O comprometimento de renda das famílias para custear as despesas com energia alcança percentual elevado no Brasil.
Uma situação que se agrava se levarmos em conta os consumidores de baixíssima renda, que chegam a destinar metade dos seus ganhos para garantir o acesso a um ítem essencial no seu consumo.
Quem analisa esse quadro é o economista alagoano Daniel Lima Costa, presidente da Associação Nordestina de Energia Solar:
“No Brasil, há uma disparidade significativa no padrão de consumo de energia entre as diferentes classes de renda. Alguns organismos internacionais defendem que as contas de energia não deveriam comprometer mais de 10% da renda domiciliar dos consumidores, para não afetar a capacidade das famílias de arcar com outras despesas.
No entanto, os gastos com energia estão comprometendo 50% da renda de quase metade das famílias brasileiras que têm renda média mensal de até 1 salário mínimo, segundo pesquisa realizada pelo IPEC.
Outro dado preocupante é que para 22% das famílias brasileiras a solução adotada para conseguir pagar a conta de luz em suas casas foi diminuir ou deixar de comprar alimentos básicos. Esse cenário evidencia o impacto do ‘custo energia’ no padrão de vida das famílias com menor renda. Por outro lado, a pesquisa identificou, que as famílias de mais alta renda comprometem menos de 3% de sua renda com essa despesa.
Apesar da aparente universalização do acesso à energia no Brasil, é preciso qualificar o que está sendo oferecido. É importante monitorar e avaliar a disponibilidade, a qualidade, o preço desses serviços e o impacto do ‘custo energia’ na renda de uma família para que ela possa manter o seu conforto térmico, a iluminação de seu domicílio e o uso de seus eletrodomésticos. Essa situação se destaca nas periferias, nos assentamentos e nas comunidades tradicionais, onde essas constatações acentuam as condições de pobreza energética a que estão expostas.
É senso comum que ações de eficiência energética podem contribuir pelo lado do consumo. O acesso a eletrodomésticos mais eficientes, reduziriam o consumo e o gasto final com energia. Isto já vem sendo feito no Brasil.
No meu ponto de vista, para resolver de vez esse grave problema seria necessário definir políticas públicas que facilitem o acesso às famílias menos favorecidas à geração de sua própria energia.
Dessa forma, com uma solução de baixíssimo custo, poderia por fim ao efeito ‘Robin Hood às avessas’ provocado pelo altíssimo custo das tarifas de energia no Brasil.”
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