Renato Gaúcho escolheu sua nova aposta no ataque do Grêmio: Gustavo Nunes. Com apenas 18 anos, o garoto segue uma 'linha de produção' que revelou vários jogadores e rendeu mais de R$ 300 milhões em vendas.
Gustavo disputou, até agora, seis partidas pelo time principal, marcou um gol e deu uma assistência. O principal deles foi o clássico Gre-Nal da primeira fase do Gauchão, no qual foi titular. Trata-se de um atacante de lado de campo, que atua preferencialmente pela esquerda.
De olho em garantir a permanência da promessa na Arena pelo maior tempo possível, no mês passado o Tricolor renovou o vínculo dele até 2028. A multa rescisória para clubes do exterior foi estabelecida em 80 milhões de euros (R$ 435,7 milhões na cotação atual).
DNA DO FUTSAL: UM JOGADOR IMPREVISÍVEL - Gustavo, ou Gustavinho, como é chamado, iniciou sua trajetória no futsal do Ocian Praia Clube, na Praia Grande (SP). O projeto se tornou um núcleo de captação de atletas do Grêmio.
Ele chegou em 2021, após ser observado pelo técnico Marcos Alves, com quem se destacou disputando o Paulista sub-17 de futsal, encarando times como Corinthians, Santos, São Paulo e Audax. Para o treinador, os movimentos do jogador em campo são claros sinais da formação nas quadras.
"O futsal tem uma responsabilidade muito grande nas ações do Gustavo nesta quinta-feira (14). Pensando em atacar, é absurdo como está claro o futsal ali. Mudanças de direção, condução com a bola próxima do pé, a solução de problemas no espaço curto é muito do futsal", disse.
NÃO SABE O QUE É PRESSÃO - A mudança do futsal para o campo, ou a saída de um clube formativo para o Grêmio, não mudou absolutamente nada nas características ou no comportamento de Gustavo. Por que? Ele não sabe o que é pressão.
Reflexo disso foi que, com apenas 18 anos, começou como titular o primeiro Gre-Nal da temporada e teve atuação destacada. Foi para cima de defensores muito mais experientes, como Fabricio Bustos -que já jogou até na seleção argentina, mas sofreu com suas investidas em velocidade.
"Isso é nato, não se ensina. Tem jogadores que sentem mais, outros sentem menos, mas isso é do jovem. Ele não sentiu o Gre-Nal como não sentia os jogos da base. Jogando Brasileiro, Copa do Brasil, ele tem muita personalidade. Vai para cima, tem um contra um, consegue ganhar disputas. E mesmo com estádio lotado, na casa do rival, não se intimidou, fez o que sempre faz", contou Airton Fagundes, técnico de Gustavo nos times Sub-17 e Sub-20 do Grêmio.
"A gente sempre comentou que ele nunca teve uma percepção do que é um jogo grande. Para ele tanto fazia enfrentar o Corinthians no Parque São Jorge ou qualquer outra camisa menor. Ele nunca se preocupou contra quem é o jogo. Eu acho que ele nem sabe o que é pressão, ele só gosta de jogar bola", acrescentou Marcos Alves.
"Ele tem um extremo talento, e isso é nato, é dele, ninguém o ensinou nada. As pessoas acham que talento se ensina, não se ensina, é dele. O que pode fazer é aperfeiçoar, escutar, e isso é treinando e principalmente jogando. Claro que tem coisas a melhorar, com o acabamento, a finalização, principalmente com a perna esquerda. Mas ele não é só veloz e tem ótimo drible, é vertical, dribla para frente, ele nunca dribla para trás." (Airton Fagundes, técnico da base do Grêmio)
LINHA DE PRODUÇÃO GREMISTA - Com tantos predicados, Gustavo vê seu futuro nos maiores centros do mundo. As grandes atuações pelo Grêmio já ecoam no Velho Continente e atraem observadores interessados em analisar sua evolução.
Tal trajetória não seria novidade no Grêmio. Recentemente, o clube formou, usou e vendeu para Europa jogadores da mesma função, como Pedro Rocha (para o Spartak Moscou em 2017), Tetê (para o Shakhtar Donetsk em 2019), Everton Cebolinha (para o Benfica em 2020) e Pepê (para o Porto em 2021). Além disso, Léo Chu foi vendido ao Seattle Sounders (EUA) em 2021 e Ferreira saiu para o São Paulo neste ano.
A soma das seis vendas levou aos cofres do Tricolor R$ 346 milhões, considerando a cotação atual.
O Gustavinho é a essência do futebol brasileiro, do futebol de rua, do futebol de drible e velocidade, de um para um. Ele é um destemido. Para furar sistemas táticos muito fechados, é necessário esse improviso e isso ele tem de sobra. Na Europa, os campeonatos são muito táticos e este tipo de jogador é essencial.