Robô da Nasa quebra rocha sem querer e descobre material inédito em Marte

Publicado em 19/07/2024, às 23h50
Foto: Divulgação/Nasa
Foto: Divulgação/Nasa

Por Revista Galileu

Durante uma de suas andanças pelo território marciano, o rover Curiosity da Nasa se envolveu em um acidente -- que levou a um registro nunca antes feito. O veículo espacial atropelou uma curiosa rocha brilhante, que se partiu ao meio. Por meio das imagens enviadas à Terra, os cientistas conseguiram identificar, no interior da pedra, a presença de cristais de enxofre puro. Trata-se da primeira evidência desse mineral em Marte.

Desde outubro de 2023, o rover Curiosity explora uma região de Marte rica em sulfatos, um tipo de sal que contém enxofre e se forma à medida que a água evapora. Mas o elemento em seu estado puro, que é inodoro e tem coloração amarela, era algo que astrônomos sequer cogitavam que existisse no local.

Com a descoberta, os astrônomos da agência espacial americana voltaram a analisar as fotos obtidas nos últimos dias de caminhada do robô. Com isso, eles perceberam que Curiosity estava no meio de um grande campo repleto de rochas semelhantes àquela que esmagou. Possivelmente, elas também guardam cristais de enxofre.

“Encontrar um campo de pedras feitas de enxofre puro é como encontrar um oásis no deserto”, explica Ashwin Vasavada, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, em nota à imprensa. “Nossa missão, agora, é tentar explicar o porquê desse campo existir. Descobrir coisas estranhas e inesperadas é o que torna a exploração planetária tão emocionante”.

Abaixo, é possível assistir a um vídeo interativo produzido pelas imagens do rover no local. É um vídeo 360: basta arrastar e clicar sobre a tela, movendo o mouse, para circular pelo espaço.

Outras descobertas da missão Curiosity

Os cristais de enxofres são apenas uma dentre as várias descobertas que a missão espacial Curiosity fez enquanto estava dentro do canal Gediz Vallis, que corta parte do Monte Sharp, de 5 km de altura. É pela base dessa montanha que o robô explorador tem circulado, desde 2014.

Cada camada da montanha representa um período diferente da história marciana. Com a exploração da região, a Nasa pretende estudar onde e quando o terreno antigo do planeta poderia ter potencialmente fornecido os nutrientes necessários para a vida microbiana. Se é que essa vida já existiu.

Avistado do espaço anos antes do lançamento do Curiosity, o canal Gediz Vallis é uma das principais razões pelas quais a equipe científica queria visitar esta parte de Marte. Os cientistas acreditam que o canal foi esculpido por fluxos de água líquida e detritos que deixaram uma crista de pedras e sedimentos que se estendem por 3 km.

Desde a chegada do Curiosity ao canal, no início deste ano, a agência espacial tem estudado se antigas águas de enchentes ou deslizamentos de terra acumularam os grandes montes de detritos que se erguem do fundo do canal aqui. As últimas pistas encontradas pelo rover sugerem que ambos desempenharam um papel: algumas pilhas provavelmente foram deixadas por fluxos violentos de água e detritos, enquanto outras parecem ser o resultado de deslizamentos de terra mais locais.

Essas conclusões são baseadas em rochas encontradas nos montes de detritos. Enquanto as pedras carregadas pelos fluxos de água se tornam arredondadas como pedras de rio, alguns dos montes de detritos estão cheios de rochas mais angulares que podem ter sido depositadas por avalanches.

“Este não foi um período tranquilo em Marte”, explica Becky Williams, cientista do Planetary Science Institute. “Houve uma empolgante quantidade de atividade [geológica] por lá".

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