O estudo “Observando os Rios 2023”, realizado pela organização ambiental SOS Mata Atlântica, revelou que apenas um dos 43 rios nordestinos monitorados possui índice de qualidade da água considerado bom. Apenas a Lagoa do Bonfim, localizada no Rio Grande do Norte, atingiu um patamar satisfatório. Ainda segundo os dados analisados pela Agência Tatu, a maioria dos rios monitorados do Nordeste apresenta uma qualidade da água regular. Vale ressaltar que o estudo não avalia todos os rios da região, mas apenas os que pertencem às regiões de bacias hidrográficas de Mata Atlântica.
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O relatório do SOS Mata Atlântica indica que, em geral, os principais rios brasileiros estão com índices alarmantes de qualidade da água, o que tem impacto negativo na disponibilidade e agrava a escassez e exclusão hídrica.
Além do único rio que apresenta índice bom de qualidade da água, nenhum rio da região apresentou qualidade como ótima, 39 apresentaram a condição regular, três foram classificados como ruins e nenhum foi registrado como péssimo. São considerados ruins o rio Capibaribe, que nasce na Serra de Jacarará e passa pela cidade de Recife, em Pernambuco; o Rio Catu, que é da região metropolitana de Salvador, na Bahia; e a Lagoa da Parangaba, que é a maior em volume de água de Fortaleza, capital do Ceará.
Todos estes rios já foram marcantes não só por suas características naturais, mas também por sua importância para as comunidades locais, sendo utilizados para pesca, navegação e outras atividades econômicas. No entanto, atualmente, eles possuem grande nível de poluição e insalubridade da água, o que compromete a saúde dos ecossistemas e das pessoas que dependem desses recursos hídricos.
Segundo o relatório do SOS Mata Atlântica, os índices registrados estão diretamente relacionados às condições insatisfatórias de saneamento básico no país, visto que menos da metade da população tem acesso a esse serviço. A qualidade da água está diretamente ligada à saúde das populações, do ambiente e da sustentabilidade da região.
O Nordeste é uma das regiões com maior quantidade de rios sob monitoramento, ficando atrás apenas do Sudeste, que apresenta 91 rios monitorados. O Sul teve 22 rios monitorados, enquanto o Centro-Oeste tem somente quatro.
A análise do Observando os Rios - A metodologia utilizada pelo estudo “Observando os Rios” leva em consideração parâmetros de percepção além dos indicadores físicos, químicos e biológicos. São verificados 16 parâmetros do Índice de Qualidade da Água (IQA), que incluem temperatura da água e do ambiente; turbidez; presença de espumas e lixo flutuante; odor; quantidade de material sedimentável; presença de peixes, larvas e vermes vermelhos, escuros e transparentes; além de coliformes totais; oxigênio dissolvido (OD); demanda bioquímica de oxigênio (DBO); potencial hidrogeniônico (pH); fosfato (PO4) e nitrato (NO3).
Esse índice é baseado em uma escala que varia de 0 a 100, sendo que quanto maior a pontuação, melhor a qualidade da água. Para classificar a qualidade da água são utilizadas cinco categorias: ÓTIMA (acima de 40,1), BOA (entre 35,1 e 40), REGULAR (entre 26,1 e 35), RUIM (entre 20,1 e 26) e PÉSSIMA (abaixo de 20).
“Poluir um corpo d ‘água é rápido, porém sua recuperação é lenta”, como é descrito no relatório SOS Mata Atlântica. Eles complementam ainda que a solução para despoluir e recuperar os rios ocorre por meio do fortalecimento e da implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e dos instrumentos de governança e gestão da água. Até o momento do fechamento desta reportagem, não houve resposta das Secretarias de Meio Ambiente da Bahia, Pernambuco e Ceará sobre as possíveis políticas públicas voltadas à melhoria da situação dos rios considerados como ruins.