"Se ele for liberado, vou ser a próxima", diz advogada de mulher de italiano e viúva de vítima

Publicado em 11/03/2021, às 07h37
Maricélia Schlemper, em entrevista à TV Pajuçara | Reprodução
Maricélia Schlemper, em entrevista à TV Pajuçara | Reprodução

Por TNH1 com TV Pajuçara

A advogada Maricélia Schlemper, esposa do bacharel em Direito José Benedito Alves de Carvalho, vítima do homicídio em frente ao Fórum do Barro Duro, declarou, durante entrevista ao programa Balanço Geral Alagoas, da TV Pajuçara, que já havia sido ameaçada mais de uma vez pelo italiano Pasquale Palmeri. Além disso, ela fez apelo por Justiça, para que o atirador não deixasse a prisão, pois teme pela vida.

O italiano teve a prisão preventiva decretada pela Justiça no fim da tarde dessa quarta, 10, e já foi conduzido ao Sistema Prisional de Alagoas. Ele matou José Benedito com tiro no tórax após atacar a esposa e a advogada dela antes de uma audiência de conciliação, no estacionamento do Fórum.

Maricélia Schlemper contou que trabalhava para a mulher há aproximadamente sete anos e que Pasquale nunca teve a intenção de fazer um acordo em relação a partilha de bens. Ele já havia se mostrado agressivo com ela em outras oportunidades.

"Ele já tinha me ameaçado algumas vezes. Eu era advogada da mulher dele há sete anos, e ele nunca quis fazer acordo. A Justiça tinha determinado que ela receberia um imóvel dele, e acho que depois disso ele quis marcar esse encontro presencial", disse.

"A audiência foi marcada pelo advogado dele, e acabou sendo essa tocaia. Eu estacionei o carro próximo ao Fórum, e o Pasquale veio em nossa direção, já queria me abordar. Ele sacou a arma e colocou na minha cabeça, dizendo que não ia ter acordo nenhum. Eu fiquei paralisada quando ele veio atirar em mim, o Bill [José Benedito] que teve a primeira reação e empurrou. Ele deu um tiro à queima-roupa e só vi meu marido cair na minha frente", continuou emocionada.

Ainda segundo Maricélia, o marido a acompanhava por sempre apoiar o seu trabalho. Ele já teria insistido para que ela não desistisse do processo contra o italiano. "Ele devia pensão alimentícia há anos. Ele já tentou tirar ela do apartamento onde morava. Eram 16 ações tramitando em 1ª e 2ª instância. Eram sete anos com esses casos, e o Bill me dava força para não desistir, pois eu só ia receber depois que o Pasquale pagasse a minha cliente. O Bill me apoiava, dizia que ela precisava de mim, que eu defendesse ela".

"Eu vivia há quase 13 anos com ele, tínhamos um relacionamento maravilhoso, sempre me ajudou. Ele estava justamente me acompanhando nessa audiência. Não fazia mal a ninguém. O sentimento da família é quase impossível de definir, não têm palavras", acrescentou.

"Espero que não seja liberado, porque eu vou ser a próxima"

A advogada também comentou a conversão da prisão em flagrante para prisão preventiva determinada pelo juiz George Leão de Omena nessa quarta. A decisão do magistrado foi anunciada após a análise dos argumentos da defesa e do Ministério Público Estadual. 

"Eu espero que esse monstro não seja liberado, porque eu vou ser a próxima, a mulher dele vai ser a próxima. Espero que ele não seja só mais um nessa história de violência, toda a democracia sofre", destacou.

Maricélia alertou que não havia agente de segurança no estacionamento no momento do ataque e reforçou que poderia ter ocorrido uma tragédia maior. "Não tinha guarda no estacionamento do Fórum. Espero que essa situação seja revista nos fóruns do Brasil inteiro, precisamos de segurança, só queremos trabalhar. Se ele tivesse entrado numa sala de audiência, ele teria matado todo mundo, porque estava possesso". 

"A gente perdeu uma pessoa tão maravilhosa, com tantos planos. Justiça, por favor", finalizou.

No final da tarde desta quinta-feira (11), a assessoria do Tribunal de Justiça informou que não há nos autos pedido de que a audiência fosse virtual ou informações sobre ameaças.

Confira a nota:

Foi designada pela magistrada Ana Florinda Dantas, em um dos processos em que as partes litigam, audiência virtual para o dia 8 de abril com a finalidade de serem ouvidas testemunhas arroladas. Pasquale Palmieri se antecipou e, no dia 23 de fevereiro, solicitou uma audiência, em caráter de urgência, para formalizar um acordo.

Considerando a pluralidade de litígios entre as partes e o fato de envolver pessoa idosa, apesar das restrições atuais na pauta de audiências, o requerimento foi atendido na mesma data e a audiência de conciliação foi designada para o dia 9 de março, às 17h30, ficando expresso que seria presencial e mantendo, inclusive, a data reservada para a instrução.

No dia 8 de março, a requerida peticionou confirmando a existência de proposta de acordo, por parte de Pasquele Palmieri, mas nada alegou acerca da necessidade de realização de audiência virtual, ou seja, não se opôs à audiência presencial, não fez qualquer referência a existência de ameaças a sua pessoa, nada deixando aventar a possibilidade da ocorrência da tragédia que se deu.

Registre-se que o lamentável fato ocorreu em via pública, posto que certamente o acusado teria sido revistado quando da entrada do fórum.

Assista à entevista, na íntegra, que foi ao ar no Balanço Geral Alagoas, da TV Pajuçara:

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