Freadas bruscas, falta de atenção com passageiros que possuem necessidades especiais e ônibus que passam do ponto sem parar. Quem utiliza o transporte público em Maceió sempre tem uma dessas reclamações para contar.
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A reportagem do TNH1 foi às ruas e ouviu as queixas dos usuários na manhã desta quarta-feira (23). Entre as principais reclamações está a alta velocidade dos coletivos, como relata a podóloga Antonia Oliveira. Por esse motivo, ela diz que sente medo de pegar ônibus após às 21 horas. “Um dia marquei a hora e o motorista levou 25 minutos da Ponta Verde até o terminal do Benedito Bentes”, conta. “Esse trajeto costuma durar 45 minutos, imagine a velocidade que íamos”, acrescentou.
De acordo com a Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) de Maceió só este ano foram registradas 153 denúncias de usuários do sistema de transporte rodoviário municipal através da Central de Atendimento do órgão. A média é de 25 por mês. Desse total, 64, ou seja, 41% se referiram à queima de paradas pelos motoristas, que circulavam em alta velocidade.
Veja o depoimento completo da podóloga:
A aposentada Gedalva conta que quase quebrou um braço após um freada brusca do ônibus, nas imediações do Cepa, no bairro do Farol. “Também já fiquei no ponto porque o motorista não quis parar”, relatou.
Ainda de acordo com a SMTT, entre os meses de janeiro e junho de 2017, foram 38 usuários que relataram atrasos de viagens e 32, condutas inadequadas dos rodoviários, como comportamento grosseiro, excesso de velocidade, freadas bruscas entre outras. Ainda foram registradas 19 reclamações de desvio de itinerário.
Assista ao depoimento de dona Gedalva:
Por outro lado, o motorista de ônibus José Lourenço alega que muitas dos problemas acontecem por conta da falta de educação dos passageiros e da imprudência de outros motoristas, de carros menores. “Muitas vezes os usuários atravessam na frente do carro, provocando a freada”, explica.
Assista:
A SMTT explicou ao TNH1 que após o recebimento das denúncias é gerado um protocolo, que é encaminhado para o setor competente e, em seguida, entra em um cronograma de fiscalização. A superintendência explicou também que a fiscalização pode ser acompanhada de uma visita técnica, onde poderá ser elaborado um projeto para resolver o problema em definitivo.
Segundo o órgão, reclamações referentes a comportamento ou conduta inadequada dos motoristas são separadas por período e, em seguida, empresas e motoristas são notificados, multados (R$ 78), e recebem uma advertência. Nos casos de reincidências, da empresa ou do motorista, é gerada uma nova multa de mesmo valor, e caso o motorista seja o mesmo ele é obrigado a fazer um curso de aperfeiçoamento.
Casos de acidentes com morte envolvendo ônibus também são acompanhados pela SMTT. Entre as ocorrências, estão duas no Jardim Petrópolis. O primeiro caso teve como vítima Bernadete Rocha, gravemente ferida após ficar com as pernas presas às rodas do veículo, no dia 8 de junho. Ela morreu 11 dias depois, no HGE. O segundo caso levou à morte de João José da Silva, quando tentava atravessar a rua, utilizando uma muleta, no dia 14 de julho.
Sindicato defende rodoviários
O TNH1 conversou com o tesoureiro do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado de Alagoas (Sinttro-AL), Sandro Regis. Segundo ele, a entidade orienta os motoristas a obedecerem as regras, como parar no ponto e respeitar o limite de velocidade. Além disso, eles pedem calma e respeito em relação aos veículos menores.
Regis explica, no entanto, que há outros motivos que acabam atrapalhando os motoristas. “A gente orienta que pare no ponto, que não faça distinção de ninguém. Mas há os casos em que o letreiro do ônibus dá alguma mensagem, como bom dia, boa tarde ou boa noite, ou ainda informa um itinerário maior, e não dá tempo de o usuário ler o letreiro a tempo de pedir para o ônibus parar”, argumenta.
Já sobre atraso de viagens, o tesoureiro explicou que as empresas têm reduzido a frota para equalizar as contas, o que acaba sobrecarregando os motoristas. “Tem escala que é absurda, e a empresa reduz a frota para equilibrar a conta”, diz.
COMO DENUNCIAR?
Denúncias e reclamações podem ser feitas através da central telefônica da SMTT, no número 118. A SMTT recomenda que para registrar é necessário informar o local da ocorrência, o horário em que ela aconteceu, a linha e o número do veículo (fica na lateral ou parte traseira do ônibus).
As denúncias podem ser feitas de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, exceto em feriados. Nos casos registrados nos feriados e nos finais de semana, o usuário pode anotar os dados necessários e entrar em contato com a central 118 no dia útil seguinte.
Sobre os casos de queima de paradas de ônibus, a assessoria da SMTT disse ainda que há uma série de casos em que os ônibus param e os usuários, estando no ponto ou não, “não sobem no veículo a tempo por estarem distraídos”, e que nesses casos não há penalidades para os motoristas ou para as empresas.
“Esses casos são registrados nos GPSs dos ônibus. Quando conseguimos a leitura de que o coletivo parou de 30 a 40 segundos no ponto relatado como queima isso é desconsiderado, e casos aparecem muito e em números consideráveis”, relatou o assessor do órgão.
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