Um protesto bloqueou a via principal do bairro de Bebedouro, em Maceió, e o trânsito ficou travado no início da manhã desta terça-feira, 16. A população cobra mais segurança no local e celeridade no processo de realocação para moradores que ainda residem nas proximidades das minas da Braskem. Os manifestantes são, em maioria, moradores da Rua Marquês de Abrantes, do Flexal de Cima e do Flexal de Baixo.
Veja o vídeo:
Pneus, troncos de árvore e pedaços de madeira foram colocados atravessados no final da Ladeira Professor Benedito Silva, próximo ao riacho, para impedir a passagem de veículos. Logo depois, os manifestantes atearam fogo. Alguns motociclistas ainda se arriscaram pelas margens da pista e passaram próximos aos pneus incendiados.
(Crédito: Williamis Tavares/TV Pajuçara)
"O pessoal quer realocação e indenização justa. Falta água, há vazamento de água, falta segurança... Um rapaz levou dois tiros ontem na Praça Lucena Maranhão após assalto. Queremos mais segurança também! O pessoal quer mais respeito, é o mínimo", disse Roger, um dos manifestantes, em entrevista à Rádio Pajuçara FM.
"Aqui você não tem nada mais, não tem mini pronto-socorro, não tem escola, para você comprar um pão, você tem que ir para Chã de Bebedouro ou Chã da Jaqueira... Queremos que cheguem o gerenciamento de crises da PM, a prefeitura, o estado, e todas as autoridades para resolverem o problema da gente. Até agora o povo não foi atendido", continuou a reclamar o morador.
(Crédito: Williamis Tavares/TV Pajuçara)
A Polícia Militar está no local e acompanha o ato pacífico. O setor de Gerenciamento de Crises da instituição foi acionado para negociar com os manifestantes a liberação da via.
Os condutores que estão vindo de Chã de Bebedouro estão sendo orientados a optarem por outro trajeto para fugir do congestionamento. Não há previsão de término do protesto.
Veja a nota da Braskem:
A região dos Flexais é constantemente monitorada e, segundo estudos técnicos, não apresenta movimentação de solo associada à subsidência, mas uma situação de ilhamento socioecômico, motivo pelo qual não está incluída no mapa de desocupação definido pela Defesa Civil de Maceió em dezembro de 2020.
Especificamente para a região, há um acordo firmado em outubro de 2022 entre o Município de Maceió, Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Defensoria Pública da União e Braskem que resultou no Projeto Integração Urbana e Desenvolvimento dos Flexais.
São 23 medidas socioeconômicas definidas nesse projeto que vêm sendo implementadas pela Braskem e o Município de Maceió. O detalhamento dessas ações é feito em permanente diálogo com moradores e tem como objetivo reverter a situação de ilhamento socioeconômico nos Flexais. O projeto prevê a requalificação viária, da iluminação pública e da Praça Nossa Senhora da Conceição, além da construção de uma nova Unidade Básica de Saúde (UBS), creche e escola infantil, centro de apoio aos pescadores, centro comercial e espaço para feira livre.
Também no âmbito do Projeto Flexais, o Programa de Apoio Financeiro (PAF) foi colocado à disposição da população local. O pagamento é feito às famílias que moram na região, que possuem comércio ou empresa e também para proprietários de imóveis desocupados nos Flexais. O valor da indenização foi estabelecido após discussões com as autoridades signatárias do acordo e abrange uma parcela única no valor de R$ 25 mil reais, que pode ser acrescida em R$ 5 mil por atividade econômica comprovada, além da possibilidade de apuração de lucros cessantes para comércios formais. O programa prevê um total de 1.776 propostas financeiras e registra a adesão de 99,7% dos moradores da área. Até o final de dezembro de 2023, 1.749 propostas foram apresentadas, das quais, 1.705 pagas. Ao todo, o PAF já pagou R$ 46,9 milhões.
Por fim, a Braskem informa que, além da indenização aos moradores e comerciantes do Flexal, em razão dos impactos decorrentes da situação de ilhamento socioeconômico, efetuou – em novembro de 2022 – o pagamento de R$ 64 milhões ao Município de Maceió para a execução de medidas adicionais na região.
A Braskem respeita o direito de manifestação pacífica.
