Quem acompanha o trabalho dos profissionais que compõem a Perícia Oficial de Alagoas,em cenas de crimes ou no interior do instituto, nem imagina todo o conhecimento que muitos deles adquiriram, através de especializações, mestrados e doutorados, para aprimorar técnicas e emitir laudos cada vez mais precisos.
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Procedimentos que misturam técnica, conhecimento científico e aparato tecnológico na busca pela verdade contida em vestígios que indiquem a autoria de delitos tornam-se quase uma arte que precisa de profissionais gabaritados para desempenhá-la com excelência.
Em Alagoas, por exemplo, a perita Lídia Tarchetti Diniz está apta para periciar crimes relacionados à área ambiental, já que possui mestrado em Gestão de Solo e Água e doutorado em Agronomia. Como o setor que investiga crimes ambientais está desativado desde o ano de 2003 por carência de efetivo, Lídia dedica-se atualmente a exames de autenticidade e grafotécnicos, relacionados com o setor da Documentoscopia.
“O grande impasse, no entanto, está no baixo efetivo de peritos criminais que inviabiliza a reativação da Seção de Meio-Ambiente do Instituto de Criminalista de Alagoas, pois caso os profissionais habilitados para atuar em perícia ambiental fossem retirados das equipes que atendem local de morte violenta, patrimônio e acidente de trânsito, haveria sobrecarga e comprometimento de outros atendimentos no decorrer do plantão”, explicou Lídia.
Doutores a serviço da Justiça
Já para o biomédico Marek Henryque Ferreira Ekert, a paixão está ligada aos genes do DNA. Com doutorado em Biologia Aplicada à Saúde e especialização em Perícia Genética Forense ele aguarda a inauguração do novo laboratório DE DNA da Perícia Oficial, para iniciar suas atividades. “Poderei extrair material genético nas cenas de crime e a partir dele identificar possíveis agressores e/ ou vítimas” explicou Marek.
Um dos eixos da pesquisa de doutorado de Marek foi uma abordagem social da genética forense, ou seja, a identificação de vítimas de crimes através do exame de DNA. A pesquisa se destacou pelo fato dos marcadores genéticos estudados por ele identificarem 125 vítimas de crimes, principalmente de homicídio.
Por conta dessa pesquisa, elucidou-se um caso que gerou grande repercussão no estado de Alagoas, no qual foi identificada uma vítima de esquartejamento. “O contexto social atual torna obrigação, por parte do Governo, uma valorização continuada dos profissionais cientistas da Segurança Pública”, opinou ainda o biomédico.
O também perito, doutor Química, Jeiely Gomes Ferreira, é especialista em moléculas orgânicas e estuda suas utilidades tanto no meio ambiente como no combate a alguns tipos de câncer. Jeiely é mais um que dispõe de grande conhecimento a ser utilizado pela Perícia Oficial, principalmente na elucidação de casos que envolvem substâncias químicas e possíveis contaminações.
“De uma forma geral, há uma série de reagentes químicos e também de técnicas de Química analítica que detectam e reconhecem elementos e vestígios, nos diversos locais de crime e em laboratório. Os resultados podem ser utilizados como provas materiais durante o inquérito policial e também no processo penal”, explicou o doutor.
Para o presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais de Alagoas (Sinpoal), Paulo Rogério Ferreira, a entrega de novos laboratórios forenses e a convocação da Reserva Técnica são imprescindíveis para que setores, no momento desativados, possam ampliar ainda mais a atuação dos profissionais que atuam na Perícia Oficial.
“É preciso considerar a importância de investigação em áreas como a de crimes contra o Meio Ambiente, desativada há 14 anos, e que podem impactar diretamente a sociedade”, destacou Paulo Rogério. “Além de reativar antigos setores, também é necessário dar condições de trabalho aos profissionais especialistas que já atuam na Perícia”, acrescentou o presidente do Sinpoal.
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