CRB e CSA devem ter os cofres recheados com valores milionários nos próximos dias. Isto porque, na última sexta-feira, 21 dos 26 representantes dos clubes que fazem parte da Liga Forte Futebol (LFF) assinaram um acordo que prevê a venda de 20% dos seus direitos de televisão do Campeonato Brasileiro pelos próximos 50 anos, contados a partir de 2025. No total, serão aportados R$ 2,35 bilhões nos clubes que fazem parte da LFF, incluindo os alagoanos CRB e CSA. Em razão de um adiantamento realizado pela XP Investimentos, os times devem receber parte dessa quantia em breve.
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Vale lembrar que a janela de transferências para contratações entre as séries A e B do Brasileirão abriu nessa segunda-feira, 03, e vai permanecer aberta até 2 de julho. Com o aporte, parte dos times deve utilizar os valores para reforçar o elenco visando o acesso ou o livramento do rebaixamento nos torneios.
Dentro do cenário alagoano, CRB e CSA já fecharam o acordo referente à venda de 20% dos direitos de TV. O Galo deve receber cerca de R$ 43 milhões, enquanto o rival, o Azulão, receberá R$ 5 milhões. Saiba mais abaixo como a cota foi definida e em que os dirigentes pretendem investir o dinheiro.
(Crédito: TV Pajuçara e Morgana Oliveira/Ascom CSA)
Confira, abaixo, quais clubes assinaram o acordo e os valores que cada um receberá:
Como a cota foi definida? Para definir o valor que cada equipe da Série A e B receberá, foi analisado o número de participações de cada clube nas duas primeiras divisões do Campeonato Brasileiro na era dos pontos corridos (2003-atualmente).
Como o CSA disputa a Série C, ele entrou em um rateio diferente, uma vez que a LFF somente destinou R$ 35 milhões que serão distribuídos entre os integrantes do grupo.
Como o CRB pretende usar o dinheiro? O presidente do Galo, Mário Marroquim, em entrevista ao Pajuçara Futebol Clube, da Rádio Pajuçara FM, afirmou que o objetivo, com o recebimento do aporte financeiro, é estruturar o clube pensando a longo prazo. “O CRB irá se estruturar como um todo e isso inclui o centro de treinamento e, principalmente, a divisão de base”, pontuou. Segundo Marroquim, dar atenção aos atletas mais novos pode dar ao Galo a oportunidade de almejar algo maior no futuro.
Andar na contramão do pensamento de que se é importante contratar para ter mais chances de acesso pode gerar críticas entre os torcedores, principalmente por visualizarem o clube longe das principais cabeças da competição. Sobre isso, o presidente comentou que a decisão se baseia no equilíbrio, já que não se trata de um recurso que será dado de forma regular, e que tomou como base um estudo de uma comissão interna junto com a diretoria.
“Qualquer coisa que a gente faça vai sofrer críticas, mas a gente vai atender o entendimento do nosso conselho e da nossa diretoria que segue o planejamento de estruturação já existente”, disse.
Presidente do CRB, Mário Marroquim (Crédito: TV Pajuçara)
E o CSA? De casa nova, o Azulão utilizará o aporte financeiro para concluir as obras do novo centro de treinamento, o CT Gustavo Paiva, no Benedito Bentes. “Chegando esse dinheiro, nós vamos utilizá-lo 100% nas obras do CT”, revelou o presidente do CSA, Rafael Tenório, ao ge.
Presidente do CSA, Rafael Tenório (Crédito: Morgana Oliveira/Ascom CSA)
O clube deixou as instalações do Nelsão no final do mês de junho. No novo CT, o clube dispõe de uma área de 5.300 metros, que contará com cinco campos, incluindo um de grama sintética, além de quadra poliesportiva, oito blocos e uma área reservada para uma futura arena.
Apesar da mudança definitiva, algumas partes das obras ainda não foram concluídas, como o hotel que hospedará os jogadores e o refeitório. A expectativa é de que as obras possam ser finalizadas com o recurso financeiro.
Foto: Reprodução/YouTube
Quando o aporte será liberado? A LFF chegou a divulgar, através de nota, que 23 representantes dos clubes teriam aprovado o acordo de investimento. No entanto, ABC e Coritiba, juntamente com Atlético Mineiro, Internacional e Náutico, ainda não fecharam negócio.
Assim, os aportes somente devem ser liberados com a assinatura de, pelo menos, mais um clube, já que o negócio só será válido quando houver a adesão de pelo menos 22 times. A expectativa é que se tenha um desfecho nos próximos dias.
O que é a Liga Forte de Futebol? A LFF nada mais é que o fruto das discussões dos 40 times brasileiros que disputaram, em 2020, as Séries A e B do Brasileirão. Na época, eles buscavam a criação de uma liga independente de clubes parecida com os moldes bem sucedidos aplicados na Inglaterra, com a Premier League, e na Alemanha, com a Bundesliga. Ambas referências mundiais quando o assunto é distribuição de receitas.
No entanto, na medida em que as discussões avançaram, as divergências também. Com isso, dois blocos foram criados e os clubes se dividiram em fazer parte da LFF - encabeçada, principalmente, por Athletico Paranaense e Fluminense - e da Libra, com Flamengo, Corinthians, Palmeiras e outros.
Apesar da tentativa, uma liga brasileira não deve acontecer nos próximos anos. Caso se concretize a venda dos direitos de televisão, os clubes precisarão cumprir os compromissos comerciais negociados. Até lá, a Confederação Brasileira de Futebol segue administrando o Campeonato Brasileiro.
*Estagiário sob supervisão.
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