Práticos e com temas variados, podcasts ganham popularidade com linguagem bem semelhante ao rádio

Publicado em 07/01/2019, às 16h22
Microfone | Pixabay
Microfone | Pixabay

Por Folhapress

Programas parecidos com atrações de rádio disponibilizados na internet, que podem ser ouvidos no celular, estão ganhando espaço e caindo no gosto das pessoas. São os podcasts. Se no começo o alvo eram os ouvintes mais jovens, agora a novidade faz sucesso também entre mais velhos. "O podcast é melhor do que um vídeo do Youtube, por exemplo, porque você pode ouvi lo enquanto faz outras coisas. Eu ouço enquanto estou lavando louça ou levo o meu cachorro para passear", diz o contador Maurício Birochi, 47 anos. Ele começou a ouvir podcasts em 2005. "Hoje, você encontra uma variedade enorme de temas abordados, como ciência comentada de forma acessível e programas sobre música."

Birochi, que faz curso de desenvolvimento de sistemas, também usa o recurso para aprender. Para o designer gráfico Julio Costa, 51 anos, que ouve podcasts há seis anos, a vantagem desse conteúdo é a linguagem fácil e acessível. "Os programas fazem você se sentir dentro daquela conversa. É uma comunicação muito gostosa. Se você ouve um, automaticamente quer conhecer outros", diz. Para especialistas, é esse clima de conversa entre amigos o diferencial da atração. A ABPod (Associação Brasileira de Podcasters) realizou, em parceria com a emissora de rádio CBN, pesquisa com produtores e ouvintes, divulgada em outubro, com 23 mil participantes.

"É notório o crescimento dos podcasts no Brasil. O nome já não é mais bicho de sete cabeças, e as próprias emissoras de rádio citam. Além disso, a popularização do smartphone [celular com acesso à internet] e o surgimento do Google Podcasts [aplicativo de pesquisa no celular para usuários do sistema Android] fazem com que ele esteja cada vez mais acessível", diz Luciano Pires, presidente do ABPod e criador do podcast Café Brasil. "Com sua popularização, as pessoas começarão a usá-lo também para se expressar", completa Thiago Valadares, diretor da Seven Grupo Digital. O jornal Folha de S.Paulo lançou o podcast Café da Manhã, na plataforma Spotify. De segunda a sexta, a partir das 6h, o programa aborda, de forma leve e direta, os assuntos mais relevantes do dia. Também da Folha, o Presidente da Semana conta a história dos presidentes do Brasil.

Linguagem estilo rádio AM é o atrativo

Uma das características dos podcasts é o fato de contarem com apresentadores que conseguem se comunicar bem com os ouvintes, em uma linguagem que se assemelha à utilizada nas rádios AM. Isso não impede esse conteúdo de interessar também às gerações mais jovens, que nasceram após a era de popularidade da rádio. A produtora cultural Juliana Periscinotto, 29 anos, acompanha podcasts há dois anos, com e tem preferência pelos que são feitos em formato de bate-papo, como o Livre Podcast, que trata de variados temas, e o Escuta que É Bom, voltado à música brasileira. "A facilidade de acesso é uma grande vantagem, já que a maioria pode ser encontrada em serviços de compartilhamento de áudios, como o Spotify. Dá para baixar ou ouvir online em qualquer lugar." A praticidade também atrai o designer gráfico Wellington Petit, 27 anos: "É uma linguagem que flui bem para quem quer absorver um conteúdo sem se preocupar em estar perdendo algo visual." (LV)

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Produção é marcada por doações e caráter amador

A profissionalização para quem produz os podcasts ainda é um assunto complicado. Kelly Stein, por exemplo, que comanda o Coffea (que fala sobre o universo do café), dedica-se somente a esse trabalho, que tem como recursos doações dos ouvintes. Bem em um estilo de um canal de rádio amador. "Eu consigo dinheiro cobrando cachês em eventos e por meio de contratos estabelecidos com feiras. Além disso, nós vamos entrar para o Padrim [plataforma na internet de financiamento coletivo]", afirma Kelly. Apaixonada pelo assunto café, ela ainda aborda em seu programa outros temas, como movimentos feministas dentro da agricultura cafeeira. "O café é somente uma desculpa para a gente fazer uma revolução. Há uma série de aspectos que podem ser abordados a partir daí", complementa. Já o Ultrageek, que trata do mundo popular, é um exemplo pioneiro de podcast produzido de forma profissional, que já se sustenta por patrocínios há sete anos. "Abrimos as portas para mostrar o nosso conteúdo para as marcas e estamos atentos aos seus lançamentos, em especial na área de tecnologia", explica um dos sócios, Maury Menezes. (LV)

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Maternidade é tema de destaque

Produzido por Martha Lopes e Marcella Chartier e realizado ainda de forma amadora, o podcast Mãezonas da P... trata dos mais variados temas que podem fazer parte da vida de uma mãe. "Somos amigas há bastante tempo e sempre conversamos sobre a maternidade. Vimos que as mães, por conta das suas tarefas, precisam receber um conteúdo prático, o que o podcast pode fazer. Elas conseguem ouvir um programa enquanto amamentam, por exemplo", detalha Martha. E também ressalta a proximidade com o ouvinte que o podcast gera. "Nós falamos de tudo e isso gera um contato mais afetivo com os nossos ouvintes", complementa. As duas também aproveitam para aprender: Martha tem filhos de oito e dois anos. Já Marcella possui uma filha de um ano e um menino de seis. (LV)

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