A atriz Sol Miranda acabou de ganhar o prêmio de melhor interpretação no Festival de Cinema Iberoamericano Huelva, da Espanha, pelo seu trabalho no filme "Regra 34". O longametragem esteve no Festival do Rio e vai estrear nas salas de cinema no dia 12 de janeiro. A trama dirigida por Julia Murat conta a história de uma jovem negra que pagou os seus estudos com performances on-line de sexo.
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— Antes deles anunciarem o meu nome, foram explicar o porquê de a atriz receber o prêmio. Eu realmente estava sem nenhuma expectativa, tanto que estavam falando “Ah, por um fim que aborda as questões sexuais, a liberdade", e eu estava pensando que tiveram outro filme sobre isso e eu perdi, que pena. Foram falando sobre o meu processo e eu estava realmente achando que era para outra atriz em outro filme. Quando ela anunciou meu nome, eu fiquei muito emocionada, lembrei de todo o processo do “Regra 34” — recordou ela.
Sol Miranda tem 32 e é nascida em Brás de Pina, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. Ela também é educadora e foi candidata a deputada federal pelo Rio nas últimas eleições pelo PSB, mas não obteve votos para garantir uma cadeira no congresso. No entanto, o ano que vem promete ser de conquistas para ela, que também acaba de ganhar o prêmio de Melhor Interpretação no Festival Mix Brasil, levando a estatueta do Coelho de Prata.
O enredo do filme promete quebrar paradigmas com o tema levantado. No festival espanhol, o longa ainda concorreu nas categorias Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator e Melhor Roteiro. No Festival do Rio, levaram prêmio para Melhor Direção.
— Eu acho que este filme vai trazer alguns debates, porque fala sobre feminismo, sobre liberdade, e o Brasil é extremamente conservador, a gente pôde ver isso de uma forma muito triste nas últimas eleições. Acho que ele vai trazer um debate, ao mesmo tempo que ele por si só já é um debate, por ter uma atriz protagonista negra e ser um filme onde você tem a liberdade sexual retratada. Há um debate de gênero muito importante também, é um filme que vai falar sobre direito penal, em um país que a criminalização continua colocando o mesmo grupo etnico, social e racial nas cadeias. A gente continua tendo um processo extremamente violento a partir do direito penal com pessoas negras e pobres, mulheres, LGBT e etc — avalia Sol, que vive a personagem que é aprovada na defensoria pública no filme.
Sol ainda segue na Europa para representar o filme no Black Nights Film Festival, na Estônia, e no Festival des Trois Continent, na França. O elenco ainda conta com nomes como Babu Santana, Simone Mazzer, Lorena Comparato, Isabela Mariotto, entre outros.
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