Contextualizando

Num Estado de alto nível de analfabetismo, Bienal Internacional do Livro de Alagoas é sucesso

Em 13 de Agosto de 2023 às 12:10

Desde 6a feira, 11, e até 20 de agosto acontece, no Centro de Convenções de Maceió, a 10a Bienal Internacional do Livro de Alagoas.

É uma iniciativa da Universidade Federal de Alagoas, neste ano em parceria com o Governo do Estado.

A professora Sheila Maluf, coordenadora da Bienal, dá detalhes do evento:

– O que esperar da 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas?
– Essa é a primeira Bienal após a pandemia e, portanto, está sendo muito aguardada. Teremos mais de 80 palestras, mesas redondas, debates, contações de histórias, espetáculos teatrais , de música e poesia. Enfim, a cultura efervescente para as pessoas que quiserem aproveitar . Teremos mais de 400 editoras representadas e distribuídas nos 130 estandes . As escolas (municipais, estaduais e particulares) já fizeram seu agendamento e teremos 30 ônibus de estudantes por período, manhã, tarde e noite. A criançada, durante o dia vai se deparar com personagens saídos das histórias que também estarão “passeando” na Bienal. Enfim, tudo pensado com muito carinho para agradar a todos os públicos e idades.

– Como surgiu a idéia de criar a Bienal?
– Em 2005, quando eu estava como diretora da EDUFAL, a qual fiquei 9 anos, decidi fazer uma Bienal do Livro em Alagoas. Essa foi a segunda, porque a primeira já tinha ocorrido alguns anos antes sob o comando da profa. Leda Almeida. Foi a I Bienal do Livro e da Arte . Aí , em 2005, quando fui visitar o Centro de Convenções pra fazer,  ainda estava em construção e aí resolvemos fazer no Clube Fênix. Foi um sucesso na época e tivemos 50mil pessoas. No último dia desta Bienal, eu já estava no Centro de Convenções reservando a pauta para a terceira que ocorreria em 2007 e também conseguindo da Câmara Brasileira do Livro a autorização de torná-la internacional. Essa, que seria a terceira em 2007, tivemos 100 mil pessoas, a de 2009 , 150 mil e a de 2011 , mais de 200 mil. E eu sempre dizia “cabe mais”.

– Os resultados têm sido satisfatórios? 
– Sim , sempre superam as nossas expectativas . A adesão das escolas é muito importante e isso não acontece por acaso. Quando em 2005 ninguém sabia direito o que era a Bienal , nós íamos de escola em escola conquistar as diretoras e professoras que fizessem as visitas e levassem as crianças. Para isso contei na época com a Profa. Irene e a Lydia que já tinha um bom acesso às escolas. Esse trabalho ” de formiguinha foi feito durante as primeiras bienais e o resultado, atualmente, é que se tivéssemos mais espaço, ainda teríamos mais estudantes visitando a Bienal.

– Como explicar que num Estado de alto índice de analfabetismo um evento de livros alcance sucesso?
– Eu sempre respondi a essa pergunta da seguinte forma: se vc tem o que oferecer , com qualidade e sem custo, as pessoas vão e gostam . Se você não faz um evento como esse da Bienal do Livro porque o Nordeste, e Alagoas tem um alto índice de analfabetismo, vc está se conformando e se acomodando com a situação. Nós temos que trabalhar para reverter o processo e eu acredito que funcione !

– Outro aspecto a considerar: hoje em dia praticamente não temos mais bibliotecas…
– Infelizmente temos cada vez menos bibliotecas . As bibliotecas estão tendo que se reinventar . A Mira e a Wilma  Nóbrega sempre fizeram um excelente trabalho de despertar para a leitura , concursos, eventos, enfim , sempre atuando fortemente no incentivo da leitura. A internet ajuda, mas tem seu lado negativo, os alunos cada vez escrevem menos e mais errado. No último ano que dei aula, me surpreendi em uma prova escrita do quarto ano da faculdade que alguns alunos não sabiam dividir sílaba.

– Há de se reconhecer que Alagoas, apesar de tudo, tem se destacado na cultura brasileira, especialmente na literatura…
– O alagoano gosta de cultura ! Não é a toa que a Bienal e outros eventos culturais em Alagoas fazem sucesso. Precisamos é de mais eventos e que o poder público ajude a realizá-los . O problema maior é que cultura custa caro e se não houver ajuda, fica realmente difícil a realização dos mesmos. Na Secretária de Cultura, Mellina Freitas tem feito um excelente trabalho a frente da SECULT e, sempre que pode incentiva os eventos e os projetos culturais.

– Qual a expectativa de movimentação financeira da Bienal deste ano?
– Baseados em relatórios e edições anteriores estimamos uma circulação em torno de 5 milhões de reais

– Quantos títulos estarão disponíveis?
– Nós teremos mais de 400 editoras em 130 estandes . Acredito que possamos chegar a 15 mil títulos expostos. Vamos balizar isso com nossa pesquisa feita durante o evento.

– Há muitos autores alagoanos inscritos?

– Sim, até teremos mais de trezentos lançamentos de autores alagoanos. Só da Edufal serão 100 lançamentos.

– É possível realizar um evento desse porte sem parcerias?
– Não é possível a realização desse porte de evento sem parceria. No nosso caso, o governador se sensibilizou com o projeto da Bienal e aceitou a ser realizador juntamente com a Ufal. Ainda tivemos o patrocínio do Sebrae e alguns apoio como a Natura e o Hotel Ponta Verde.

OBS: Matéria publicada originalmente na revista Alagoas S.A.

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