O início da vacinação e as flexibilizações das medidas adotadas pelos governos para o enfrentamento à Covid-19 têm causado uma falsa impressão de fim da pandemia, o que preocupa autoridades sanitárias em todo o Brasil. Em Alagoas, que recentemente ampliou o horário de funcionamento de bares e shoppings, além de autorizar a retomada gradual de teatros e cinemas, a pandemia segue em tendência de descontrole, o que já foi alertado esta semana pelo Observatório da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
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O alerta mais recente, na noite dessa quarta-feira (19), veio do próprio secretário de estado da Saúde, Alexandre Ayres, que, através das redes sociais, chamou atenção para a alta na taxa de ocupação de leitos de UTI exclusivos para tratamento da Covid em Alagoas.
"Os números estão subindo e precisamos da ajuda da população. Somente hoje, registramos 83%. Usem máscaras e evitem aglomerações porque, ainda, estamos em pandemia e contamos com vocês", apelou o secretário.
Conforme relatório da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), a taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid chegou a 90% ontem (19) em Arapiraca, segundo maior município do estado. Na capital, a taxa ficou em 85%. Em ambos os casos, a ocupação está acima do limite recomendado pelo Comitê Científico do Consórcio Nordeste (C4NE) para adoção de lockdown.
Somente 11% da população alagoana está imunizada com as duas doses da vacina
O Observatório Alagoano de Políticas Públicas Para o Enfrentamento à Covid, da Ufal, já concluiu que o caminho mais seguro para a retomada das atividades sem riscos é a partir da imunização coletiva, isto é, quando a maior parte da população estiver vacinada contra o vírus.
A vacinação no estado, no entanto, está distante deste momento. O último boletim do Observatório trouxe que até o fim da 19ª Semana Epidemiológica (SE), esse domingo (16), Alagoas aplicou 786 mil doses das vacinas contra a Covid, sendo 541 mil correspondente à primeira dose e 245 mil à segunda, que corresponde a 25% e 11% da população adulta alagoana, respectivamente. "Vacinação é o caminho mais eficiente para que saiamos da atual situação", diz o observatório.
Coordenador do Observatório Alagoano de Políticas Públicas Para o Enfrentamento à Covid-19, Gabriel Bádue. Foto: Cortesia ao TNH1
Gabriel Bádue, coordenador do Observatório, ressalta que as medidas de controle são essenciais até que os efeitos da vacinação possibilitem o relaxamento, 'como tem sido visto em outros países onde o processo vacinal está em estágio avançado'.
"Apesar da flexibilização das medidas anunciadas nas últimas semanas, a pandemia em Alagoas ainda não apresenta evidências de controle, como mostra o comportamento da incidência de casos que há cerca de cinco semanas se mantém em um platô próximo dos 4,5 mil casos e, sobretudo, a ocupação das UTIs, que desde a semana passada tem voltado a apresentar ocupação superior a 80%", disse ele ao TNH1.
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