Polícia

Sete dias, sete mortes: Pilar volta a ser palco da violência em guerra de traficantes

Entre as vítimas estão parentes de traficantes e pessoas que tinham envolvimento com crimes

09/03/16 - 15h00
TNH1/Arquivo

Após um período de calmaria, a cidade de Pilar voltou a ser palco de crimes violentos. Em sete dias, sete pessoas foram assassinadas, no que o delegado regional da cidade, Manoel Wanderley, caracterizou como uma guerra do tráfico de drogas, onde as últimas vítimas são parentes de traficantes.

De acordo com o delegado, os crimes teriam a mesma motivação, uma guerra declarada pelos traficantes pelo domínio do comércio de drogas na cidade. “Um grupo de criminosos preso em 2013 foi liberado em junho de 2014 e se reagrupou. Agora eles estão querendo retomar as bocas de fumo que foram assumidas por outros grupos com as prisões deles”, explicou o delegado.



“Tudo começou com a morte dos familiares de um traficante, que acabou determinando que seus comparsas matassem parentes de traficante do outro grupo de criminosos. Assim, pessoas que não têm ligação com o crime na cidade estão morrendo”, destacou.

As primeiras vítimas foram registradas no dia 2 deste mês. O ex-reeducando Felipe Agenor Lima Firmino e Germino Jacinto da Silva Júnior, apontado pelo delegado como pai de um traficante da cidade, foram emboscados na Chã do Pilar. Felipe morreu no local do crime, e Germino chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital da cidade.

Robson dos Santos Sales, de 27 anos, foi morto com o pai, Jailton Cipriano ma Chã do Pilar. - Credito: Redes Sociais

Outros quatro crimes foram registrados na última terça-feira (9), ontem. Em um dos casos, pai e filho foram mortos. As vítimas foram identificadas como Jailton Cipriano de Sales, de 50 anos, e Robson dos Santos Sales, de 27 anos. Eles chegaram a dar entrada no mini-pronto socorro da cidade, mas não resistiram à gravidade dos ferimentos e faleceram. O delegado informou que eles são pai e irmão de um traficante da região, e que teriam morrido por vingança.

Arnaldo de Oliveira gravou um vídeo em uma festa momento antes de ser morto - Crédito: Redes Sociais

Ainda ontem, Arnaldo de Oliveira Veloso, foi assassinado na Chã do Pilar, durante a madrugada. O Instituto Médico Legal registrou a entrada do corpo no começo da manhã, às 7h20. Arnaldo chegou a gravar um vídeo em uma comemoração, que foi repassado em redes sociais, momentos antes do crime acontecer (assista abaixo). No fim do dia, às 21h horas, outro crime foi notificado na Chã do Pilar. Desta vez a vítima era José Cícero Nogueira dos Santos. O ato foi registrado no Conjunto Frei Damião.

O último caso foi registrado na madrugada de hoje. Ailton Francisco dos Santos, 53 anos, foi executado com 18 disparos de arma de foto na porta da Secretaria Municipal de Urbanismo, no Centro da cidade. Os disparos foram concentrados na cabeça, no tórax e no braço da vítima.

A onda de violência chamou a atenção da cúpula da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de Alagoas, tanto que, ontem, o secretário Alfredo Gaspar de Mendonça esteve na cidade na cena de um dos crimes, onde Jailton e Robson foram assassinados.

De acordo com o delegado Manoel Wanderley, Alfredo garantiu apoio do aparato da SSP para reduzir a onde de violência. “Ele me garantiu a implantação de uma delegacia de plantão na cidade, assim como um reforço no policiamento ostensivo. Assim como fizemos em 2013, quando abordávamos todo mundo, a qualquer hora do dia, com apoio da Polícia Militar e da Força Nacional. Só assim poderemos reduzir a criminalidade na região”, acredita ele.

Para o delegado os grupos criminosos que atuam na cidade tem relação com grupos que atuam em outro município e podem estar ligados a um preso do sistema prisional.

“Esses criminosos tem ligação com pessoas das cidades de Maceió, Rio Largo, Atalaia e Marechal Deodoro. Além disso, durante o tempo em que esses possíveis suspeitos estiveram presos ele teriam se associado a integrante de uma facção criminosa de São Paulo, que estaria no comando de um desses grupos”, aponta.

Hoje o secretário deve se reunir com o delegado e com o diretor de polícia judiciária da região, delegado Cícero Lima, para traças as medidas referentes à explosão da violência no município.

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