Não é segredo para ninguém que nos últimos 10 dias, com o surgimento de novo caso de afundamento do solo em Maceió, agora no Mutange, se acirraram as disputas por protagonismo entre políticos alagoanos.
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Os principais representantes dos dois maiores grupos têm se manifestado e, inclusive, também buscam holofotes personagens de menor representatividade, cada qual querendo firmar seu posicionamento em relação ao que vem ocorrendo.
O jornalista Wesley Oliveira, no portal “O Antagonista”, dá sua visão sobre esse conflito de interesses:
‘O risco de desabamento de uma das minas da Braskem em Maceió ampliou as disputas entre grupos políticos do estado de Alagoas nos últimos dias. Desde o início da crise, aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), têm travado embates com o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), ligado ao senador Renan Calheiros (MDB-AL).
As disputas chegaram ao Palácio do Planalto, e integrantes do governo do presidente Lula (PT) buscam nos bastidores amenizar a crise entre os dois grupos alagoanos. Na semana passada, o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), mais conhecido como JHC, aliado de Lira, cobrou que o governo federal tivesse mais envolvimento na ofensiva de atendimento aos moradores que precisaram deixar as suas casas.
Segundo a Defesa Civil de Maceió, pelo menos cerca de 60 mil pessoas tiveram que deixar suas casas por conta do afundamento do solo. Até 2019 a Braskem fazia a extração de sal-gema em 35 poços abertos na cidade de Maceió. Desde 2018, a região vive uma tensão, com abalos sísmicos que provocaram afundamento e rachaduras em cinco bairros da capital.
Paralelamente, o ministro dos Transportes, Renan Filho, vem pressionando para que o Senado instale a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem. O requerimento para criação do colegiado é de autoria do pai do ministro, o senador Renan Calheiros, que ja ameaçou ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela CPI.
A disputa política na região é vista como pano de fundo para a instalação da comissão de inquérito. Calheiros pretende, por exemplo, usar o colegiado para investigar a aquisição do Hospital do Coração pelo prefeito de Maceió, JHC, no valor de 266 milhões de reais.
Renan argumenta que a transação, feita após pagamento de indenização da Braskem por um desastre ambiental provocado pela empresa no início do ano, foi ilegal. O requerimento da CPI já foi lido em plenário, mas até o momento, apenas o MDB fez as indicações.
Após a crise, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), indicou que pode atuar para agilizar a instalação do colegiado. Na sexta-feira, 1º, Lira abordou a questão política em torno da possibilidade de uma tragédia.
O presidente da Câmara disse que ‘Maceió é o único inocente neste processo’. ‘Importante a gente reativar na cabeça da população que esse é um problema que existe. Deve ser tratado de frente, sem maiores complicações políticas’, afirmou.
Nesta segunda-feira, 4, o diretor-presidente da Braskem, Roberto Bischoff, disse que ‘situações políticas’ distorcem informações sobre o desastre ambiental em Maceió. ‘Infelizmente, [esse tema] entra em alguma situação política que a gente acaba tendo informações distorcidas, redes sociais’, disse durante evento da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).”
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