O presidente Lula (PT) reuniu as principais lideranças políticas de Alagoas nesta terça-feira, 12, no Palácio do Planalto, em busca um entendimento que levasse a soluções para o afundamento do solo em Maceió, episódio conhecido como Caso Braskem.
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Mas nem tudo saiu conforme o pretendido.
Houve até um desentendimento público entre o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL) e o governador Paulo Dantas (MDB).
É o que relatam Jeniffer Goularte e Lauriberto Pompeu, no jornal “O Globo”:
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu em reunião nesta terça-feira que os grupos liderados por Arthur Lira (PP-AL) e Renan Calheiros reduzam as disputas políticas em torno da crise provocada pelo desabamento de uma mina da Braskem em Maceió.
O tom do encontro, no entanto, deixou evidente as dificuldades do plano. Embora sem discussões acaloradas, houve momentos de tensão, o presidente precisou chamar atenção dos presentes, e uma cobrança direcionada por Renan ao ministro da Casa Civil, Rui Costa. Sequer houve registro oficial feito pelo fotógrafo da Presidência, contrariando a praxe de audiências do gênero.
A reunião ocorreu no gabinete de Lula no Palácio do Planalto, em uma mesa redonda, e levou duas horas e 20 minutos. Renan trabalha pela criação de uma CPI no Senado, tese que desagrada a Lira e ao prefeito de Maceió, JHC, aliado do presidente da Câmara. Todos os participantes puderam expor seus pontos de vista. Também estavam presentes o ministro dos Transportes, Renan Filho; o governador de Alagoas, Paulo Dantas, aliado dos Calheiros; além dos senadores Rodrigo Cunha (Podemos-AL) e Fernando Farias (MDB-AL); e dos deputados Paulão (PT-AL), Isnaldo Bulhões (MDB-AL) e Rafael Brito (MDB-AL).
Dantas abriu a fala e foi interrompido por JHC. Segundo o deputado Paulão, JHC afirmou que Dantas estava mentindo quando o governador citou que o contrato firmado entre a prefeitura de Maceió e Braskem não era transparente e que ele precisou entrar na Justiça para ter acesso às informações do acordo. O presidente Lula expressou no olhar a surpresa com a interrupção.
A interlocutores, o prefeito argumentou que reagiu porque o governador afirmou que o acordo com a Braskem não previa novas indenizações a quem eventualmente ainda venha a sofrer os prejuízos causados pela mina. A prefeitura afirma que procurou a empresa para abrir portas para uma nova conversa.
– O prefeito JHC foi deselegante quando disse que o governador estava dando informações mentirosas. O governador respondeu que não mentia – disse Paulão ao “Globo”.
Lula reconheceu que o problema é grave, pediu serenidade para resolvê-lo e disse que as brigas entre os grupos não levarão a lugar algum. Embora a possibilidade de criação do colegiado tenha sido abordada apenas genericamente, a fala de Lula foi entendida, entre os integrantes da mesa que defendem a comissão, como um recado de que o Planalto não é a favor. A previsão é que a CPI seja instalada nesta quarta-feira. O presidente também defendeu a conciliação ao tratar sobre a CPI e repetiu que todos sabem como CPI começa, mas não sabem como termina.
O presidente também afirmou que só iria a Maceió quando houvesse um anúncio a ser feito sobre a solução do problema e os ânimos entre os dois grupos políticos não tivessem mais exaltados.
Já o prefeito JHC foi interrompido por Renan Calheiros várias vezes. Durante as interrupções, o presidente precisou intervir.
O contrato firmado pela prefeitura de Maceió, por exemplo, foi criticado pelo senador, pelo ministro dos Transportes e pelo governador de Alagoas. Eles defendem que o documento assinado pelo aliado de Lira excluiu algumas vítimas do processo.
O acordo entre a prefeitura de Maceió e a Braskem foi firmado em julho. Renan Calheiros tem feito fortes críticas ao contrato e já o chamou de ‘acordo com o assaltante’.
Entre as reclamações estão o fato de a negociação envolver a compra de terrenos pela Braskem, o que aliados do grupo de Renan avaliam como uma manobra para que a empresa não tenha prejuízo, e também a ausência do governo do estado nas negociações. Também é pedida uma reavaliação nos valores devidos às vítimas do desastre ambiental…”
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