Os brasileiros que foram às compras com a intenção de deixar o mercado com carnes vermelhas, batata, tomate ou cebola, provavelmente, levaram grandes sustos com a disparada de preço destes produtos no ano passado. Esses itens foram apenas alguns dos que mais contribuíram para a alta acentuada do preço dos alimentos no decorrer de 2015.
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Com a ajuda do avanço de preço dos alimentos, a inflação oficial do ano passado, que será divulgada na manhã desta sexta-feira (8), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), deve ficar próxima aos 11% e ser a maior dos últimos 13 anos.
Uma solução para driblar o avanço de alguns preços pode estar na substituição dos itens considerados essenciais por outros com valores nutricionais similares, mas que não sofreram tanto impacto da inflação no último ano. O economista e sócio-diretor da Méthode Consultoria, Adriano Gomes, avalia que a prática de trocar um produto por outro já é comum no dia a dia dos brasileiros.
— [O consumidor] tem que lidar com essa questão da substituição como se fosse uma balança de dois braços. Em um deles você coloca o dinheiro que seria gasto pela opção inicial e, na outra, o valor nutricional dos alimentos. [...] O brasileiro já é especialista nisso.
Para André Braz, economista do IBRE/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), a dificuldade maior para realizar a substituição está justamente na preferência pessoal por determinados produtos. Como exemplo, ele cita a troca de um tipo de feijão por outro.
— Se o consumidor conseguir vencer seus preconceitos e experimentar um novo feijão com o mesmo valor nutricional, ele já consegue economizar.
Até novembro do ano passado, a inflação do feijão variou entre - 3,09% (preto) e + 26,39 (mulatinho). No mesmo período, os preços do feijão-carioca e do feijão-fradinho subiram, respectivamente, 21,83% e 14,36%.
De acordo com os economistas, o mesmo caso do feijão pode ser aplicado para as carnes vermelhas, que sofreram forte impacto da alta dos preços no ano passado e podem ser substituídas pelo frango ou pelas carnes industrializadas. Braz, no entanto, avalia que os consumidores têm uma “arma desconhecida” para conter a inflação de preço desse tipo de alimento.
— Se ele está acostumado a comprar um quilo de determinado produto e passa a comprar menos, ele já está fazendo a parte dele no sentido de fazer com que aquele preço recue no menor prazo possível. [...] A maioria dos produtos são perecíveis, têm data de validade e ninguém está interessado em ver os seus produtos na gôndola. A única estratégia para vender rápido é a promoção.
Sem substituto
Há ainda alguns itens que pesaram significativamente no bolso dos brasileiros no decorrer de 2015, mas que não possuem substitutos similares, como a cebola, a batata, o alho e o tomate. Nestes casos específicos, Braz defende que a maneira ideal para lidar com o aumento nos preços é garantir a economia em outros itens.
— Para esses produtos que não têm substitutos, você vai ter que economizar em outros que têm. Então, uma economia que você faz no sabão em pó, por exemplo, já te permite comprar o alho sem grande impacto na sua renda.
Gomes, por sua vez, ressalta que o consumidor “deve ousar” em todos os casos para escapar da inflação de dois dígitos apresentada por esses itens sem substitutos óbvios.
— Existem alternativas de utilização de temperos que não estão no nosso cotidiano. Então, valeria a pena buscar um novo cardápio. No caso da batata, dá para procurar o inhame ou a batata-doce, que possui um riquíssimo valor nutricional.
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