Com a crescente popularização das bebidas energéticas, impulsionada por longas jornadas de trabalho, rotina intensa de estudos e busca por maior desempenho físico e mental, surgem questionamentos sobre seus impactos na saúde.
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De acordo com o médico Dr. Djairo Araújo, com atuação na área de Nutrologia e Medicina Esportiva, o consumo frequente de energéticos pode representar riscos significativos para o coração, o sistema nervoso e a saúde mental, especialmente quando ingeridos em excesso ou combinados com álcool.
Energéticos e a Saúde do Coração: um alerta necessário
Os energéticos contêm altas doses de cafeína e outros estimulantes, como taurina e guaraná, que podem elevar a frequência cardíaca e a pressão arterial. O consumo excessivo dessas bebidas pode sobrecarregar o coração, favorecendo arritmias, hipertensão e, em casos extremos, eventos cardiovasculares graves, como infartos e AVCs.
Estudos apontam que uma única lata de energético pode acelerar os batimentos cardíacos de forma significativa, independentemente de fatores como sedentarismo ou histórico de doenças.
Além disso, a combinação com álcool potencializa os riscos, pois o efeito estimulante da bebida pode mascarar os sinais da intoxicação alcóolica, aumentando a vulnerabilidade a problemas cardiovasculares.
Para pessoas com predisposição a doenças cardíacas, hipertensão e arritmias, a recomendação médica é evitar energéticos, pois o consumo frequente pode desregular ainda mais o funcionamento do coração.
Saúde Mental e Sistema Nervoso: o perigo silencioso
O impacto das bebidas energéticas não se restringe ao sistema cardiovascular. O excesso de cafeína e outros estimulantes pode desencadear efeitos negativos no sistema nervoso central, como ansiedade, insônia, tremores e crises de pânico.
Pesquisas científicas apontam que o consumo frequente de energéticos pode aumentar a incidência de sintomas depressivos, pensamentos suicidas e transtornos psiquiátricos, como o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade). Além disso, estudos indicam que jovens de até 21 anos que ingerem energéticos regularmente têm maior propensão a comportamentos de risco, como tabagismo e consumo excessivo de álcool.
"O alto teor de cafeína presente nessas bebidas é muito superior ao de um café expresso comum, e seu consumo excessivo pode levar a um estado de hiperatividade constante, dificultando o relaxamento do sistema nervoso e comprometendo o sono", explica Dr. Djairo Araújo.
A privação do sono, por sua vez, desencadeia um efeito dominó sobre a saúde mental e física, resultando em menor desempenho cognitivo, maior risco de irritabilidade e fadiga crônica.
A Ciência e os Limites Seguros: existe uma quantidade segura?
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda que o consumo diário de cafeína por um adulto não ultrapasse 400 mg, quantidade que pode ser facilmente ultrapassada com poucas latas de energéticos. Alguns produtos disponíveis no mercado chegam a conter 300 mg de cafeína por litro, o que representa um alerta importante para consumidores desavisados.
Na União Europeia, bebidas que possuem mais de 150 mg de cafeína por litro são obrigadas a trazer no rótulo o aviso de alto teor de cafeína, não recomendado para crianças, gestantes e lactantes.
"Não existe uma quantidade universalmente segura para o consumo de energéticos, pois cada organismo reage de forma diferente aos estimulantes. O ideal é que as pessoas fiquem atentas aos sinais do corpo e priorizem fontes naturais de energia, como alimentação equilibrada, sono de qualidade e a prática de exercícios físicos", orienta Dr. Djairo Araújo.
Por fim, é importante lembrar que o consumo de bebidas energéticas pode trazer benefícios temporários, como aumento do foco e da disposição. No entanto, os riscos associados ao uso excessivo não podem ser ignorados.
Os impactos no coração, no sistema nervoso e na saúde mental tornam fundamental a moderação no consumo e a busca por alternativas naturais para manter energia e desempenho ao longo do dia.
Para aqueles que precisam de um estímulo extra, o médico recomenda estratégias mais seguras, como uma alimentação rica em nutrientes, hidratação adequada e hábitos saudáveis que promovam a vitalidade de forma equilibrada.
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