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“Robin Hood às avessas”? – Governo Lula é criticado por tirar dos pobres para dar a amigos ricos

Em 10 de Julho de 2024 às 17:00

De um lado, corte bilionário de benefícios sociais e taxação de blusinhas; do outro, descontões para empresários e cachês para “famosinhos”.

Essa é uma faceta do terceiro governo Lula (PT), conforme nota do partido Novo, analisada pelo jornalista Felipe Moura Brasil:

“Enquanto oferece desconto de 50% nas multas bilionárias dos empresários que confessaram ter praticado suborno durante as gestões passadas do PT, o governo Lula não apenas taxa em 20% as compras internacionais até 50 dólares, como também corta 25,9 bilhões de reais não em privilégios das elites, mas em benefícios sociais.

‘Nós já identificamos, e o presidente autorizou levar à frente, 25,9 bilhões de reais de despesas obrigatórias que vão ser cortadas. Isso foi feito com as equipes dos ministérios. Isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com o espírito dos programas sociais que foram criados. Isso para o ano que vem. É o pente fino dos benefícios’, anunciou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

É preciso imaginar o escândalo e, portanto, a diferença de magnitude na repercussão desta fala, se fosse um governo de direita a anunciar um corte de dezenas de bilhões de reais de programas destinados à população de baixa renda, que dirá se o fizesse sem sequer detalhar os critérios utilizados, alegando apenas que eles existem, como quem diz: confia.

Segundo Haddad, ‘esse número já está consolidado pelos ministérios’ da Fazenda e do Planejamento, ‘não é um número que o Planejamento tirou da cartola’, ‘foi um trabalho criterioso’, que ‘levou 90 dias’: ‘não tem chute, tem base técnica, é com base em cadastro, com base nas leis aprovadas’. Aham.

Em reação ao anúncio do ministro, o partido Novo publicou um ‘editorial’ sob o título: ‘Forçado a cortar gastos, Lula isenta os ricos e manda a conta aos mais pobres’.

Eis o texto:

‘A sequência de falas desastrosas de Lula sobre os juros e a política fiscal causaram danos à economia brasileira. O dólar já subiu 17% em 2024 e boa parte disso pode ser atribuído à irresponsabilidade no conteúdo dos discursos presidenciais. A tática de ‘jogar pra torcida’ e inventar uma disputa pessoal com o Banco Central falhou e, agora, Lula precisará posar de bom moço para tentar amenizar os danos que causou. Mas sabemos que, na hora do acerto de contas, os mais pobres sempre pagam pelos caprichos dos donos do poder.

O governo anunciou nesta quarta o bloqueio de 25 bilhões de reais do orçamento com a finalidade de cumprir a meta fiscal. Os detalhes sobre quais áreas serão afetadas ainda não foram divulgados, mas sabe-se que os benefícios sociais passarão por revisão.

Desde que foi proposto e aprovado o novo arcabouço, os gastos do governo dispararam. O marco fiscal petista atrelou crescimento da arrecadação ao aumento de despesas, em oposição ao que previa o teto de gastos aprovado no governo Temer. O resultado é uma reiterada tentativa governamental em avançar sobre o patrimônio dos brasileiros. O incentivo é perverso.

Como ninguém aguenta mais tantos impostos, o governo decidiu reduzir as despesas, avançando primeiro sobre os vulneráveis. Não é novidade.

Os governos petistas têm vocação em privilegiar os mais ricos fazendo uso das instituições republicanas.

Entre 2007 e 2014, o BNDES executou operações financeiras subsidiadas no valor de 400 bilhões de reais em prol das chamadas ‘campeãs nacionais’, empresas privadas selecionadas pelo governo para tornarem-se gigantes corporativas e líderes de mercado, supostamente gerando emprego e crescimento econômico. A política foi um desastre. Não houve transparência na seleção das empresas, a gestão dos recursos foi caótica e a corrupção foi generalizada.

O governo promete cortar bilhões, atingindo sobretudo os mais pobres, mas ignora os 19 bilhões em subsídios para montadoras de carros, ou os 17 bilhões em perdão de dívidas de uma importante empresa de telefonia – a qual, diga-se, já esteve entre as ‘campeãs nacionais’ na década passada.

Os privilégios de grandes corporações seguem intactos, como se vê. Mesmo quando o Executivo lhes falta, elas podem contar com a generosidade do Judiciário: só os perdões de dívidas de duas empresas envolvidas na Lava Jato custaram mais de 18 bilhões de reais aos cofres públicos.

Coragem de verdade o petismo só tem para atacar o bolso do cidadão. Enquanto isso, a Lula resta apenas discursar a uma militância cada vez mais reduzida, pois nunca teve um plano nem vontade política para resolver os problemas do Brasil’.”

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