Saiba por que ‘Um príncipe em Nova York’ foi censurado no Brasil 33 anos após sua estreia

Publicado em 29/01/2021, às 17h37
Imagem Saiba por que ‘Um príncipe em Nova York’ foi censurado no Brasil 33 anos após sua estreia

Por Carta Capital

Depois de 33 anos animando matinês, em seguida infinitas reprises nas Sessões da Tarde televisivas, o clássico filme Um príncipe em Nova York, de John Landis (1988), que projetou o ator Eddie Murphy como um ídolo global, sofre censura no mais improvável dos países: o Brasil.

O Ministério da Justiça do governo Bolsonaro  reclassificou o filme nesta sexta-feira como proibido para menores de 14 anos e liberando a produção apenas para exibição após as 21 horas. O motivo seria que a obra “apresenta conteúdos relativos aos eixos temáticos, de violência, sexo e drogas, com destaque para a tendência de nudez”.

O filme está disponível na plataforma Netflix. O ministério da Justiça diz que acatou “denúncia de cidadão” solicitando a revisão da classificação indicativa do filme. O filme foi liberado como livre em 1988, 1991 e 2001, mas o setor de classificação indicativa faz a defesa da reavaliação dizendo o seguinte: “(…) procedida uma nova análise, verificou-se que desde a primeira classificação da obra a política pública da Classificação Indicativa se consolidou com intensa participação da sociedade e hoje tem critérios e métodos claros, definidos e distintos dos daquela época, e que por tais critérios, a obra não se enquadraria mais na classificação e descritores antes atribuídos”.

Em suma: a argumentação é que a sociedade regrediu em termos comportamentais.  O atual ministro da Justiça, André Mendonça, é “terrivelmente evangélico”, segundo definição do presidente Jair Bolsonaro, e pleiteia abertamente uma vaga no STF, que deverá ser aberta com a aposentadoria de Marco Aurélio Mello.

Um agravante sobre o caso de Um príncipe em Nova York é que o filme é um ícone de representatividade racial: quase todos os atores são negros, questiona a postura conformista dos afroamericanos e antecipou em 30 anos a aventura simbólica de Pantera Negra. O “cidadão” que pediu sua reclassificação parecia saber disso.

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