Shein lança programa que paga até R$ 25 mil a brasileiros; veja como funciona

Publicado em 18/01/2024, às 08h41
Shein/Divulgação
Shein/Divulgação

Por Extra Online

A gigante chinesa de fast fashion, Shein, lançou nesta quarta-feira um programa no Brasil voltado para os criadores de moda no país. Atualmente, a empresa tem esse programa em mais de 20 países.

Inaugurado em 2021 nos Estados Unidos, o 'Shein X' quer fomentar o desenvolvimento de artistas e designers brasileiros em ascensão para que criem coleções de moda para a plataforma com cores locais. É mais um passo da varejista on-line de vestuário para reforçar seu compromisso com o mercado brasileiro.

Os artistas escolhidos receberão um crédito de R$ 5 mil a R$ 25 mil para desenvolver as peças. Há ainda uma comissão sobre as vendas dos produtos, mas o valor não foi revelado pela empresa. No entanto, os direitos de propriedade intelectual das peças passam a pertencer à Shein. Os participantes não são contratados pela empresa, apenas usam a plataforma para viabilizar a venda de suas criações.

A Shein testou um projeto-piloto do programa no Brasil no ano passado, e já conta com mais de 200 designers e artistas nacionais em seu portfólio.

— Mais de 400 produtos, inclusive, foram lançados e já temos best-sellers — diz Raquel Arruda, diretora de Marketing da Shein no Brasil.

Ela explica que, atualmente, peças desenhadas no Brasil são produzidas na China, mas, com a expansão do Shein X no país, a companhia talvez considere a possibilidade de produção nacional.

A executiva fala que a chegada do programa ao Brasil é parte da estratégia da companhia iniciada no ano passado de levá-lo além dos EUA e da Europa, incluindo outros mercados relevantes como México e Japão. Ela diz que o Shein X favorece a estratégia da empresa de oferecer aos consumidores uma "moda acessível" e com rápida entrega.

Adaptação à logística

"Com o programa, a Shein ajuda artistas e designers brasileiros com oportunidades reais de negócios, capacitando-os a ter a criatividade reconhecida globalmente", diz Raquel. "Os designers e artistas têm acesso ao modelo de negócios exclusivo da Shein, que permite a produção em pequenos lotes sob demanda, além de acesso a uma logística rápida. No estágio de desenvolvimento técnico, a Shein é capaz de operar em um curto período entre o envio de um projeto de design, o desenvolvimento da primeira amostra e a criação do protótipo."

Ela ressalta que o programa tem uma equipe técnica que executa as etapas de modelagem na cadeia de suprimentos e de produção das amostras das peças criadas. Tudo é feito de forma digital, o que abre oportunidades para criadores de todo o Brasil.

O critério de avaliação para a entrada no programa é a qualidade dos portfólios, diz a empresa. Os artistas não precisam ter formação em moda. Vale mais a criatividade e a originalidade.

Varejo 'figital' para o cliente comprar onde e quando quiser - Só podem participar designers com nacionalidade brasileira. Artistas devem enviar seus portfólios com as artes e ilustrações que desejem submeter à equipe do Shein X. Designers precisam mandar no portfólio ilustração de moda digital, desenho técnico digital e, se disponível, fotos de produtos fabricados.

'Nacionalização' da empresa - A chegada do programa ao Brasil sinaliza o interesse que a gigante asiática tem feito para fincar os pés no mercado brasileiro de moda. Por outro lado, a iniciativa abre mercado para criações brasileiras. Consumidores de todo o mundo podem comprar produtos criados por brasileiros na plataforma da multinacional chinesa, atualmente sediada em Cingapura.

A popularidade da varejista no país acirra a concorrência no e-commerce brasileiro. Esse plano de "nacionalização" da Shein tem avançado desde que a discussão sobre a taxação de compras internacionais on-line ganhou espaço na agenda do governo, em abril do ano passado.

Naquele mesmo mês, após ter acordado com o governo brasileiro sua adesão ao programa 'Receita conforme' (que prevê isenção do imposto de importação para compras de até US$ 50), a Shein anunciou a intenção de firmar parcerias com fabricantes brasileiros a fim de nacionalizar 85% dos seus produtos.

A SHEIN não abre fábricas em lugar nenhum do mundo. Em 2023, a SHEIN anunciou um investimento de R$ 750 milhões para fornecer tecnologia e treinamento aos fabricantes parceiros.

A expectativa da SHEIN é que, até o final de 2026, cerca de 85% de suas vendas sejam locais, tanto de fabricantes como de vendedores.

Hoje, a varejista chinesa já tem parcerias com 330 fábricas brasileiras espalhadas em 12 estados. Entre os 200 designers brasileiros que já trabalham com a Shein, Raquel Arruda destaca alguns participantes do projeto-piloto, que contou com representantes de vários estados.

A designer Lorrane Andrade, de 25 anos, por exemplo, teve suas peças esgotadas em dois meses após o lançamento, sendo que os modelos plus-size foram todos vendidos em um mês. Uma ilustração do artista Gabriel Sá, de 27 anos, estampa uma das camisetas mais vendidas no âmbito do programa no país, dentro do conceito "Brasilidades". Ele atua como ilustrador freelancer e encontrou no programa uma nova forma de apresentar seu trabalho. Já lançou 11 produtos pela Shein.

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