Em desdobramento na primeira fase da operação 'Game Over', a Polícia Civil de Alagoas divulgou, na tarde desta segunda-feira, 17, áudios interceptados de influenciadores de Alagoas (ouça abaixo) que são alvos na investigação sobre o ‘Fortune Tiger’, mais conhecido como ‘Jogo do Tigrinho’.
Cinco áudios foram publicados pela Polícia Civil. Os 'influencers' recomendam que pessoas gravem vídeos para o Instagram, forjando que estavam jogando e faturando no 'Jogo do Tigrinho'. Segundo a Polícia Civil, cada influenciador que fecha um acordo de publicidade com a plataforma recebe uma ‘conta demo’, que serve para simular os ganhos reais e “provar” a veracidade das apostas. As imagens divulgadas mostram a jogatina rendendo muito dinheiro ao jogador. Durante a investigação, a polícia teve acesso a uma conta de teste. Sem realizar nenhum depósito, após apenas algumas rodadas o saldo nesta conta já era de mais de R$158 mil. No entanto, não era possível sacar o valor.
Ouça abaixo:
ÁUDIO 1: "Diz pro chinês que eu vou postar à tarde, viu?! Ele vai ser a primeira casa que eu vou postar. Me manda a conta Demo. Agora de manhã estou resolvendo umas coisas, só vou ficar livre depois das 3h".
ÁUDIO 2: "Vou fazer essas planilhas ainda hoje. Vou enviar para você. Se for possível, coloque um lembrete no seu celular, entendeu? Assim que eu enviar a planilha, você já bota um lembrete, porque é muita coisa, a pessoa acaba esquecendo, eu sei como é isso, entendeu? Se for possível, coloque um despertador para você, quando despertar, se atentar que tem que fazer a divulgação. Queira ou não queira, você tem que fazer suas postagens orgânicas. Está certíssimo, o Instagram precisa disso. Mas como agora você entrou nos jogos, nos slots, o que você vai fazer: vai ou não vai, faz um vídeo jogando. O ideal é que seja alguém que faça você jogando e lhe marque, entendeu? "Oxe, eu tô faturando aqui, tô jogando". Entendeu? Para poder também motivar as pessoas de poder clicar no seu link e jogar também".
ÁUDIO 3: "E quando for fazer os stories sobre os joguinhos, animação, viu? Bem feliz, bem animado, tipo assim: "Estou ganhando, estou faturando". Infelizmente, amiga, é isso que as pessoas querem para poder clicar no link, viu? Arrebente aí".
ÁUDIO 4: "Esses rendimentos são de jogos e plataformas, que são contratos informais. Os gerentes das empresas falam com a gente pelo Whatsapp e contratam de forma informal, e dos sorteios. Porém, tenho um amigo que pode ajudar com isso, ele tem uma empresa de colchão. Eu também tenho uma empresa de cosméticos".
ÁUDIO 5: "Vou me vender, o valor é R$ 80 mil por cinco dias com o link deles. Não quero pegar comissão, porque estou pegando as comissões e, ao invés de sacar, vou jogar e perco. Pego meu dinheiro e boto, aí perco de novo, fico frustrada e com crise de ansiedade. Então, o que eu quero? Não quero ter vínculo e nem abrir conta. Não quero nem abrir conta. Está me causando muita ansiedade abrir conta. Tive que fazer isso. Estou cobrando 80 cinco dias, não posto uma semana de jeito nenhum. Esse número sete me dá uma dor de cabeça, fico transtornada, não vou ficar refém de uma plataforma por sete dias, é muito tempo. Então, 80 por cinco dias com o link deles. Eles me dão a conta Demo, peço para a menina jogar. Não estou nem querendo jogar negócio de jogo, tive um prejuízo essa semana... Só Jesus para ter piedade de mim. Eu quero isso, entendeu? Se for fechar, fecho assim. Não baixo um centavo, quero 80 mil. Pode me vender por 100, eu quero 80, entendeu?".
O delegado Lucimério Campos detalhou que 12 pessoas são alvos da investigação nesse primeiro momento, mas que o número de nomes presentes na apuração geral chega a 40. Mais de R$ 38 milhões em bens foram apreendidos pelas autoridades desde sexta-feira, 14. As investigações tiveram início há oito meses. De acordo com o delegado, os influenciadores estariam cometendo o crime de estelionato ao divulgar o ‘Jogo do Tigrinho’ para seus seguidores. Uma mulher relatou que o neto dela se endividou e a família precisou vencer até a casa para tentar quitar as dívidas.
