Píton de mais de 4m é flagrada engolindo veado inteiro em parque nos EUA; veja imagens

Publicado em 24/10/2024, às 15h46
Foto: Reprodução/Ian Bartoszek, Conservancy of Southwest Florida
Foto: Reprodução/Ian Bartoszek, Conservancy of Southwest Florida

Por Revista Galileu

Uma píton birmanesa (Python bivittatus), de 4,5 m de comprimento e 52 kg, foi flagrada por pesquisadores enquanto engolia por inteiro um cariacu (Odocoileus virginianus), um tipo de cervo. O registro, feito no Parque Nacional Everglades, na Flórida (EUA), impressionou os especialistas por colocar à prova a capacidade de abertura máxima da boca das serpentes.

“Parecia que estávamos literalmente pegando um serial killer com as mãos na massa”, descreve o biólogo Ian Bartoszek, ao portal Live Science. “Foi a visão mais intensa e impressionante que observamos em 12 anos rastreando pítons no sudoeste da Flórida”. Estima-se que o cervo pesava aproximadamente 35 quilos - quase dois terços do peso total da cobra.

A espécie não é nativa de Everglades, e provavelmente foi introduzida no final do século 20, com seu primeiro registro oficial em 1979. Segundo os cientistas, já na década de 1990, esses répteis assumiram uma posição de topo de cadeia alimentar, banqueteando-se a rodo, sem predadores naturais para controlar sua população.

Sabe-se que as pítons birmanesas comem veados e até jacarés, mas encontrar tais predadores em ação é desafiador, o que limita o quanto os cientistas sabem sobre como se dá o processo de caça e consumo das presas. Por isso, a importância deste flagra recente.

Abertura máxima da boca das pítons

Diferentemente dos seres humanos, as cobras não mastigam os seus alimentos antes de engoli-los. Suas mandíbulas flexíveis permitem com que elas engulam suas presas por inteiro, sem a necessidade de triturar ou cortar sua comida em pedaços. As pítons birmanesas, em específico, ainda possuem mandíbulas não fundidas ao crânio, o que permite que elas se estiquem muito mais do que outras espécies.

Anteriormente, pensava-se que o tamanho máximo de abertura de boca de uma píton birmanesa era de cerca de 22 cm. No entanto, a partir do encontro com o exemplar em Everglades, bem como com outras duas serpentes da mesma espécie, os pesquisadores perceberam que esse número precisaria ser revisado.

Em artigo publicado no final de agosto dentro da revista científica Reptiles & Amphibians, a equipe chegou à conclusão de que as pítons tinham uma abertura máxima de impressionantes 26c m. Na prática, isso significa que a cobra cujas imagens foram capturadas em Everglades estava abrindo “apenas” 93% de sua boca (algo por volta de 24 cm). Ou seja, se quisesse, ela poderia engolir um animal ainda maior do que o cariacu.

Ameaça aos ecossistemas

Embora o tamanho atual de população seja desconhecido, estima-se que haja centenas de milhares de serpentes espalhadas na Flórida, as quais têm afetado duramente - e, em alguns casos, dizimado - os ecossistemas locais.

A cobra comedora de veados foi localizada com a ajuda de uma píton macho chamada Ronin. Equipado com um dispositivo de rastreamento, o “agente inflitrado” leva os pesquisadores até as fêmeas durante a temporada de reprodução. Como cada fêmea capaz de produzir dezenas de ovos a cada temporada, removê-las da natureza é uma forma de controlar a população, sem a necessidade de predadores naturais.

“Todas as pítons que removemos são sacrificadas por humanos”, explica Bartoszek. “Temos muito respeito pela píton birmanesa, e se elas estão aqui não é por sua culpa. No entanto, entendemos o impacto que elas estão tendo na vida selvagem nativa e, por isso, não podemos apenas ficar parados”.

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