Por que muita gente está trocando o WhatsApp pelo Telegram

Publicado em 25/01/2021, às 15h01
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Por TNH1 com A Gazeta

O que as redes sociais sabem sobre mim? Nos últimos tempos, muita gente pode ter se questionado sobre isso, principalmente depois que o WhatsApp anunciou mudanças que preveem o compartilhamento obrigatório de informações pessoais dos usuários do aplicativo de mensagens com o Facebook. Pelas novas regras, o usuário aceita compartilhar as informações com o Facebook ou não terá direito de continuar a usar o WhatsApp. As mudanças passam a valer a partir do dia 8 de fevereiro.

Achou tudo isso uma invasão de privacidade? Pretende convencer amigos e familiares a migrarem para outro aplicativo de mensagens? Para ajudar você a entender o que está por trás da migração de usuários do WhatsApp para o Telegram (baixe AQUI para conhecer o app) , conversamos com o especialista em Tecnologia e Segurança da Informação, Gilberto Sudré, e listamos algumas informações importantes.

  1. Vou ter que compartilhar tudo com o Facebook?

    Nem tudo, mas muita coisa. Se a sua preocupação é perder a privacidade no que diz respeito às conversas com os seus contatos, calma. "O WhatsApp não vai compartilhar as suas mensagens, elas continuam criptografas dentro do celular. Mas vai compartilhar o número do celular, o uso do telefone, como quanto tempo você fica no App, seu status, IP, dados da sua atividade no App, quando você está on-line, quem são as pessoas para quem você manda e recebe mensagens, marca e modelo do telefone, e foto do perfil", explica Sudré.

  2. Política de Privacidade começou em 2016

    Embora muita gente tenha se assustado com as mudanças, não há nada de muito novo nesse novo modelo que será adotado pelo WhatsApp. A política de privacidade com o compartilhamento de informações entre o App de mensagens e o Facebook existe desde 2016. Segundo Gilberto Sudré, o que muda é que agora as empresas são obrigadas pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), criada em 2018, a pedir o consentimento do usuário antes de colocar as novas regras em vigor.  "É mais do mesmo, apesar do susto das pessoas. O termo de uso do WhatsApp é uma coisa que já está acontecendo desde 2016 com a política de privacidade do Facebook, deixando claro que vai compartilhar algumas informações do usuário. São informações que já estavam sendo compartilhadas, não tem muita novidade. Só quem em 2016 a lei não existia, então não precisaram pedir o nosso consentimento. Agora a LGPD obriga as empresas a pedirem autorização", esclarece.        

  3. Mudança não vale para os EUA e países da Europa

    As novas regras no compartilhamento de informações entre as duas redes sociais não vai atingir os EUA, nem os países da União Europeia. "Lá fora as leis são muito rígidas. Eles estão sendo cobrados por isso e os países impediram que o Facebook fizessem isso. Aqui temos uma legislação que está no começo, por isso se sentiram à vontade de usar isso aqui. Suspender a conta do usuário, caso ele não aceite as mudanças, fere a legislação. Pela LGPD, o usuário é livre para aceitar ou não aquela nova situação, e continuar tendo direito de usar o aplicativo", afirma o especialista.

  4. Usuário compartilha mais de 40 informações com o Facebook

    Segundo Sudré, os usuários de WhatsApp e Facebook já compartilham muitas informações pessoais com esses aplicativos. "No WhatsApp a lista do que ele coleta é imensa. Localização, e-mail, lista de compras dentro aplicativo, são 16 informações diferentes. É bastante coisa. O Facebook tem mais de 40 informações do usuário", comenta.

  5. "Eles não querem é que você saia do Facebook"

    Na opinião de Gilberto Sudré, essas mudanças têm como objetivo fortalecer o Facebook. Obrigar o usuário do WhatsApp a compartilhar informações com o Facebook é uma forma de deixar a rede social cada vez mais próxima dos seus interesses e, assim, evitar que você abandone o Facebook. "Quando você compartilha tudo com o Facebook, facilita para eles montarem a sua rede de contato. Se você conversa com alguém no WhatsApp, mas não é amigo dessa pessoa no Facebook, talvez o Facebook sugira a você essa amizade. Ou se o seu amigo gosta muito de um certo assunto, pode ser que você goste também, e a rede social vai sugerir para você. Eles não querem que você saia do Facebook. Tudo isso é para manter você na rede social", opina. 

  6. Telegram e Signal são opções menos invasivas

    Para quem não quer tanta invasão de privacidade, há outros caminhos. Para celulares dos modelos Android e iOS, o Telegram e o Signal são boas opções. "Privacidade você tem ou você não tem. O Telegram só coleta do usuário as informações de contatos e a lista de contatos dele no Telegram. O Signal é o app que eu indico para quem quer preservar a privacidade. O Signal não coleta nada, nenhuma informação do usuário", defende Sudré.

  7. Avalie se a troca vale a penaCom dois aplicativos - Telegram e Signal - que podem substituir o WhatsApp com menor invasão de privacidade, pode ser que você avalie a troca como vantajosa. Mas antes de fazer a substituição de um aplicativo por outro é preciso verificar se usar o Telegram ou o Signal também está nos planos dos seus contatos. "O Telegram tem uma interface simples, é fácil de mexer. Já o Signal não tem uma interface tão fácil. Precisa baixar os aplicativos, mexer, ver como funciona e depois convencer os amigos, as tias, as vovós,  grupo da família a baixar o App novo e migrar para lá. Dá um trabalhinho, exige um pouco de tempo, mas pode valer a pena", conclui o especialista.

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