmissores que elevam o humor.
Aqueles que receberam terapia de surfe também consideraram a atividade como uma maneira adequada e amigável de controlar os sintomas de transtornos de saúde mental. Além disso, os cientistas observaram uma alta taxa de adesão ao método (87%). Em comparação, a psicoterapia (terapia de conversa) costuma ter uma taxa de abandono de 28% a 75% entre crianças e adolescentes.
O próximo passo dos psicólogos é identificar a dose ideal de terapia de surfe em termos de frequência, quantidade de horas e duração do programa. "Também precisamos entender os fatores que mantêm essas mudanças iniciais positivas na saúde mental, para que quaisquer benefícios possam ser mantidos após o término do programa", explicou a pesquisadora responsável pelo estudo, Lisa Olive, em nota ao site The Conversation.
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