A polícia interditou uma fábrica de creatina localizada em Jundiaí, no interior de São Paulo, por não possuir licença para produzir suplementos alimentares. De acordo com reportagem exibida pelo programa Fantástico, da TV Globo, a empresa fornecia o produto para a Soldiers Nutrition, de Yuri Silveira de Abreu e Fabiula de Arruda Freire, conhecidos como “rei e rainha da creatina”.
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A legislação brasileira permite variação máxima de até 20% da quantidade de creatina especificada no rótulo. Dessa forma, o produto precisa ter, pelo menos, 80% de pureza.
A pesquisa, lançada em outubro, analisou um total de 88 produtos. Das 18 marcas reprovadas, 10 apresentaram uma variação de 100%, ou seja, continham outras substâncias em vez de creatina. Entre as 10 marcas, cinco pertencem ao mesmo fabricante.
Quais os riscos de consumir creatina adulterada?
Segundo Lorena Lima Amato, endocrinologista e doutora pela Universidade de São Paulo (USP), alguns estudos indicam que substâncias diversas têm sido utilizados para adulterar creatina para baratear o custo do suplemento. É o caso de carboidrato simples, como maltodextrina, dextrose e aminoácidos mais baratos, como glicina, taurina e arginina, além de sais e açúcares artificiais.
“Isso é feito apenas para preencher o volume do suplemento e baratear o custo, entregando um produto mais barato do que se você entregasse uma creatina 100% pura”, explica Amato. “Também existe a possibilidade de adulterar o produto com substâncias estimulantes, que trariam a sensação de energia para o consumidor, como a cafeína“, completa.
No entanto, a adição dessas substâncias para baratear o custo da creatina podem trazer riscos à saúde, de acordo com a endocrinologista. “Os riscos vão depender de cada substância adicionada na creatina. Por exemplo, se foi adicionada dextrose ou algum outro tipo de carboidrato, pode aumentar a glicemia em pessoas com diabetes e em idosos. Se for cafeína, pode aumentar a frequência cardíaca…”, elenca Amato.
Também existe o risco de efeitos colaterais, como alergia, e a consumidor não saber qual é a causa, já que não sabe quais produtos estão presentes na creatina adulterada.
Por isso, é importante ficar atento aos sinais de alerta que podem surgir após o consumo da creatina. “A creatina é um produto que não é para trazer efeitos colaterais no seu consumo, como náusea, diarreia, palpitação, irritabilidade, insônia, gases ou qualquer outra alteração gastrointestinal. O consumo da creatina pura não é para trazer nenhum desses sintomas”, ressalta a endocrinologista.
“Se você passou a consumir a creatina e começou a ter, inclusive, também acne, queda de cabelo, algum desses sintomas diferentes, vale suspeitar que, talvez, aquele produto não esteja sendo o que você acha que é”, completa.
Como saber se a creatina é falsa?
A avaliação precisa para identificar se uma creatina é pura ou adulterada é feita apenas em laboratório. No entanto, algumas dicas caseiras podem ajudar a suspeitar da adulteração do suplemento. Uma delas é a aparência.
“A creatina é branca como açúcar, parece um açúcar refinado. Então, se a creatina que você está usando tem um aspecto grumoso, uma coloração mais amarelada ou mais escura, isso deve chamar atenção para a suspeita de não ser creatina”, orienta Amato.
Outro ponto a ser observado é a diluição. A creatina pura é parcialmente solúvel em água, isso significa que ela não dissolve rapidamente, mas também não forma gotículas ou fica boiando na água. “Se você colocar na água e ficar com esse aspecto, pode ter algum outro componente”, afirma a endocrinologista.
Uma alternativa é adicionar vinagre na água e depois acrescentar a creatina. Se borbulhar, pode ser que haja outros componentes no produto, como bicarbonato de sódio, por exemplo.
Vale lembrar, ainda, que a creatina não tem sabor. Então, ao notar que o suplemento está com sabor doce, por exemplo, pode ter sido adicionado algum tipo de açúcar para aumentar o volume do produto.
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