O bloqueio do X,  antigo Twitter, no Brasil pode piorar as finanças da empresa de Elon Musk, governo divulga Orçamento de 2025 e outros destaques do mercado nesta sexta-feira (30). 

BRASIL SEM O X OU X SEM O BRASIL?

Elon Musk, o bilionário rival do ministro Alexandre de Moraes, pode ver as finanças do X (antigo Twitter) entrarem em situação ainda mais complicada em caso de bloqueio da rede social no Brasil pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

O país é um dos maiores mercados da plataforma, com mais de 20 milhões de contas, ocupando a sexta posição no ranking global. Ontem, a noite foi de memes com a possível saída.

No mundo, a rede possui 550 milhões de usuários.

NA CORDA BAMBA

A empresa tem lutado para atrair anunciantes desde a aquisição conturbada pelo bilionário.

Em 2022, os anúncios na plataforma foram estimados em aproximadamente US$ 2,5 bilhões (R$ 13,9 bilhões), aquém da meta de US$ 3 bilhões (R$ 16,7 bilhões), segundo a agência Bloomberg.

Mesmo antes da compra por Musk, o antigo Twitter já enfrentava dificuldades financeiras. A grande promessa do empresário era tornar a empresa lucrativa.

Uma das estratégias foi a implementação de assinaturas pagas para usuários verificados.

SIM, MAS...

Analistas estimam que o valor de mercado do X esteja atualmente 72% abaixo dos US$ 44 bilhões (R$ 246,9 bilhões) avaliados na venda em 2022. No final de 2023, uma queda de 50% no valor já havia sido confirmada pelo próprio Musk.

O desempenho financeiro fraco da plataforma e as tensões entre Musk e os reguladores são apontados como os principais motivos.

MAUS NEGÓCIO

De acordo com reportagem do Wall Street Journal, o empréstimo para a compra do Twitter foi o pior negócio do tipo para os bancos desde a crise de 2008.

Dos US$ 44 bilhões, US$ 13 bilhões (R$ 72,9 bilhões) foram emprestados para que o bilionário comprasse a maior parte da empresa. Entre os bancos envolvidos estão Morgan Stanley, Bank of America, Barclays e BNP Paribas.

Normalmente esses bancos revendem rapidamente essas dívidas para outros investidores, que terão no futuro o direito de receber o pagamento.

No entanto, poucos investidores querem assumir esse risco à espera dos pagamentos do X, deixando com os bancos as dívidas.

Musk revelou que os pagamentos anuais de juros do X somam cerca de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,4 bilhões), segundo o Wall Street Journal.

A participação de Musk no X vale mais de US$ 7 bilhões (R$ 39,4 bilhões), segundo o Bloomberg Billionaires Index, uma fração de seu patrimônio de US$ 202,1 bilhões (R$ 1,14 trilhão).

ENTENDA O PROCESSO NO BRASIL

A suspensão do X no Brasil é iminente porque a empresa desrespeitou uma decisão do ministro do STF, Alexandre de Moraes, que exigia a indicação de um representante legal no país.

O bilionário decidiu fechar os escritórios no Brasil após o ministro determinar a derrubada de contas e aplicar multas diárias de mais de R$ 1 milhão por descumprimento.

Moraes afirmou que a pena pela falta de representação legal seria a "imediata suspensão das atividades da rede social X até que as ordens judiciais sejam efetivamente cumpridas e as multas diárias quitadas."

RELEMBRE

A rixa começou com a divulgação do "Twitter Files Brazil", que revelou e-mails trocados por funcionários da rede, criticando decisões da Justiça brasileira sobre a propagação de notícias falsas e ataques ao sistema eleitoral.

Desde então, Musk passou a criticar Moraes no X, acusando-o de censura e ameaçando descumprir decisões judiciais, o que deteriorou ainda mais a relação entre a empresa e o STF.

CASOS DE FAMÍLIA

A XP Investimentos enfrenta uma acusação judicial por supostamente ter pressionado um funcionário a convencer o próprio pai a realizar uma operação financeira que resultou em prejuízo.

O empresário Marco Antonio Puerta exige que a corretora devolva os valores perdidos em uma transação de R$ 15 milhões, alegando que os riscos não foram informados.

Ele afirma que a XP prometeu bônus a seu filho, Gabriel Puerta, se ele incentivasse o investimento. Gabriel teria sofrido até ameaças para cumprir a tarefa.

Na última quinta-feira (22), o juiz André Augusto Salvador Bezerra concedeu uma liminar que suspende a cobrança de juros relacionados à operação.

O INVESTIMENTO

Marco Antonio Puerta tinha R$ 22 milhões investidos na XP. Ele foi induzido a retirar R$ 15 milhões de um fundo exclusivo, que conta com analistas dedicados, e aplicá-los em COEs (Certificados de Operações Estruturadas) por cinco anos.

Apesar dos bons rendimentos, o empresário passou a receber propostas para realocar os recursos logo após a contratação de seu filho pela empresa, no final de 2021.

A operação também envolveu um empréstimo também de R$ 15 milhões, com parcelas semestrais, na expectativa de que os rendimentos do COE cobrissem os juros e ainda gerassem lucro.

