"Só queria me salvar", diz alagoana que pulou do 5º andar de prédio em Salvador

Publicado em 13/06/2024, às 10h26
Reprodução/TV Globo
Reprodução/TV Globo

Por TNH1 com g1 Bahia

Hilda Francine, a alagoana que pulou do quinto andar de um prédio de luxo, em Salvador, informou que tomou a atitude após ser vítima de agressões do namorado Igor Costa Campos. Ela concedeu entrevista ao programa Encontro, da TV Globo, na manhã desta quinta-feira (13).

"A única saída que tinha era a janela. Não vi se era alto, só queria me salvar", relatou a alagoana que estava grávida no momento da queda.

Hilda Francine teve fraturas múltiplas no corpo e um corte em uma articulação da pelve. Apesar das lesões graves, ela recebeu alta médica no dia seguinte e se recupera em casa.

"Ele estava muito descontrolado, me deu banho de cerveja, sentou em cima da minha barriga, me dava socos no estômago e fumava as coisas dele e jogava na minha cara", contou a mulher.

O caso ocorreu no último domingo (9), em um condomínio de luxo, na Avenida Luís Viana Filho (Paralela). Igor foi preso em flagrante e teve a prisão convertida em preventiva na terça-feira (11). Ele nega ter cometido as agressões.

"Em nenhum momento ele tentou me ajudar e me deixou sair. Ele só dizia que queria me matar, pegava meu cabelo, fazia um nó e me jogava de um lado para o outro", reforçou a vítima. "Eu só clamava por Deus e ele me chamava de falsa samaritana. Eu falei que Deus ia mostrar quem sou e eu sou honrada", complementou.

Agressão começou após pedido de ajuda

Hilda Francine contou ao programa que começou a ser agredida após pedir para Igor Costa Campos levá-la no hospital. Grávida, ela percebeu que estava sangrando e acreditava que poderia perder o bebê. "Ele se negou e começou a me agredir, porque estava sob efeito de drogas".

A mulher relatou que, durante as agressões, o suspeito ria, humilhava e xingava bastante. "Ele falava: 'Você já está morta, entenda que você já está morta'. Tentei sair [do apartamento] várias vezes, mas ele me puxava pelo cabelo, dava cabeçada, socos, pontapés, mordidas, voadoras, me jogava e subia em cima de mim", lembrou, emocionada.

Após receber alta hospitalar, Hilda Francine ainda se recupera dos ferimentos. Ela não confirmou se continua grávida ou se perdeu o bebê. "Não estou dormindo, tendo assistência médica, psicológica. Não tenho condições de fazer nada. Estou totalmente dependente dos outros".

O que diz o suspeito?

Durante o depoimento, Igor Costa Campos admitiu ter mordido a vítima e puxado os cabelos dela, mas negou as demais agressões. De acordo com a versão apresentada por ele, foi ela quem teve uma crise de ciúmes por conta de uma videochamada feita por ele dias antes.

Na ligação em questão, o homem estava acompanhado de outra garota, o que teria incomodado sua companheira. Ele relatou que a mulher chegou no apartamento "transtornada" e "fazendo escândalo" ainda na sexta-feira (7) e que ela teria jogado coisas pelo apartamento. O suspeito também afirmou que a mulher sofre depressão e dizia que iria se matar, acrescentando que ela se jogou da janela quando ele teria dito que pretendia terminar a relação.

Diante dessas versões, o g1 reuniu abaixo o que se sabe e o que falta esclarecer sobre o crime. Confira:

Quais as circunstâncias da queda?

A vítima relatou à Polícia Civil que começou a ser agredida na manhã de domingo (9), com Igor acusando-a de ter se relacionado com "conhecidos" dele. Mas à medida que a mulher negava, o suspeito reagia com agressões.

Foram chutes, murros e xingamentos, como "put*", "nojenta" e "falsa". Algumas frases reproduzidas no inquérito foram:

"Seu lixo! Você merece isso, sua vagabunda" e "Isso que você merece, sua put*, vagabunda. Acha que vai me enganar?".

A vítima contou que conseguiu se desvencilhar do homem em determinado momento. Foi aí que ela se trancou no quarto e "num ato de desespero, para não apanhar mais dele, se jogou da janela do apartamento".

A ocorrência foi registrada no início da tarde. Um homem que estava no prédio e depôs como testemunha disse que viu a vítima caída após ouvir um grito seguido de um estrondo. Ele foi o responsável por acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a polícia.

O que aconteceu após a queda?

Uma fonte que acompanhou o resgate disse que a vítima caiu em cima de um elevado de madeira, que amorteceu a queda. Ainda não foi possível confirmar a altura da qual ela caiu.

Ensanguentada e com dores no corpo, a mulher se manteve consciente enquanto aguardava o socorro. Depois, a equipe de saúde a levou para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde ela permaneceu internada até receber alta médica, no fim da tarde de segunda (10).

Já o suspeito foi inicialmente contido por vizinhos. De acordo com depoimentos de outras testemunhas, quando a guarnição da 82ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/CAB-Paralela) chegou ao apartamento, ele estava agitado, falando palavras desconexas e dizendo que "não queria mais viver" diante da morte recente do pai.

O homem não ofereceu resistência à prisão, por isso os militares informaram que não foi preciso usar algemas para detê-lo.

Briga foi motivada por gravidez?

Informações iniciais repassadas por fontes da polícia à TV Bahia indicaram que o casal teria brigado após a vítima revelar que estava grávida. Mas os depoimentos registrados apontam que a gravidez já era de conhecimento dos dois — a descoberta foi em maio. Tanto a mulher quanto o suspeito afirmam que ele pediu um exame de DNA.

O conflito que antecedeu a briga estaria relacionado a uma crise de ciúmes. O suspeito acusava a vítima de traí-lo com "conhecidos". A mulher também teria se chateado após vê-lo ao lado de uma garota em uma videochamada gravada dias antes.

No depoimento, ela disse ainda que sofreu um escape de sangramento quando voltava de ônibus para Salvador, na última sexta-feira (7). Já o suspeito disse que ela o culpou por ter perdido o filho.

O g1 tenta contato com a jovem para apurar se ela ainda está grávida, mas não houve retorno.

Como era o relacionamento do casal?

Os dois se conheceram no trabalho da vítima há cerca de 30 dias e, desde então, vinham se relacionando.

A mãe do suspeito, que também depôs à polícia, disse que chegou a ser apresentada à "paquera" do filho. Segundo ela, o casal vivia junto há duas semanas.

Vizinhos também comentaram a relação, apontando que eram constantes os registros de briga e uso de drogas ilícitas pelo casal. De acordo com a vítima, no dia das agressões, Igor fazia uso de álcool, maconha e cocaína.

O que diz a defesa do homem?

Em contato com a TV Bahia, o advogado Carlos Magnavita, que representa Igor, disse que seu cliente "não agrediu a vítima em momento algum". "Pelo contrário, disse que tentou evitar que a vítima se jogasse do quinto andar, que ela antes disso teve uma discussão com ele e que se trancou no quarto", afirmou o defensor.

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