Sem segurança e sem seguro: lojas do Centro convivem com risco iminente de incêndios

Publicado em 16/10/2015, às 12h53
Imagem Sem segurança e sem seguro: lojas do Centro convivem com risco iminente de incêndios

Por Redação

Centro possui pontos críticos e quase nenhuma loja segurada (Crédito: TNH1 / Dayane Laet)

Centro possui pontos críticos e quase nenhuma loja segurada (Crédito: TNH1 / Dayane Laet)

Basta levantar o olhar ao caminhar pelas ruas do comércio de Maceió, no Centro, para perceber que as construções erguidas no bairro estão, em sua maioria, mal conservadas e carentes de manutenção. Prédios antigos, alguns abandonados, ligados uns ao outros formam imensos blocos e, deles, sai um verdadeiro emaranhado de fios. A sensação é de que qualquer fagulha pode iniciar um incidente de grandes proporções.

Os números fornecidos pelo Corpo de Bombeiros de Alagoas confirmam a existência desse verdadeiro “barril de pólvora”. Somente no primeiro semestre deste ano, 589 incêndios foram registrados na Capital. Destes, 193 só na região central da cidade. O trecho, que vai do bairro da Pajuçara até o Trapiche da Barra, é observado de perto pelos Bombeiros, não só por sua localização, mas pela grande quantidade de pessoas que circula pela região, diariamente.

SEM SEGURANÇA E SEM SEGURO

O mais preocupante, no entanto, é que mesmo com a aparente vulnerabilidade das construções, quase nenhum empresário investe em seguro patrimonial. Uma pesquisa feita peloTNH1com alguns proprietários de imóveis comerciais no Centro constatou que apenas as franquias e lojas de grandes redes possuem algum tipo de proteção em caso de incêndio ou acidentes. A amostra colhida pelo portal foi comprovada pelo Sindicato dos Corretores de Seguro de Alagoas (Sincor), que confirmou o baixo número de lojas resguardadas por por algum tipo de seguro.

No ramo há quase 30 anos, o corretor Gustavo Henrique Olímpio da Silva, diretor financeiro do Sincor, explica que muitos empreendedores não recorrem ao seguro prevendo altos custos, o que pode ser um engano. "O investimento muitas vezes é pouco mais de 200 reais ao ano e pode garantir a sobrevivência do negócio, em caso de acidentes ou incêndios", explicou.

E não é só o investidor privado que deve aderir à opção preventiva. Empresas públicas, condomínios, prestadoras de serviço, entre outras, precisam e devem aderir, pelo menos ao Seguro de Responsabilidade Civil (SRC).

Considerando o que determina o artigo 927 do Código Civil, –"aquele que, por ato ilícito (artigos 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. O SRC garante o reembolso de indenizações que o segurado venha, por ventura, a ser chamado a pagar em consequência de lesões corporais ou danos materiais, por ele causados involuntariamente, seja por omissão, negligência ou imprudência, a terceiros ou a pessoas pelos quais possa responder civilmente".Saiba mais aqui.

O caso mais recente de incêndio ocorreu em setembro deste ano, em uma loja de bijouteria no calçadão do Comércio. Além de a proprietária perder completamente o investimento feito no empreendimento, lojas vizinhas correram riscos, já que as chamas se propagaram rapidamente. "Não sei o que vou fazer agora, perdi tudo", lamentou a dona da loja, no dia do incidente. 

Dois meses antes, também no calçadão do Comércio, a loja de eletrodomésticos Magazine Luiza também foi atingida por um incêndio durante a noite. O prejuízo contabilizado preliminarmente pelo gerente foi de pouco mais de R$ 2 milhões, porém tudo estava salvaguardado pelo seguro da rede Magazine.

Veja vídeo feito no local: 

Um internauta gravou o momento em que as chamas atingiram não só a loja, como também parte do prédio vizinho.

Assista:

ANTES DE FECHAR NEGÓCIO, OBSERVE OS DETALHES

Para quem quer investir em um negócio, o ideal é visitar o local das futuras instações e pedir detalhes sobre a estrutura ao proprietário. Segundo a arquiteta Elaynne Souza, a preocupação com saídas de segurança e instalações elétricas devem estar presentes já na concepção do ambiente.

"Existem normas que precisam ser aplicadas ainda no projeto, que podem interferir diretamente em casos onde se faça necessária uma evacuação imediata, por qualquer motivo", explicou.

Mas se a construção já está pronta, o ideal é o empresário visitar o local e observar se o ambiente possui trincas significativas. No caso de prédios antigos, o engenheiro civil Dommenycko Trindade aconselha que a vistoria seja feita com um profissional da área da construção.

"A administradora tem por obrigação entregar as instalações em perfeito estado antes dele ser ocupado", comentou. "Sem os cuidados necessários, principalmente com a fiação, o perigo duplica", acrescentou.

Ainda de acordo com o Engenheiro, a maresia não interfere diretamente na construção, caso ela tenha sido feita da maneira correta. "A fiação é feita de cobre ou alumínio, materiais que possuem certa proteção", disse. "Se acontecer algum problema dessa natureza, ele poderá ter sido causado por dois motivos: ou o projetista não fez o cálculo corretamente das fiações ou durante sua execução, foi usado um material inadequado", esclareceu Dommenycko.



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