O presidente do Conselho Deliberativo do CSA, Raimundo Tavares, foi o principal dirigente que gerenciou o problema no treino da quinta-feira (7), que teve troca de socos entre Rosinei e o técnico Ney da Matta no CT do Mutange.
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Ao repórter Henrique Pereira, setorista do Azulão na Rádio Pajuçara FM Maceió, Tavares admitiu que o relacionamento entre elenco e comissão técnica não era bom e que estava administrando a situação há algum tempo.
"[Esperava chegar nesse ponto?] Não, nessa gravidade que aconteceu nem eu e nem ninguém ia pensar nisso. Isso é uma coisa chamada sabe o que? Tragédia. Já vi jogador trocar tapa com jogador, mas técnico trocar tapa com jogador isso nunca vi. Sabíamos que existia um problema de relacionamento de alguns jogadores com ele, e vínhamos administrando. Sempre digo que estava vindo muito mais aqui [no Mutange]. Eu estava como se estivesse com duas bandejas de ovos, com muito cuidado para não quebrar, para tentar levar para chegar até o fim. Infelizmente não deu".
Raimundo Tavares revelou ainda que a diretoria realizou um churrasco há duas semanas para tentar melhorar a situação.
"Tem 15 dias que fizemos um churrasco, um almoço, apenas para nos unirmos mais, não era para comemorar absolutamente nada, que a gente não ganhou nada. Era importante, um início de semana. Para nossa surpresa, o Ney não foi e nem autorizou a comissão técnica a ir. Aí ficou um ambiente muito ruim. Porque quando é com um, dois, três é fácil de resolver. Mas aí passou a ser uma coisa generalizada".
A diretoria do CSA dispensou toda a comissão técnica na noite da quinta-feira e, no final da manhã desta sexta, confirmou a contratação do técnico Flávio Araújo.
"Isso já é uma página virada. Acho que temos muita coisa pela frente. Hoje conseguimos contratar o novo técnico. O Flávio Araújo chega na segunda-feira. Serão duas semanas de muito treinamento para que as coisas realmente possam acontecer. Acho que apesar do episódio de ontem, os jogadores, que entram em campo para resolver, estão mais do que nunca comprometidos e focados nesse acesso", afirmou.
Comandado interinamente pelo ídolo Jacozinho, que atualmente treina o time sub-20, a equipe profissional do CSA viajou para o Mata Grosso nesta tarde. O Azulão encara o Cuiabá neste sábado, às 19h30, na Arena Pantanal, em jogo válido pela última rodada da fase de grupos da Série C do Campeonato Brasileiro. Classificado antecipadamente, o CSA será o mandante no jogo de volta do mata-mata que vai definir quem sobe para a Série B.
Veja outros trechos da entrevista com Raimundo Tavares
A situação
"Momento de muita tristeza ontem. Apesar do acontecido, os jogadores têm comprometimento e responsabilidade dupla com relação ao que vai acontecer daqui pra frente. Ao mesmo tempo temos que reconhecer que o Ney é um cara trabalhador, faz uma boa leitura de jogo, faz bons treinamentos, mas que o Ney tem uma dificuldade extrema nos relacionamentos com as pessoas. Acho até que ele tem que rever do ponto de vista da sua carreira, se não vai ficar muito difícil para ele, porque ele é obrigado a trabalhar com gente. E se ele tem dificuldade em tratar as pessoas, de conversar com as pessoas, acho que isso é uma coisa que ele é quem vai resolver, porque hoje ele já deixou o CSA, e nós temos que nos preocupar com o CSA".
"Para isso convocamos os jogadores justamente para cobrar uma responsabilidade maior e ficar bem claro que são eles que têm a capacidade de resolver. Isso foi dito ontem, foi dito hoje. Ontem saí para casa já tarde, mas saí muito tranquilo. Porque o que vi da conversa que tive com eles foi justamente esse como quem diz: "Vamos resolver. o que aconteceu é uma coisa que já passou. Pronto, vai dar certo". E eu não tenho dúvida disso".
Cogitou trocar de técnico antes?
"No meio do campeonato, mas é muito difícil tomar uma decisão dessa. Porque você se acha capaz de ir administrando como eu ia. E os resultados acontecendo de forma positiva. Como é que muda? Não tem. É muito difícil. Vim com muito cuidado. Nunca mais vou ver um negócio desse. Não existe isso. Treinador trocar tapa com jogador? Nunca vi. Tenho 54 anos, 40 dentro do futebol, nunca vi isso. Já vi jogador sair no tapa".
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