Saúde mental: games podem ajudar no combate à depressão e ansiedade

Publicado em 12/05/2023, às 10h46
Pexels
Pexels

Por Agência Uniceub

Famílias ficam, em geral, preocupadas com jovens focados em games, e o impacto na saúde mental. No entanto, tem crescido também a possibilidade de que os jogos possam fazer bem. “Como todo bom entretenimento, o videogame pode promover bem-estar. Esquecemos um pouco da nossa realidade, entramos em um outro mundo quando estamos jogando. Além disso, pode promover relação social, trazer um relaxamento das tensões e ajudar a deixar a pessoa mais leve”, afirma Marina Noronha, mestra em psicologia do desenvolvimento humano.

Ela entende que os enredos podem piorar ou melhorar os efeitos da depressão. “Afinal, enredos claramente mexem com as nossas emoções. Então, se um enredo de um jogo acaba por reforçar algo que contribui pra minha depressão, provavelmente vou sair do jogo pior do que eu entrei”. A especialista afirma que, se um enredo questiona e coloca em dúvida aquilo que deprime, a pessoal pode se sentir até mais fortalecida ao retornar para o mundo real.

Alegria

Um estudo realizado pela universidade de Oxford comprovou que os jogos eletrônicos podem ser um grande aliado de quem sofre com transtornos mentais, como depressão e ansiedade. De acordo com o estudo realizado pela faculdade britânica, pessoas que jogam por até quatro horas por dia notam que se sentem mais alegres.

Os jogos eletrônicos também tiveram um papel importante na luta contra o tédio e ansiedade de algumas pessoas durante o período de isolamento social. Uma pesquisa realizada no ano passado pelo grupo Xbox Research Community Feedback Program, mostrou que “ 84% dos entrevistados concordaram que os videosgames tiveram um efeito amplamente positivo na saúde mental durante o período mais intenso da pandemia”.

Depressão não é “frescura”

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas sofrem de depressão. O Brasil encontra-se no topo do quadro de ranking de casos na América Latina com aproximadamente 11,5 milhões de pessoas diagnosticadas. Mesmo com dados oficiais da OMS, muitos ainda insistem em dizer que a doença é coisa de gente “fresca” ou a tratam como apenas um momento de tristeza. Fato é que os números estão aí para nos mostrar que a temática deve ser tratada com seriedade e discutida com frequência.

Não é apenas um jogo…

Depressão e ansiedade são consideradas doenças e como qualquer tipo de distúrbio. A primeira opção de tratamento que nos vem à cabeça, são os remédios. E de fato os medicamentos farmacêuticos têm a sua importância em certos casos, porém, existem métodos mais naturais que podem auxiliar no combate à doenças mentais. A prática de exercícios físicos, alimentação equilibrada ,massagens terapêuticas… são alguns exemplos.

Outra maneira que pode auxiliar no combate às doenças psicológicas, são os estímulos e exercícios mentais. E é aí que os videogames aparecem como um grande aliado ao combate contra os sintomas de depressão e ansiedade. Nos últimos anos, foram criados alguns jogos com a função específica de auxiliar pessoas que sofrem com algum tipo de distúrbio.

O Project EVO, por exemplo, está sendo utilizado em testes clínicos a fim de ajudar pacientes que sofrem com distúrbios cognitivos, como o Alzheimer, TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), depressão e ansiedade. Desenvolvido para tablets e smartphones, o jogo foi comparado com a terapia comportamental devido aos benefícios cognitivos que os pacientes apresentaram.

Jogos que abordam a depressão em sua temática

Hellblade: Senua’s Sacrifice:

Hellblade foi criado com base em eventos reais e ambientado na Islândia após a invasão dos viking nas ilhas Orkney. A protagonista do jogo, Senua, percorre por um dos mundos da Mitologia Nórdica enquanto lida com a sua própria psicose. No decorrer da jornada, o game nos mostra como se comporta uma pessoa que sofre com depressão e ansiedade. Durante a produção do jogo, os desenvolvedores contaram com a ajuda de alguns neurocientistas especialistas em saúde mental a fim de retratar melhor a condição vivida pela personagem no decorrer da trama.

Life is Strange:

Lançado em Janeiro de 2015, Life is Strange coloca o jogador no controle da protagonista Max Caufield,  que após retornar a sua cidade natal para estudar fotografia, descobre um poder que lhe dá a capacidade de voltar no tempo e alterar os acontecimentos do passado. 

Com uma história encantadora e que comove a maioria dos jogadores, a produção se destaca por ser uma das pouquíssimas dentro da indústria dos videogames a abordar temáticas consideradas como tabus na sociedade. Divisão Social, depressão, suicidio e bullying são mostrados em vários momentos no decorrer dos cinco episódios do jogo. 

Celeste:

O jogo Celeste foi lançado em janeiro de 2018 e desde então se tornou um enorme sucesso com sua mensagem, passada para seu público, e com sua jogabilidade. No jogo, é preciso ajudar Madeline a chegar até o topo da montanha Celeste, ao mesmo tempo em que ela enfrenta seus monstros internos. Durante a jornada de Madeline, o jogo nos mostra a luta diária de uma pessoa com ansiedade e depressão, fazendo com que o jogador desenvolva uma relação emocional com a protagonista. 

Jornada do Acolhimento:

Com seu início de setembro, mês dedicado à prevenção de suicídios no Brasil, um videogame, distribuído gratuitamente pelo Movimento Falar Inspira Vida, propõe servir como ferramenta educativa sobre os cuidados com a depressão e a promoção de acolhimento às pessoas que sofrem atualmente com a doença. O game foi trabalhado com a consultoria de psicólogos, psiquiatras e associações de pacientes, para construir quatro principais fases/jornadas para o jogo.

Gostou? Compartilhe