A defesa do empresário solicita a anulação da operação, a devolução dos valores e uma indenização de R$ 3 milhões.

O caso foi encaminhado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que regula as corretoras de investimentos e empresas de capital aberto.

ENTENDA

Os COEs não são o tipo de investimento mais popular no Brasil, mas uma opção interessante para quem desejar diversificar e tentar alcançar rentabilidade alta. Alguns modelos, porém, têm bastante risco.
Ele mistura características da renda fixa, como prazo de validade, à oscilação da renda variável, como o movimento do ouro, moedas, de ações

EVIDÊNCIAS

Mensagens anexadas ao processo revelam trocas de conversas entre Gabriel e seu superior, evidenciando a pressão para a conclusão da operação. 

Em uma das mensagens, o chefe pergunta se Gabriel acredita que a operação seria finalizada no mês, ao que ele responde: "Ansioso por isso. Tô precisando de bônus mais gordo."

O advogado do empresário afirmou à Folha que a relação entre pai e filho não foi afetada, e que Gabriel está colaborando com as investigações.

OUTRO LADO

A XP declarou que não comenta casos em andamento na Justiça, mas alegou que os "poucos fatos publicados estão fora de contexto" e que pretende recorrer da decisão.

2025 JÁ COMEÇOU

O governo federal apresenta nesta sexta (30) o que planejou em gastos para o ano que vem. O Orçamento federal será enviado ao Congresso e precisará de aprovação porque tem peso de lei.

Ele inclui informações como a previsão de arrecadação, despesas em cada ministério, valor do salário mínimo e uma nova projeção para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).

TRILHÕES

A lei exige que o governo feche 2024 e 2025 sem déficit, com as contas pelo menos no zero a zero. E as despesas totais só podem crescer até 2,5% acima da inflação.    

Este ano, a estimativa do Tesouro aponta que os gastos devem fechar em R$ 2,22 trilhões, acima das receitas, previstas em R$ 2,16 trilhões.

O QUE TEM DE NOVO

O projeto de lei do Orçamento propõe aumento de dois impostos: CSLL (Contribuição Social sobre Lucros e Dividendos) e do JCP (Juros sobre Capital Próprio).

A alta só entrará em vigor caso o governo não consiga compensar a desoneração da folha de empresas de 17 setores e de municípios.

ENXUGA

Para 2025, o governo prevê um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias, principalmente com a revisão de benefícios indevidos. 

Economistas ouvidos pela Folha de S.Paulo consideram o valor insuficiente.

Os números representam a primeira versão do Orçamento, que será revisado e discutido nos próximos meses. A área econômica discute mais reduções de despesas para 2025.

ENTENDA

Os cortes têm o objetivo de liberar espaço para outros gastos.

O problema é que várias áreas têm aumentado seus custos acima desse ritmo dentro do Orçamento devido às suas regras de reajuste. Entre elas: saúde e educação, aposentadorias e beneficiários do BPC.

MAS...

Como são gastos obrigatórios só podem ser revisados com amplas reformas.

A cúpula econômica discute propostas para conter esse ritmo de crescimento, mas a pauta enfrenta resistências da ala política e do presidente Lula.

O crescimento acima do previsto em 2024 exigiu que o governo congelasse cerca de R$ 15 bilhões em gastos livres para acomodar o aumento das despesas obrigatórias.

PARA LER

"Extremos — Quem são os culpados pela desigualdade no Brasil?, 368 páginas, Pedro Fernando Nery

Apesar de estar entre as dez maiores economias do mundo, o Brasil segue como um dos países mais desiguais. Estamos na 14ª posição, à frente de vizinhos como Paraguai, Argentina e Peru no ranking medido pelo Índice de Gini.

Os motivos são muitos, e foram alvo de estudos do economista Pedro Fernando Nery, que lançou o livro "Extremos — Quem são os culpados pela desigualdade no Brasil?" alguns meses atrás.

Na obra, ele mostra as diferenças entre algumas regiões do país, e entre os brasileiros que vivem nos lugares que visitou para fazer o livro.

Um dos contrastes está entre o distrito paulistano de Pinheiros, o lugar com o mais alto índice de desenvolvimento, e a amazonense Ipixuna, a cidade com pior colocação.

Nery tem doutorado pela Universidade de Brasília e é consultor legislativo do Senado para assuntos como "Economia do Trabalho, Renda e Previdência".

O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER

MERCADO DE TRABALHO - Discriminação racial tira R$ 14 bilhões de trabalhadores negros no Brasil, diz estudo. Além de maiores salários, brancos também tiveram aumentos reais superiores; mulheres negras são metade do 1% mais pobre.

MERCADO - BNDES aprova financiamento de R$ 500 milhões para maior mineradora de lítio do Brasil. Crédito vai ajudar no aumento da produção do mineral crítico para a transição energética.

BNDES - Mercado brasileiro é concentrado e precisa de aviões menores, diz Embraer. Fabricante planeja entregar 10,5 mil aviões comerciais de até 150 assentos até 2043.