Atualizado às 17h49
Em assembleia agitada na tarde desta sexta-feira, 11, na sede da Associação dos Municípios de Alagoas (AMA), prefeitos de cidades alagoanas decidiram fechar as portas das prefeituras a partir da próxima segunda-feira, 14, em protesto contra a redução dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), cuja primeira parcela deste mês sofreu redução de 38% em relação ao mês de setembro do ano passado instalando, segundo o grupo, uma grave crise financeira nas cidades.
A discussão para decidir sobre a paralisação foi ampla. Dos 66 prefeitos presentes na assembleia, vários acenaram a favor da "greve", mas enfrentaram a resistência de gestores contrários à radicalização do protesto. Apesar da paralisação ter sido aprovada pelo grupo, nem todos os gestores vão aderir ao movimento. Após muitas discussão, os prefeitos decidiram que o atendimento médico e os serviços de limpeza urbana das cidades devem ser mantidos, assim como as aulas nas escolas públicas.
Jorge Dantas, prefeito de Pão de Açúcar, era um dos mais agitados. Ele foi um dos que defenderam, além da suspensão temporária da gestão municipal, a paralisação de escolas e a diminuição dos atendimentos médicos, alegando falta de apoio do Governo Federal.
"A situação pede medidas drásticas, então temos que tomá-las. Aletar o Governo Federal e a nossa própria população, que não faz a menor ideia do que as prefeituras estão passando. Estão faltando recursos para podermos honrar nossa folha. Sei que é uma medida impopular, mas é a saída que encontramos", alegou o prefeito, aplaudido por gestores como os de Cajueiro e Messias.
Durante a assembleia, houve também quem preferiu adotar medidas mais cautelosas. Juliana Almeida, prefeita de Mar Vermelho, reforçou o discurso de que a paralisação não iria trazer benefícios à população.
"Precisamos ver outros meios. Nosso problema é com o Governo Federal, e não com o povo. Estaremos prejudicando quem não tem nada com a nossa reivindicação. Penso que parar assim não é o caminho. É como se nós, prefeitos, estivessemos entrando em greve", ponderou, assim como Marcius Beltrão, prefeito de Penedo.
"No meu entendimento, se quisermos atingir o Governo Federal, deveríamos encerrar nossos convênios com eles. Só assim eles iriam sentir os prejuízos, como nós sentimos também. A população não pode ser prejudicada assim.
Maceió e Arapiraca não param
O TNH1 entrou em contato com o secretário de Comunicação de Maceió, Clayton Santos, para falar sobre a decisão dos prefeitos. Segundo ele, por ora, todos os serviços da Prefeitura de Maceió estão mantidos. "O prefeito Rui Palmeira reconhece a extrema dificuldade financeira dos municípios alagoanos e vem adotando medidas austeras para enfrentar a crise que também afeta Maceió. Ele é solidário aos gestores que decidiram pela paralisação, mas, por enquanto, a Prefeitura de Maceió mantém todos os serviços para a população", afirmou Clayton Santos.
Durante a assembleia, a prefeita de Arapiraca, Célia Rocha, afirmou que pensa em adotar outras medidas para contornar a crise, e descartou parar as atividades. "Não podemos aderir. Peço desculpas aos colegas, mas quando nós pensamos nesta reunião, vislumbrávamos um entendimento menos radical. As ações que prevemos não envolvem paralisação".
Além do fechamento das prefeituras, os gestores também estudam manifestações fora das cidades, como o fechamento de rodovias federais.
LEIA MAIS
+Lidas